Plataforma Ambiental 2024

Plataforma Ambiental 2024

Plataforma Ambiental 2024

As eleições municipais se aproximam e, num cenário de mudanças climáticas com consequências cada vez mais intensas nas cidades e comunidades, é preciso o compromisso das candidaturas em pautar iniciativas socioambientais em seus planos de trabalho, tanto nas prefeituras quanto no legislativo municipal. Este é o momento de ouvir as propostas e cobrar das candidatas e candidatos compromissos para priorizar a conservação e a restauração do meio ambiente, bem como buscar a mitigação e adaptação aos efeitos de eventos climáticos extremos, que ameaçam as pessoas e todas as formas de vida.

A emergência climática, embora ameace, também representa grande chance para as lideranças atuarem de forma exemplar pelo desenvolvimento sustentável e na implementação de soluções pioneiras para a resiliência e adaptação dos municípios, buscando a intersecção com a justiça climática; a geração de empregos; o planejamento sustentável das cidades e a promoção de ações afirmativas e o combate às injustiças históricas, como o racismo e a desigualdade de gênero.

Muito precisa ser feito para que as cidades estejam preparadas para o novo cenário global, onde o desenvolvimento, proteção do meio ambiente e segurança das pessoas e proteção da vida se constroem em conjunto. Nesse sentido, a  Apremavi apresenta as seguintes metas como prioridades para planos de ação política em nível municipal:

1. Combater as crises hídrica, climática e de biodiversidade através de projetos de restauração ecológica nas áreas rurais e urbanas, conservação da biodiversidade,  elaboração do Plano de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica do município e planejamento territorial com base no Código Florestal e na Lei da Mata Atlântica;

2. Proteger os remanescentes florestais das cidades, através da criação de Unidades de Conservação públicas municipais e incentivo à criação de Reservas do Patrimônio Natural Particulares (RPPNs);

3. Realizar o planejamento territorial no município, especialmente nas áreas de risco, com vistas a prevenir riscos, promover adaptação e mitigar os efeitos das enxurradas, enchentes e deslizamentos;

4. Fortalecer as secretarias de Meio Ambiente e a Defesa Civil municipal, para uma atuação efetiva e constante pela proteção dos recursos naturais nos municípios e preparação para o enfrentamento de eventos climáticos extremos;

5. Empreender projetos de educação ambiental na rede municipal de ensino, buscando a educação climática e formação de uma geração de cidadãos preocupados e atuantes no desenvolvimento sustentável das cidades, além de apoiar iniciativas em nível local desenvolvidas por escolas, grupos e coletivos ou Organizações da Sociedade Civil;

6. Respeitar a Democracia, os Direitos Humanos e a equidade de gênero, bem como combater a todas as formas de discriminação. 

A Apremavi cobra compromissos verdadeiros das candidatas e candidatos para com a democracia e as instituições do Estado,  o meio ambiente e a biodiversidade, conforme prevê a sua Carta de Princípios. Sem democracia plena, independência entre os Poderes, atuação efetiva das instituições e confiança da sociedade no Estado brasileiro não será possível avançar no desenvolvimento sustentável e na promoção de justiça climática.

Além da Plataforma Ambiental, candidaturas podem se comprometer com um futuro sustentável através da plataforma Vote Pelo Clima, iniciativa nacional co-liderada pelas organizações NOSSAS e Clima de Eleição e apoiada pela Apremavi, que elenca como compromissos aos candidatos a construção de políticas sociais de apoio às populações atingidas por eventos climáticos extremos; transição climática com justiça social, racial e de gênero; proteção ambiental e dos recursos naturais; incentivo à participação popular e ao engajamento da juventude; investimentos em pesquisa e inovação para enfrentar a crise climática e a valorização dos saberes tradicionais e tecnologias sociais na busca de soluções. Outra iniciativa recomendada pela Apremavi é a Plataforma Ambiental da Frente Parlamentar Ambientalista do Congresso Nacional. 



Mostre seu compromisso com o futuro:
Sobre a Apremavi

A Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi) tem como missão a defesa, preservação e recuperação do meio ambiente e dos valores culturais, buscando a qualidade de vida na Mata Atlântica e em outros Biomas. As principais ações da instituição estão relacionadas com o aprimoramento das políticas públicas, o combate às mudanças climáticas, a produção de mudas nativas da Mata Atlântica, a restauração de áreas degradadas e matas ciliares, o enriquecimento de florestas secundárias, educação ambiental e capacitação, advocacy e defesa da legislação ambiental, a produção e divulgação de materiais sobre meio ambiente, denúncias de agressões ambientais, a construção de parcerias de sucesso e a oportunização de intercâmbios com diferentes regiões, estados e países.

A Apremavi é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), sem fins lucrativos, que não distribui quaisquer dividendos ou resultados a seus associados ou dirigentes, investindo todos os recursos gerados na conservação e restauração do meio ambiente, sempre procurando melhorar a qualidade de vida da população, respeitando os limites da natureza e dos recursos naturais. A instituição sempre priorizou o diálogo como estratégia para solucionar conflitos e firmar parcerias, tendo realizado inúmeras ações com prefeituras municipais. A Plataforma Ambiental para as eleições é uma iniciativa recorrente, iniciada em 2012, que busca auxiliar as candidaturas em evidenciar os compromissos com a área socioambiental, bem como implementar iniciativas no setor, quando eleitas.

Apremavi participa da celebração de 30 anos do FSC Internacional

Apremavi participa da celebração de 30 anos do FSC Internacional

Apremavi participa da celebração de 30 anos do FSC Internacional

Há 30 anos, a missão do FSC (Forest Stewardship Council®) no mundo é promover o manejo florestal responsável. É através de um sistema de certificação que incorpora, de forma igualitária, as perspectivas de grupos sociais, ambientais e econômicos, que são atestadas as boas práticas desse processo produtivo. 

No Brasil, o FSC foi oficialmente estabelecido em 2002 e desde então a Apremavi acompanha as discussões e ajuda a propor critérios e princípios para a certificação, integrando o sistema de governança da rede, sobretudo a câmara ambiental.

Para celebrar as três décadas de existência e os mais de 160 milhões de hectares de florestas certificados até aqui, o FSC Brasil, no âmbito do seu encontro nacional, organizou um dia para celebrar o que foi feito até aqui e inspirar as próximas décadas de ação.

A membresia brasileira se reuniu no AYA Earth Partners, em São Paulo, e desfrutou de sessões temáticas e paineis sobre serviços ecossistêmicos, European Deforestation Regulation implementation (EUDR), remediação, entre outros assuntos. Além de visitar uma exposição de produtos certificados e usufruir de um coquetel, onde histórias foram compartilhadas reforçando o espírito de comunidade que é tão característico do FSC.

Registro das sessões temáticas durante o encontro. Foto: Carolina Schäffer. 

Encontro do FSC Brasil

Nos dias 20, 21 e 22 de agosto de 2024, em São Paulo, aconteceu a Assembleia Geral de membros do FSC Brasil, instância máxima de tomada de decisão do sistema FSC. O encontro promoveu diálogos entre os diferentes atores que compõem a rede e foi um momento para tomada de decisões estratégicas e discussão sobre os desafios futuros.

Registro da  Assembleia Geral de membros do FSC Brasil 2024. Fotos: Carolina Schäffer FSC Brasil.

“Compor a rede FSC é um responsabilidade enorme, porque lá podemos ajudar a promover o diálogo e a troca de informações entre os membros e buscar soluções para a conservação das florestas e o manejo sustentável, primordiais para o enfrentamento da crise climática e a manutenção da biodiversidade nos biomas terrestres”, comenta Carolina Schäffer, vice-presidente da Apremavi e representante da instituição na rede.

Além das reuniões do conselho diretor (CD), do conselho fiscal (CF) e dos comitês de resolução de conflitos (CRC) e de desenvolvimento de padrões (CDP), também foram realizadas reuniões intra e intercâmaras que oportunizam discussões transversais entre os representantes das diferentes câmaras (social, ambiental e econômica) para identificar sinergias e áreas de cooperação e formular propostas que vão guiar as próximas meses de trabalho do FSC no Brasil.

Na Assembleia Geral, foram deliberados temas centrais para o funcionamento do FSC, aprovadas as contas do último ano e eleitos os novos representantes dos conselhos e comitês. Além disso, foram escolhidos os primeiros integrantes do comitê de ética do FSC Brasil, tendo sido a Apremavi escolhida para representar a câmara ambiental.

O encontro foi encerrado com a participação do Diretor Geral do FSC Internacional, Kim Carstensen, que após 12 anos está concluindo seu mandato à frente do FSC. “O Brasil tem uma forte presença no sistema FSC, sendo o país com um dos maiores grupos de membros. Vocês já contribuíram muito até aqui, mas vamos precisar fazer mais para continuar impulsionando mudanças significativas no manejo florestal responsável”, comentou Kim.

 

Autora: Carolina Schäffer com informações do FSC Brasil
Revisão: Thamara Santos de Almeida
Foto de capa: Carolina Schäffer

Klabin e Apremavi apresentam o Programa Matas Sociais na 25ª Festa do Colono de Imbaú

Klabin e Apremavi apresentam o Programa Matas Sociais na 25ª Festa do Colono de Imbaú

Klabin e Apremavi apresentam o Programa Matas Sociais na 25ª Festa do Colono de Imbaú

No dia 25 de julho, o Programa Matas Sociais, criado em parceria entre Klabin, Apremavi e Sebrae, esteve presente na 25° edição da Festa do Colono em Imbaú (PR). A tradicional celebração ocorreu na comunidade rural Charqueada de Baixo, com intuito de incentivar e fortalecer a agricultura familiar local e da região.

O evento contou com representantes das secretarias municipais, além de representantes  da Apremavi, Instituto Desenvolvimento Rural (IDR), Klabin e Sicredi, que desenvolvem iniciativas de fortalecimento da agricultura familiar. O secretário da agricultura do município,  Juscelino Couto Ribeiro, ressaltou a importância de parcerias para o desenvolvimento da agricultura no município: “São com parcerias que fortalecemos e conseguimos trazer o desenvolvimento sustentável para o nosso município e para os nossos agricultores“.  

O Matas Sociais apresentou a atuação do programa nessa região e promoveu a doação de 600 mudas de espécies nativas em seu estande. Cereja, pitanga, pinheiro-bravo, ipê, canela-sassafrás, coqueiro- jerivá e outras espécies da Mata Atlântica foram distribuídas para plantio nas propriedades, proporcionando a implantação de bosques, pomares de espécies frutíferas e ornamentais, melhorando a qualidade de vida do produtor no campo e contribuindo para conservação da fauna e flora local. Além da doação de mudas nativas, a equipe realizou a entrega  de cartilhas e folders que ilustram os trabalhos desenvolvidos pelo programa. 

Os representantes do Matas Sociais orientaram os produtores sobre questões ambientais legais em suas propriedades rurais, orientando sobre a importância das Áreas de Preservação Permanente, a importância da preservação e proteção da água e as consequências da emergência climática para a agricultura. A comunidade também pode receber orientações sobre as ações para a adequação ambiental das propriedades rurais, implantação de corredores ecológicos e o fortalecimento da agricultura familiar.

Registros do stand do Matas Sociais na 25ª Festa do Colono de Imbaú. Fotos: Marcos José dos Santos. 

Autores: Marcos José dos Santos e Emílio André Ribas
Revisão: Cecilia de Moura Santos (Klabin) e Vitor Lauro Zanelatto (Apremavi).

Estudo evidencia a atuação não violenta da sociedade civil

Estudo evidencia a atuação não violenta da sociedade civil

Estudo evidencia a atuação não violenta da sociedade civil

Concebido pela Escola de Ativismo, o Estudo “Não violência, princípios e práticas políticas da sociedade civil brasileira”, evidencia a visão e atuação da sociedade civil no combate aos diferentes tipos de violência. 

A pesquisa foi planejada e executada entre os anos de 2021 e 2023, tendo ouvido 137 organizações da sociedade civil – incluindo a Apremavi –  das mais diversas áreas de atuação e com presença em todas as regiões do país. Os resultados foram reunidos em uma publicação, que documenta diferentes interpretações do conceito de violência, como os tipos de violência que as organizações combatem, as formas como as OSCs reagem às violências sofridas e as diferentes noções e representações da ideia de não violência.

“53,3% das OSCs apontam “violência de gênero”, bem como 34,3% apontam  ‘racismo e violência contra a população negra’. As pautas de gênero e raça estão também incorporadas quando se examina as práticas de equidade implementadas pelas OSCs e, junto com ‘respeito à natureza e justiça socioambiental’, também estão presentes no rol de valores e princípios das organizações. Embora em menor proporção, verifica-se o mesmo fenômeno quanto à luta por direitos LGBTQIAPN+”
(Estudo “Não violência, princípios e práticas políticas da sociedade civil brasileira”, p. 195).

 

Gráfico sobre as violências praticadas contra as OSCs. Figura: adaptada do estudo “Não violência, princípios e práticas políticas da sociedade civil brasileira”.

Além disso, foram documentadas e analisadas as práticas das organizações em face do par violência/não violência,  o posicionamento das OSCs diante de práticas mais ou menos “agressivas” e a não violência e o desafio do enfrentamento ao autoritarismo e à extrema-direita no Brasil. Já o último dos sete capítulos da publicação apresenta reflexões a partir do estudo, como a  interseccionalidade de causas, a relevância política do debate sobre não violência e o combate da violência.

 

Confira algumas conclusões do estudo: 

As OSCs brasileiras são não violentas – As organizações da sociedade civil brasileiras se entendem como não violentas. Do total de OSCs, 87,6% concordam em ser vistas como não violentas.

As OSCs brasileiras praticam a não violência – 73,7% das OSCs afirmam que suas práticas podem ser consideradas “totalmente” não violentas; outras 22,6%, que podem ser consideradas pelo menos “em parte” não violentas.

OSCs desaprovam táticas violentas – A tendência das OSCs é recusar as ações que podem ser lidas e enquadradas como violentas. O nível de aprovação (e adoção) de ações ou táticas de ação vai diminuindo à medida que percepção de violência associada a elas vai aumentando: quanto menos “violentas”, mais aprovação e aceitação; quanto mais “violentas”, menos aprovação e menos aceitação.

Rejeição da não violência – O Estudo registra que 6,6% das OSCs rejeitam a não violência.

OSCs atuam contra a violência – Todas as organizações e movimentos entrevistados, com apenas uma exceção, atuam contra a violência.

As organizações também sofrem violência – As OSCs não só precisam combater a violência como também são obrigadas a reagir e se defender da violência. Mais de 75% das organizações já sofreram algum tipo de violência em decorrência da sua atuação. As OSCs enfrentam e combatem a violência sofrida com práticas que não são violentas.

As duas perspectivas de não violência – Há duas perspectivas diferentes da noção e da prática da não violência entre as organizações da sociedade civil brasileira:
1. uma perspectiva empática/conciliatória – que se baseia na escuta, no diálogo e na resolução de conflitos pela via da produção de acordos; e
2. uma perspectiva pragmática/antagonista – que se orienta pela consecução dos objetivos políticos e enfrentamento dos conflitos, ainda que na impossibilidade do acordo ou na condição crítica do impasse.

A hipótese que deu origem ao estudo parece comprovada: as organizações da sociedade civil (OSCs) brasileiras se entendem como não violentas. Mas o Estudo, de caráter inédito no Brasil, aponta muitas outras questões relevantes para o ativismo brasileiro. Segundo Miriam Prochnow, os resultados mostram que a cultura da não violência é muito importante para as organizações e que elas entendem que conseguem desenvolver suas atividades dessa forma, mesmo convivendo em ambientes que muitas vezes não são nada harmoniosos: “o ativismo praticado com humor e às vezes com escracho traz resultados bem interessantes e em tempos de emergência climática essa talvez seja uma das formas mais eficientes de conscientização” complementa Miriam, que também representa a Apremavi junto a redes como o Observatório do Clima, a Rede de ONGs da Mata Atlântica e o Observatório do Código Florestal, que tem utilizado esse tipo de comunicação.

Por outro lado, o diálogo e busca pela construção de consenso também sempre foi uma estratégia utilizada pela Apremavi para promover soluções e atuar em rede pela conservação e restauração da Mata Atlântica. Iniciativas como o Diálogo Florestal brasileiro, o Pacto Pela Restauração da Mata Atlântica e a Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura são espaços balizados por esses princípios construídos pela sociedade e que buscam catalisar iniciativas pelo desenvolvimento sustentável.

> Conheça a publicação Governança, Diálogo e Formação de Redes 

Em uma realidade onde a violência se tornou disseminada e gravemente legitimada por segmentos da sociedade, o estudo é um insumo importante para organizações, movimentos e ativistas que buscam incidir politicamente na conjuntura brasileira de forma pacífica e democrática.

 

Lançamento do estudo

A Escola de Ativismo realizará o lançamento oficial da publicação nesta quarta-feira 14/08 às 19h no Espaço da Ação Educativa – R. General Jardim, 660, em São Paulo, SP. Durante o evento, serão apresentados os principais achados da pesquisa, seguidos por uma discussão enriquecedora com os convidados e participantes.
> Saiba mais

Sobre a Escola de Ativismo 

A Escola de Ativismo é um coletivo independente constituído em 2011 com a missão de fortalecer grupos ativistas por meio de processos de aprendizagem em estratégias e técnicas de ações não-violentas e criativas, campanhas, comunicação, mobilização e segurança e proteção integral, voltadas para a defesa da democracia e dos direitos humanos.

O coletivo é formado por um grupo multidisciplinar de ativistas, que se organiza de maneira distribuída e não hierárquica, por meio de princípios orientadores em diversas regiões do Brasil.
> Conheça a Escola de Ativismo

Autores:  Vitor L. Zanelatto, Cássio Martinho e Miriam Prochnow
Revisão: Thamara S. de Almeida
Foto de capa: Arquivo Apremavi

Equipe da Apremavi do Paraná contribui na coleta de sementes para o viveiro

Equipe da Apremavi do Paraná contribui na coleta de sementes para o viveiro

Equipe da Apremavi do Paraná contribui na coleta de sementes para o viveiro

A equipe da base da Apremavi em Curiúva (PR) iniciou neste ano a coleta de sementes nativas da Mata Atlântica, que são beneficiadas e enviadas para a produção de mudas no viveiro da Apremavi. Além de contribuir com a produção de mudas, a iniciativa busca enriquecer o banco de sementes, melhoramento de material genético, e engajamento com os produtores rurais e comunidades do território da atuação. 

As atividades contam com o auxílio dos participantes dos projetos da Apremavi no estado, que  avisam quando as espécies estão em processo de frutificação. O material é posteriormente beneficiado – em processos como a despolpa e secagem das sementes, por exemplo – na  estrutura recém-construída na base de trabalho em Curiúva. Após essa etapa, o resultado das coletas é enviado para o Viveiro Jardim das Florestas, onde são produzidas as mudas utilizadas nas iniciativas de restauração da Apremavi, incluindo os projetos executados no Paraná. 

O princípio das atividades ocorreu ainda em 2023, quando o colaborador da Apremavi Lucas Costa participou de capacitações com Leandro Casanova, engenheiro florestal da Apremavi. Os procedimentos para realizar a coleta, manuseio e armazenamento foram estabelecidos, bem como os cuidados necessários para a seleção do material, buscando a produção de mudas de qualidade. Também foi realizado o mapeamento das matrizes no território, que compreende principalmente a Floresta Ombrófila Mista. Para o mapeamento das árvores com potencial de coleta alguns fatores são levados em consideração, como o porte de árvore (altura e diâmetro de seu tronco) e a ausência de doenças ou pragas. 

A primeira coleta foi realizada no dia 21 de maio de 2024, com visitas prévias para o acompanhamento até o fruto estar em ponto ideal para coleta. Lucas compartilhou como está sendo o processo: “É uma grande experiência e uma oportunidade muito gratificante poder contribuir e ajudar em toda essa estrutura ligada a coleta de sementes, desde a capacitação interna, o mapeamento das matrizes, até a coleta e beneficiamento. Com o objetivo de aumentar a diversidade de genética e espécies no Paraná.”

+ Veja o processo de produção de mudas de araucária desde a coleta do pinhão

 

Selo Signatário do Movimento ODS SC 2023

As primeiras sementes  coletadas no PR foram entregues à equipe do viveiro em 06/2024. Foto: Maurício Reis. Galeria: trabalho para a coleta e beneficiamento de sementes. Fotos: Maurício Reis e Arquivo Apremavi.

Essa ação está relacionada com os ODS:

 

Autores: Pedro Ferreira e Maurício Reis
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto e​  Thamara Santos de Almeida
Foto de capa:  Vitor Lauro Zanelatto

Apremavi contrata PJ para serviços de design gráfico

Apremavi contrata PJ para serviços de design gráfico

Apremavi contrata PJ para serviços de design gráfico

Se você tem interesse na causa ambiental e experiência com diagramação de publicações e elaboração de identidades visuais para terceiro setor, esse é o momento de trabalhar conosco!

A Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi) busca profissional com atuação na área de design gráfico, para contratação no âmbito da Coordenadoria de Comunicação e Informação. A contratação prevê a entrega de dois produtos:
1.1 Diagramação de publicação – versão digital e para impressão.
1.2 Criação e cessão da propriedade de logotipo para a Rede de Sementes +Floresta.

O envio de propostas pode ser realizado até o próximo dia 14/08, que deverão ser encaminhadas até às 23h59min (horário de Brasília) para o e-mail vitor@apremavi.org.br, com o assunto “Proposta comercial – TDR design gráfico”. Na mesma correspondência, deverá ser apresentado o portfólio profissional.

>  Confira o Termo de Referência (TDR) com o detalhamento da oportunidade

A Apremavi tem como princípios a equidade e a diversidade. Incentivamos o envio de propostas por profissionais de grupos minorizados e historicamente invisibilizados (étnicos, gênero e orientação sexual, sociocultural e pessoas com deficiência).

Autor: Vitor L. Zanelatto.

Monitoramento da restauração: guia apresenta metodologias e tecnologias para qualificar a mensuração dos resultados

Monitoramento da restauração: guia apresenta metodologias e tecnologias para qualificar a mensuração dos resultados

Monitoramento da restauração: guia apresenta metodologias e tecnologias para qualificar a mensuração dos resultados

A  restauração ecológica não termina com o plantio de mudas nativas, pelo contrário. O caminho para que o ambiente natural se recomponha demanda um trabalho recorrente. para avaliar o progresso da recuperação do ecossistema, como o crescimento de mudas plantadas e o surgimento de regenerantes de forma espontânea, isto é, plantas que começam a crescer naturalmente, promovendo a sucessão ecológica na área. Esse monitoramento demanda preparo técnico e recursos para prover visitas nas áreas, coleta de dados por sensoriamento remoto e a aplicação de protocolos para produzir dados estatísticos.

À luz da Década da Restauração de Ecossistemas da ONU e outras iniciativas que incentivam a escala nas iniciativas de restauração ecológica, o Pacto Pela Restauração da Mata Atlântica e a Aliança Pela Restauração na Amazônia lançaram um documento dedicado a aprimorar as estratégias de monitoramento  através de novas tecnologias. O principal objetivo é proporcionar maior transparência, escala e governança no monitoramento e, por consequência, incentivando o avanço dos esforços pela restauração no Brasil, de forma especial nos biomas Amazônia, altamente ameaçado pelo desmatamento; e Mata Atlântica, hotspot de biodiversidade global. 

O protocolo é fruto de dois anos de trabalho de um corpo técnico-científico que contou com mais de 20 profissionais com notório saber em iniciativas que buscam a recomposição das florestas nativas. Os esforços para reunir conhecimentos em monitoramento iniciaram em 2020, com a realização de uma série de workshops online junto a especialistas em Ecologia de Restauração de Ecossistemas, Sensoriamento Remoto e Políticas Públicas. Desta forma, foram identificadas técnicas de Sensoriamento Remoto que utilizam novas tecnologias com a finalidade de aprimorar a coleta de dados e realizar as atividades de mensuração em escala, ao mesmo passo que apresentam, robustez e confiança na produção de dados para o monitoramento das atividades. 

São dezenas de páginas dedicadas a apresentar novas tecnologias e seus usos possíveis para qualificar o monitoramento, como drones-RGB, sensores LiDAR (Light Detection And Ranging), imagens de satélite como o Google Earth Engine (GEE) e inteligência artificial. Os autores também destacam metodologias que podem contribuir significativamente para melhorar a qualidade, escala e frequência do monitoramento da restauração, complementando as atividades de campo com as novas ferramentas disponíveis para a coleta e análise de dados. 

A publicação foi elaborada em parceria com a The Nature Conservancy (TNC) Brasil, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), Universidade Federal de Goiás (UFG) e outras instituições que pesquisam, apoiam e executam iniciativas de restauração ecológica. 

O uso de ferramentas de sensoriamento remoto nas atividades de monitoramento não substitui o monitoramento tradicional, com os estudos através de parcelas em campo, essencial para a qualificação do diagnóstico e análise de áreas não amostradas para a produção de dados. O Sensoriamento Remoto é complementar, com potencial de ampliar a escala das informações coletadas.

A complementaridade fica evidente no trabalho desenvolvido pela Apremavi: ao mesmo passo que tecnologias como drones, uso de softwares de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) como o ArcGIS Survey123 e o Portal Ambiental facilitaram o trabalho dos técnicos em campo; as visitas in loco são essenciais para registrar indícios de retorno da fauna, analisar a necessidade de replantios na área, presença de plantas exóticas invasoras e até mesmo para manter a mobilização proprietários rurais parceiros, sobretudo num contexto de atuação em pequenas propriedades.

> Saiba mais sobre as tecnologias utilizadas pela Apremavi

Equipe da Apremavi em atividade de monitoramento utilizando tecnologias de geoprocessamento. Foto: Carolina Schäffer. 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Thamara Santos de Almeida
Foto de capa: Monitoramento por drone de Área de Preservação Permanente a ser restaurada em Abelardo Luz (SC). Thamara Santos de Almeida

 

Apremavi: 37 anos de boca no trombone e mão na massa

Apremavi: 37 anos de boca no trombone e mão na massa

Apremavi: 37 anos de boca no trombone e mão na massa

A Apremavi completa hoje 37 anos de fundação. O ativismo, presente desde antes da formalização da organização, há muito é feito também na restauração ecológica da Mata Atlântica, que conta com as mudas nativas produzidas no Viveiro Jardim das Florestas, coração da instituição. 

O plantio de árvores nativas é o ponto de partida para a conservação da biodiversidade e contribuição na mitigação da emergência climática. As mudanças nas paisagens podem ser percebidas de perto e de longe, desde as sementes que são coletadas em árvores plantadas na época da fundação da Apremavi até as imagens de satélite que hoje mostram florestas formadas onde em 1987 estavam áreas alteradas. 

Para continuar avançando na proteção do meio ambiente e da vida, a Apremavi atua para além da restauração, incidindo em campanhas de advocacy em defesa da legislação que protege a natureza e propondo soluções para o aprimoramento das políticas públicas socioambientais. A Lei da Mata Atlântica, de 2006, foi uma das grandes vitórias conquistadas na trajetória da instituição.

Diálogo e trocas de conhecimento também foram essenciais para as conquistas desses 37 anos. Foram inúmeras palestras, atividades de educação ambiental e eventos realizados, atividades de educação ambiental. Publicações e, mais recentemente, conteúdos para as mídias digitais são produzidas constantemente para compartilhar os aprendizados, apresentar os avanços e, principalmente, convidar mais pessoas a ajudar na construção de um planeta mais justo, sustentável e equilibrado para as vidas humanas e não humanas. 

O trabalho é compartilhado com inúmeros parceiros: colaboradores, associados, voluntários e estagiários, co-realizadores de iniciativas e apoiadores acreditam nas iniciativas da instituição e ajudam a fazer com que a missão da Apremavi seja cumprida. A dedicação dessas pessoas já fez com que mais de 9 milhões de árvores fossem produzidas e plantadas no Brasil. E com a ajuda de ainda mais pessoas que muitas outras serão plantadas.

Registros do Viveiro Jardim das Florestas, Centro Ambiental e iniciativas da Aprermavi. Fotos: Arquivo Apremavi. 

Fazendo a Década da Restauração acontecer

Confira alguns avanços nos projetos e iniciativas desenvolvidas pela Apremavi no último ano, que constam no Relatório de Atividades da instituição de 2023, apresentado durante a Assembleia Geral no dia 19 de junho:

・Alcance do equilíbrio de gênero no quadro de colaboradores e nas posições de coordenação;

・Produção de 632.024 mudas de 109 espécies no Viveiro Jardim das Florestas, a maior diversidade de espécies em um ano;

・Realização de 52 visitas guiadas no Centro Ambiental Jardim das Florestas, totalizando 1.033 pessoas recebidas;

・Plantio de 5.728 mudas em 16 novos Bosques de Heidelberg, em 11 municípios do Vale do Itajaí (SC);

・36,69 hectares restaurados (com plantio em área total, condução da regeneração natural e enriquecimento) e 2.429,55 hectares conservados em 172 propriedades (cadastradas e monitoradas) de 23 municípios do Paraná através do programa Matas Legais;

・Através do programa Matas Sociais, 19.088 mudas foram doadas para plantio e ações de educação ambiental, tendo o projeto atendido 15 propriedades em cinco municípios de Santa Catarina;

・Apoio à criação de uma rede de sementes no oeste de Santa Catarina, como uma estratégia para alavancar a cadeia da restauração;


・Com o projeto Implantando o Código Florestal, foram atendidos 38 proprietários rurais para auxílio no processo de retificação do Cadastro Ambiental Rural (CAR);

・Início da revisão do plano de manejo e de atividades de monitoramento da fauna no Parque Natural Municipal da Mata Atlântica (Atalanta, SC), através do projeto Cuidando da Mata Atlântica em parceria com a The Vita Coco Company.

 

Registro da Assembleia Geral de 2024. Figura: Taís Fontanive. 

Autor: Vitor L. Zanelatto
Revisão: Thamara Santos de Almeida
Foto de capa: Vitor L. Zanelatto

Apremavi recebe homenagem na ALESC

Apremavi recebe homenagem na ALESC

Apremavi recebe homenagem na ALESC

No dia vinte de junho a Apremavi recebeu da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC) uma homenagem pelo trabalho realizado em prol do desenvolvimento de Santa Catarina. 

A homenagem foi proposta pelo Deputado Rodrigo Preis (PT), ex-prefeito do município de Rio do Campo e suplente do Deputado Padre Pedro. O evento, ocorrido na sede da ALESC, em Florianópolis, reuniu entidades e lideranças importantes para o estado de Santa Catarina em um ato solene. Em comum a todos os homenageados está o trabalho pelo desenvolvimento econômico, social e ambiental do estado, principalmente da região do Alto Vale do Itajaí. 

Durante a cerimônia foi destacado o trabalho da Apremavi pela restauração ecológica na Mata Atlântica, bem como as parcerias estabelecidas com prefeituras municipais e outras entidades locais para estabelecer conexões com pequenos proprietários rurais e promover o planejamento de paisagens sustentáveis. Também foi citado o Viveiro Jardim das Florestas, referência em produção de mudas nativas, com sede em Atalanta, no centro do Alto Vale do Itajaí. 

As entidades que tiveram seu trabalho reconhecido foram a Apremavi, Cooperfavi, Coopersalete, Coopertaió, Cravil, Cresol Confederação, Epagri, FETRAF-SC, IFC – Rio do Sul, Unicafes. Já entre as lideranças, receberam homenagens: Anna Julia Rodrigues, Célio Haverroth, Dirceu Luiz Dresch, Ewaldo Gramkow, Jamil Abdalla Fayad, Lothar Weise Filho, Luci Teresinha Koswoski Choinacki, Nilton Fronza, Zita Schlikman Oderdeng, Carmela Panini e Ivanor Boing; este último, participante do Conselho da Apremavi em gestões pretéritas. 

Na ocasião, os homenageados receberam agradecimentos pela trajetória de contribuições para sociedade catarinense, nas mais diversas esferas, como no campo político, social, educacional e ambiental. “É muito gratificante poder estar presente na homenagem representando a Apremavi, mas ainda mais ver o trabalho da instituição, realizado por muitas mãos há mais de 35 anos, recebendo esse merecido espaço de reconhecimento em meio a outras entidades e lideranças que fazem parte da história de Santa Catarina. A homenagem reforça ainda mais a importância do trabalho realizado em prol do meio ambiente e de uma sociedade mais justa”, comenta Gabriela Goebel, representante da Apremavi no evento.

Registros da homenagem recebida pela Apremavi. Fotos: Vitor Lauro Zanelatto.

Autores: Gabriela Goebel e Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Thamara Santos de Almeida
Foto de capa: Juan Carvalho



Apremavi lança relatório de atividades 2023

Apremavi lança relatório de atividades 2023

Apremavi lança relatório de atividades 2023

Apresentando um panorama das atividades desenvolvidas em 2023, o documento é mais uma demonstração de transparência das ações e do avanço nas metas assumidas pela instituição.

Em 2023 a Apremavi beneficiou diretamente mais de 3.900 pessoas. Esse número significativo contabiliza apenas as propriedades atendidas pelos projetos de restauração ecológica e iniciativas de educação ambiental, sensibilização e formação. Mas o trabalho chegou mais longe: centenas de pessoas colocaram a mão na terra para plantar as mudas nativas produzidas pelo Viveiro Jardim das Florestas doadas em ações na Região Sul do Brasil, a rede de coleta de sementes nativas fomentada pela instituição se consolidou como o primeiro coletivo de Santa Catarina dessa natureza e as estratégias em políticas públicas para a implementação do Código Florestal e proteção da legislação ambiental brasileira foram demandas constantes ao longo do último ano, e trouxeram resultados recompensadores. 

As estratégias de comunicação também cresceram. Foram 134 matérias publicadas no site institucional; representando notícias da área socioambiental, textos de opinião e artigos de divulgação sobre a Mata Atlântica, emergência climática e restauração ecológica; com desdobramentos nas mídias sociais e nos canais de articulação com parceiros locais dos projetos. Historicamente, a Apremavi sempre investiu em dialogar com as pessoas e promover trocas de conhecimento, objetivo que justifica a ampliação do alcance dos produtos de comunicação e também a produção colaborativa com pessoas e outras instituições. 

2023 foi marcado por eventos climáticos extremos e grandes manchetes anunciando o fracasso em limitar a mudança na temperatura da Terra. Frente a esse desafio, a Apremavi contribui com aquilo que sabe fazer melhor, a restauração de áreas alteradas. Com metas ambiciosas em um projeto de neutralização de Gases de Efeito Estufa (GEE), o Conservador das Araucárias atuou em grandes áreas de Santa Catarina e estabeleceu parcerias para plantar os 7.000 hectares de florestas previstos para os próximos anos. “O Conservador das Araucárias tem metas ambiciosas, mas diante do desafio posto, não poderia ser diferente; 2030 está a menos de 6 anos de nós e muito precisa ser feito. Por isso, quando se trata de restauração de ecossistemas ter uma visão estratégica que alia a conservação da biodiversidade, a proteção dos recursos hídricos e a mitigação das mudanças climáticas é primordial“, destaca Carolina Schäffer, coordenadora de comunicação da Apremavi e uma das coordenadoras do projeto. 

Um princípio comum entre as mais de 360 propriedades que receberam a Apremavi para iniciar projetos de restauração ecológica, nas 632.240 mudas produzidas pelo viveiro e em todas as demais atividades de 2023, é o trabalho com propósito. Para que cada semente fosse coletada, muda plantada ou diálogo realizado pela proteção da biodiversidade prevaleceu o compromisso pelo futuro comum, a busca pela proteção do meio ambiente e a perseverança para fazer no presente o máximo possível para combater a mudança no clima e buscar a proteção da vida.

 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer e Thamara Santos de Almeida
Foto de capa: Carolina Schäffer



Clima, Terra e Território: Observatório do Clima reúne membros em encontro anual

Clima, Terra e Território: Observatório do Clima reúne membros em encontro anual

Clima, Terra e Território: Observatório do Clima reúne membros em encontro anual

A rede do Observatório do Clima (OC) é composta por  120 organizações socioambientais, combinando vozes e ações dedicadas a enfrentar as mudanças do clima, promover a justiça climática e fomentar o engajamento político.

O encontro nacional do OC ocorreu nos dias 28 e 29 de maio de 2024, na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), em Brasília. Foram debatidas pautas importantíssimas, não faltando criatividade e beleza.Momentos de alegrias, tristezas, articulação e renovação de esperanças marcaram a programação, uma vez que o cenário da crise climática está cada vez mais desafiador e urgente.

A Apremavi é uma das organizações fundadoras do OC, tendo inclusive hospedado o encontro de celebração dos 15 anos da rede, em 2017. Participa ativamente do GT de Políticas Pública, que tem como um dos seus produtos o Monitor 2045, ferramenta colaborativa para supervisionar as políticas nos próximos anos, envolvendo ativamente a sociedade e tornando o processo mais transparente e inclusivo. Com a colaboração de várias organizações e especialistas, buscamos ajudar a transformar o país em uma economia de carbono negativo até 2045.

A Apremavi também tem uma atuação forte no GT de Gênero e Justiça Climática, trabalhando uma das pautas fundamentais para a implementação de ações de adaptação às consequências das mudanças climáticas, como mostra a matéria recém publicada pela Apremavi: Realidade do RS mostra a necessidade de justiça climática.

O OC também é uma referência no combate à desinformação ambiental, mantendo uma plataforma digital de amplo conteúdo: o Fakebook.eco checa a veracidade de notícias socioambientais e também apresenta argumentos e dados sobre falácias comuns na área. Pessoas interessadas podem inclusive se cadastrar para receber boletins informativos atualizados sobre a agenda climática.

Registros do encontro anual do Observatório do Clima. Fotos: Miriam Prochnow. 

Miriam Prochnow, cofundadora e diretora da Apremavi, representante da instituição no encontro, avalia que os dois dias de debates foram imprescindíveis para a definição de estratégias conjuntas no enfrentamento dos eventos causados pelo novo padrão climático ao qual já estamos submetidos. Além de participar das atividades gerais do encontro, ela mediou a roda de conversa temática: Clima, Terra e Território, com representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Contag. Na roda de conversa foi falado sobre a necessidade de ações conjuntas das organizações, principalmente no planejamento sustentável para os vários territórios. Miriam mencionou a importância da implementação das Soluções Baseadas na Natureza (SBNs), como forma de construir paisagens resilientes, citando como exemplo o conceito de Paisagens e Propriedades Legais, trabalhado pela Apremavi em suas ações com proprietários rurais.

São inúmeras as ações que precisam ser implementadas imediatamente se quisermos manter nosso compromisso com um planeta sustentável. Precisamos de desmatamento zero em todos os biomas e uma transição energética, rumo ao fim do uso dos combustíveis fósseis, que respeite a terra e seus povos.” destacou Miriam. No encontro também foram repassadas informações sobre a organização da COP30, prevista para acontecer em Belém no ano que vem e as possibilidades de participação das organizações.

Autora: Miriam Prochnow
Revisão: Thamara Santos de Almeida e Vitor Lauro Zanelatto
Foto de capa: Observatório do Clima

Belezas da Mata Atlântica: exposição da Apremavi chega na ALESC

Belezas da Mata Atlântica: exposição da Apremavi chega na ALESC

Belezas da Mata Atlântica: exposição da Apremavi chega na ALESC

Idealizada no trigésimo aniversário da Apremavi, parte da coleção ‘Belezas da Mata Atlântica’ está integrando a exposição cultural da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, em alusão ao mês do meio ambiente.

Contrastes de texturas e de sentimentos: ao lado de fotografias da Mata Atlântica feitas em paisagens naturais conservadas estão esculturas imponentes, que utilizam resíduos sólidos retirados dos oceanos. Destaca-se através da arte a responsabilidade das pessoas pela conservaçãoda natureza, uma provocação oportuna para toda a sociedade; mas de forma especial para ocupantes de assentos em espaços decisórios, como no legislativo estadual, que detém voz para defender – ou promover retrocessos – nas políticas socioambientais.   

A abertura do espaço ocorreu na última terça-feira (28/05), durante uma cerimônia com a presença de representantes das organizações colaboradoras e do deputado estadual Marcos José de Abreu (Marquito), presidente da Comissão de Turismo e Meio Ambiente da ALESC e proponente da exposição. “Essa instalação estará aqui mais de um mês, chamando atenção das muitas pessoas que passam todos os dias pelo hall da ALESC, como escolas, caravanas do estado, vereadores mirins e participantes do Parlamento Jovem. Nosso objetivo é despertar o interesse para a proteção das águas e do nosso bioma Mata Atlântica.”, defendeu o deputado durante seu discurso. 

19 telas de fotografias de Wigold Shäffer, cofundador, coordenador de projetos e conselheiro da Apremavi compõem a contribuição da Apremavi para o espaço. Os registros da Mata Atlântica incluem fotos de espécies da fauna,  árvores centenárias e grandes paisagens florestais, que já foram exibidas antes em centros de ensino de Santa Catarina, através da exposição ‘Belezas da Mata Atlântica’, realizada em 2017 – 2018.

Registros da cerimônia de abertura da exposição. Fotos: Solon Soares/Agência AL e Vitor Lauro Zanelatto.

A Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida foi representada por Gabriela Goebel, técnica ambiental da instituição. Em seu discurso, a bióloga reforçou a missão e compromisso da Apremavi: “Em nome da Apremavi, agradecemos o convite para integrar esse espaço. Atuamos na defesa do meio ambiente há mais de 35 anos, principalmente em iniciativas de restauração ambiental, mas também com um ativismo muito importante para o meio ambiente. Esperamos que essas fotos sensibilizem as pessoas e, principalmente, inspirem ações em prol da Mata Atlântica.” 

Também cederam obras para a instalação o programa Ecoando Sustentabilidade (UFSC), o Coletivo Espaço Tempo e a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável. O espaço poderá ser visitado até o dia 28 de junho, no horário de funcionamento da ALESC.

 

Fotografias que integram a exposição ‘Belezas da Mata Atlântica’, de Wigold B. Schäffer. 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Thamara Santos de Almeida
Foto de capa: Solon Soares/Agência AL



Década da Restauração: por que o monitoramento da fauna é tão importante?

Década da Restauração: por que o monitoramento da fauna é tão importante?

Década da Restauração: por que o monitoramento da fauna é tão importante?

Avançar na restauração ecológica demanda também um olhar atento aos moradores da mata: avaliar a fauna e suas contribuições na promoção da biodiversidade das áreas alteradas é primordial para que condições similares às de antes da antropização sejam estabelecidas.

Para isso, organizações têm dedicado esforços no monitoramento e identificação dos animais que vivem em áreas conservadas ou que receberam plantios de mudas, estão em processo de condução da regeneração natural ou alguma outra técnica para a recuperação das espécies nativas. O Instituto Çarakura, Unidade Regional do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica em Santa Catarina ao lado da Apremavi, é um dos atores que está trabalhando ativamente desde 2021 para alcançar este objetivo. 

Os estudos são realizados principalmente com busca ativa nas áreas e uso de armadilhas fotográficas – câmeras que realizam registros a partir da percepção de movimento – que são estrategicamente instaladas em trilhas e estradas onde há sinais de passagem de animais, como rastros ou pegadas. Normalmente, essas armadilhas são deixadas nos locais selecionados por pelo menos quinze dias, permitindo a obtenção de uma quantidade significativa de dados sobre a fauna local.

Os registros obtidos são analisados posteriormente, de acordo com procedimentos indicados pela bibliografia. De maneira geral, o resultado é uma lista de espécies com ocorrência registrada na região através de fotografias e vídeos, que pode ser lapidada através de métodos estatísticos para determinar abundância relativa (tamanho da população) de cada espécie. Os dados ainda podem mostrar status de conservação, características do comportamento dos animais, como padrões de atividade e hábitos de predação, alimentação e reprodução.

Foto em destaque: Cutia (Dasyprocta azarae). Foto: Abujoy [CC BY-SA 2.5]. Galeria: Registros de fauna registrados em áreas em processo de restauração. Fotos: Arquivo Apremavi.

Além disso, o Instituto Çarakura utiliza câmeras fotográficas ou celulares para registros diários durante caminhadas pelas trilhas das Unidades de Conservação nas quais ele atua. Esses registros incluem tanto avistamentos diretos de animais quanto registros de pegadas e outros sinais encontrados ao longo das trilhas. Além da migração dos animais, é possível acompanhar as mudanças ao longo do tempo, obter sinalizações acerca da eficiência das conexões entre remanescentes florestais, o que permite um maior fluxo gênico, aumento da área para a busca de recursos (como água, alimento e abrigo) e para o desenvolvimento das populações da fauna. 

Para Fábio Penna, colaborador do Çarakura, os monitoramentos têm outra função importante: sensibilizar pessoas e instituições para a conservação da biodiversidade, desde as espécies-bandeira até ecossistemas completos. “Apresentamos os resultados dos monitoramentos ao público nas atividades de educação ambiental, palestras, oficinas e redes sociais, ajudando a aumentar a conscientização sobre a importância das Unidades de Conservação para a fauna e a inspirar ações de proteção por parte da comunidade.”, destaca Penna.  

Os dados produzidos também são compartilhados para uso em produções acadêmicas: pesquisas de graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Campus Florianópolis e Curitibanos estudam as informações levantadas nos parques estaduais Rio Canoas, Serra do Tabuleiro e Fritz Plaumann, onde o Instituto mantém termos de colaboração para apoiar a gestão das Unidades de Conservação (UCs).

Penna compartilha algumas evidências levantadas graças aos esforços para o monitoramento da fauna nas UCs: “As pesquisas de monitoramento têm documentado uma rica diversidade de espécies de aves, répteis e, especialmente, mamíferos. Entre os mamíferos registrados, estão espécies ameaçadas de extinção, como por exemplo a onça-parda (Puma concolor) e o gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus). Os dados obtidos a partir desses monitoramentos revelam padrões de comportamento, distribuição e sazonalidade das diferentes espécies. Essas descobertas são compartilhadas em oficinas educativas sobre fauna e também publicadas nas redes sociais dos parques, contribuindo para a conscientização sobre a biodiversidade e o valor da conservação das áreas protegidas.”

Atividades para o monitoramento da fauna em Atalanta (SC), e registros de animais que ocorrem na Mata Atlântica. Fotos: Arquivo Apremavi.

O monitoramento da fauna na Apremavi

Através do projeto Cuidando da Mata Atlântica, em parceria com a The Vita Coco Company, a Apremavi também está ampliando sua estratégia de pesquisa para o monitoramento da fauna da Mata Atlântica, com foco na mastofauna e na avifauna, em áreas restauradas e conservadas. Além disso, a nova versão do Protocolo do Monitoramento da Restauração da Apremavi prevê o registro de indicadores básicos para avaliação da presença da fauna nas áreas onde projetos de restauração ecológica foram realizados.

Carolina Schäffer, Coordenadora de Projetos na Apremavi, destaca as últimas atividades de monitoramento realizadas pela instituição: “A presença da fauna é um indicador relevante do sucesso da restauração dos ecossistemas, por isso, cada vez mais estamos olhando para nossas áreas de atuação para entendermos se a dinâmica ecológica nesses espaços está se aproximando do que era encontrado ali na sua formação original. Nossos estudos estão sendo conduzidos, a princípio, em Atalanta (SC), onde já identificamos várias espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios, entre elas ameaçadas. A ideia é conduzir levantamentos de fauna em todas as áreas de atuação da instituição para termos maior clareza da curva de sucesso dos processos de restauração conduzidos pela Apremavi ao longo dos anos“.

 

 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Colaboração: Fábio Penna
Revisão: Carolina Schäffer e Thamara Santos de Almeida
Foto de capa: slowmotiongli/Adobe Stock

A Mata Atlântica nos jardins: um olhar para a obra de Burle Marx

A Mata Atlântica nos jardins: um olhar para a obra de Burle Marx

A Mata Atlântica nos jardins: um olhar para a obra de Burle Marx

“Creio que é tempo de o Brasil aprender a amar a natureza – as florestas, os rios, os lagos, os bichos, os pássaros. Creio que é preciso reformular nosso conceito de patriotismo. Patriotismo, para mim, é proteger o nosso patrimônio. Artístico, cultural, e a terra, que nos dá tudo isso.” Burle Marx.

Com quantas espécies se faz um jardim? A diversidade de formas, cheiros, cores e texturas das plantas nativas da Mata Atlântica apontam caminhos para pensar espaços públicos e privados nas cidades para além do paisagismo; aliando estética e natureza e valorizando as características do ambiente e das espécies que naturalmente ocorrem na região.

Esse princípio foi basilar na obra de Burle Marx, mestre do paisagismo no Brasil, que assinou projetos no Brasil e no exterior, como o paisagismo do Parque do Flamengo (Rio de Janeiro), Jardins e terraços do Palácio do Itamaraty (Brasília), Jardim para o Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República (Brasília), Jardins do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro) e a Praça da Cidadania – UFSC (Florianópolis).

Os projetos Burle Marx trouxeram inovações significativas na própria imagem do jardim brasileiro, que tradicionalmente foram elaborados conforme a tradição europeia, de forma simétrica, utilizando linhas e proporções hierárquicas. Espécies exóticas – muitas vezes pouco adaptadas ao clima do Brasil – foram substituídas por nativas, desde bromélias até as árvores que fornecem grande espaço de sombra.

Os canteiros concebidos pelo artista rompem com a simetria, mostram curvas generosas, grande diversidade de espécies e não buscam uma valorização maior das flores, busca-se mostrar o belo nas formas dos troncos, tons variados nas folhas e formas que antes eram encontradas apenas nas florestas.
Figuras: Projetos de Burle Marx. Crédito: MoMA e Austin Kleon/Reprodução.

“Fazer paisagem artificial não é negar nem imitar servilmente a natureza. É saber transpor e saber associar, com base num critério seletivo, pessoal, os resultados de uma observação morosa, intensa e prolongada. De minha experiência pessoal posso lembrar agora todo o aprendizado através do convívio com botânicos cuja colaboração reputo indispensável àquele que queira se dedicar ao mister de fazer paisagismo consciente e aprofundado, aproveitando esse imenso patrimônio, tão mal compreendido pelos paisagistas e pelos amantes de jardins, que é a exuberante flora brasileira.”
Jardim e Ecologia – Burle Marx (1967).

Muitas das espécies utilizadas por Burle Marx são nativas da Mata Atlântica. Ipês de todas as cores, coqueiro-jerivá, palmito, bromélias e araçás foram plantadas e continuam crescendo em seus projetos, que sempre preconiza a resiliência e sustentabilidade do jardim, mantendo as espécies que foram plantadas e necessitando de pouca manutenção. A seleção das espécies também leva em consideração a sucessão ecológica, um princípio da Ecologia que une espécies que são dependentes umas das outras. Espécies pioneiras (as que crescem primeiro na floresta) fornecem sombra, proteção e abrigo para as plantas mais sensíveis, por exemplo.

Além disso, soluções para a resiliência das cidades em eventos climáticos extremos podem ser incorporadas ao desenho paisagístico, como a pavimentação permeável; criação de jardins de chuva; canteiros pluviais e de áreas de infiltração subterrânea direta; valas de retenção, com canteiros que possuam canais que permitam a infiltração das águas através de elementos drenantes ou da própria vegetação.

O novo modelo de jardins apresentado por Burle Marx é uma oportunidade para valorizar a Natureza, para reaproximar as pessoas do Meio Ambiente, para valorizar a biodiversidade e pensar espaços públicos que sejam úteis, agradáveis a todos os sentidos e acolhedores para as pessoas e para outras espécies. Suas obras são também um convite para que arquitetos, paisagistas e todos que querem colocar a mão na terra considerem em primeiro lugar plantar espécies nativas em seus jardins.

Registros de projetos de Burle Marx implantados. Fotos: Livro Sítio Roberto Burle Marx.

Espécies da Mata Atlântica utilizadas por Burle Marx

Lista de espécies produzidas pelo Viveiro Jardim das Florestas – Apremavi (Atalanta, SC): Ipês de todas as cores, coqueiro-jerivá (Syagrus romanzoffiana), palmito (Euterpe edulis), bromélias, Sibipiruna (Caesalpinia pluviosa), Manacá (Brunfelsia uniflora), jabuticaba (Myrciaria jaboticaba), cereja-do-rio-grande (Eugenia involucrata), pitanga (Eugenia uniflora), Pau-ferro (Caesalpinia ferrea), jacarandá (Jacaranda mimosaefolia), canafístula (Peltophorum dubium), ripão (Cassia leptophylla), primavera (Bougainville spectabillis) e araçás. 

Lista de espécies produzidas pelo Viveiro da Associação Ambientalista Copaíba (Socorro, SP): araçá-roxo (Psidium rufum), ipê-amarelo (Handroanthus chrysotrichus), jabuticaba (Plinia peruviana), palmito (Euterpe edulis), pata-de-vaca (Bauhinia forficata) e pitanga (Eugenia uniflora).

As espécies produzidas nos viveiros da Apremavi e da Copaíba são utilizadas em iniciativas de restauração ecológica, mas também estão disponíveis para venda. Fotos: Associação Ambientalista Copaíba.

Referências consultadas:

ECKER, Vivian Dall’igna. A praça como locus da sociabilidade: estudo de caso da Praça da Cidadania, no Campus da UFSC. 2016. 253 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Programa de Pós- Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade (Pgau-Cidade), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016.

STORINO, Claudia; SIQUEIRA, Vera Beatriz (org.). Sítio Roberto Burle Marx. São Paulo: Intermuseus, 2020. 309 p

WISNIK, Guilherme (org.). Paraísos Inventados. São Paulo: Almeida e Dale Galeria, 2020.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Colaboração: Taís Fontanive (Apremavi) e Erika Xavier (Copaíba).
Foto de capa: Wigold B. Schäffer



Parque Mata Atlântica vai renovar seu Conselho Consultivo

Parque Mata Atlântica vai renovar seu Conselho Consultivo

Parque Mata Atlântica vai renovar seu Conselho Consultivo

Publicado em 17/05/2024, o edital da Prefeitura de Atalanta prevê que a nova composição do conselho da Unidade de Conservação Municipal será definida no final de junho.

Criado em 2000, o Parque Natural Municipal da Mata Atlântica (PNMMA) é o primeiro parque do município de Atalanta e vem desempenhando um papel importante no desenvolvimento do turismo ecológico da região, além de garantir a preservação de 54 hectares de Mata Atlântica.

O Conselho Consultivo é um órgão colegiado, que deve existir em Unidades de Conservação públicas e tem entre suas funções a de acompanhar criação e implantação de plano de manejo, colaborar com a gestão, acompanhar o orçamento da unidade, ajudar na interlocução com a comunidade, acompanhar projetos, entre outras. Para os novos membros do Conselho Consultivo do PNMMA podem se inscrever para participar entidades da sociedade civil organizada, representantes comunitários, entidades governamentais, moradores do entorno e pessoas que tenham relação com o parque e interesse em participar do conselho consultivo.

Os interessados em integrar o Conselho Consultivo do PNMMA deverão manifestar interesse através do e-mail meioambiente@atalanta.sc.gov.br ou pelo telefone (47) 98815 4112 até 03/06/2024 com Gabriela Maciel Paiano Jochem; bem como participar da oficina de renovação do conselho, que será realizada em 27/06/2024, em Atalanta (SC), em horário e local que será definido e informado aos interessados. Na oficina serão credenciadas as instituições e deverá ser realizado o processo de seleção e composição do colegiado.

> Acesse o Edital para Renovação do Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal da Mata Atlântica

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Edilaine Dick
Foto de capa: Carolina Schäffer



Santa Catarina já tem seu Corredor Ecológico

Santa Catarina já tem seu Corredor Ecológico

Santa Catarina já tem seu Corredor Ecológico

O significado legal e prático do termo “Corredor Ecológico” ainda é pouco compreendido. Não raro, o mesmo é interpretado de forma indevida, gerando apreensões desnecessárias. Com a divulgação do Decreto Estadual 2.367/2022 (SC), reconhecendo o Corredor Ecológico Caminho das Nascentes, não foi diferente. O propósito deste breve texto é trazer algumas informações qualificadas que permitam ao cidadão uma interpretação precisa desse importante instrumento de gestão territorial. 

Corredores Ecológicos, segundo definição constante na lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC (Lei nº 9.985/2000), são porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.

A lei do SNUC divide as Unidades de Conservação da natureza em dois grupos com características específicas: As Unidades de Proteção Integral e as Unidades de Uso Sustentável. Dentro de cada grupo são definidas as distintas categorias, como Parque, Estação Ecológica, Reserva de Desenvolvimento Sustentável dentre outras. Não se enquadra o Corredor Ecológico como uma categoria de Unidade de Conservação. 

Desse modo, o reconhecimento de um Corredor Ecológico não exige desapropriação de imóveis ou indenização de proprietários. As atividades desenvolvidas nas propriedades públicas ou privadas seguem, precisando respeitar as regras legais vigentes. Ou seja, o regramento para o uso dos recursos naturais numa propriedade inserida na área delimitada de um Corredor Ecológico é idêntico ao aplicado ao imóvel situado fora da mesma. 

O Corredor Ecológico é um instrumento de gestão e ordenamento territorial, buscando qualificar esse espaço com a adoção de boas práticas na utilização sustentável e racional dos recursos naturais. Essa gestão qualificada procura estimular e apoiar proprietários ou comunidades na adoção de medidas que agreguem valor aos bens produzidos, compatibilizando essa produção com a devida proteção dos recursos naturais. Em algumas dessas áreas o reconhecimento do Corredor Ecológico impulsiona uma certificação de origem, uma espécie de atestado de produção responsável e “amiga” da natureza. 

Santa Catarina já tem seu Corredor Ecológico

Corredores ecológicos são iniciativas para conservar a biodiversidade e incentivar o desenvolvimento sustentável. Fotos: Wigold B. Schäffer.

Para atingir tais objetivos, propriedades inseridas num Corredor Ecológico devem ser priorizadas em programas de assistência técnica, linhas de financiamento e mesmo remuneração pela manutenção de serviços ambientais essenciais para a coletividade. Ele serve também como elemento impulsionador de integração de políticas públicas e parcerias diversas, estimulando o trabalho cooperativo de prefeituras, sindicatos, indústrias, comércio, entidades da sociedade civil, governos do Estado e da União. O próprio decreto de reconhecimento do Corredor Ecológico Caminho das Nascentes específica que o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) poderá firmar termo de cooperação técnica com organizações governamentais e não governamentais a fim de atingir os objetivos do mesmo.

A iniciativa do Corredor Ecológico da Serra Geral busca iniciar a implementação do Corredor Ecológico Caminho das Nascentes, já reconhecido pelo Decreto Estadual nº 2.367/2022. Não se trata de uma proposta de novo corredor, ele formalmente já está reconhecido pelo Governo do Estado de Santa Catarina. Desde então não houve qualquer ameaça ou risco à manutenção das atividades legalmente desenvolvidas nessa extensa área, que cobre cerca de 1.716,35 km2. 

Mapa da localização do Corredor Ecológico Caminho das Nascentes. Figura: Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável do Governo de Santa Catarina

O Corredor Ecológico da Serra Geral busca implementar ações de apoio e promoção da conservação e recuperação de nascentes e da vegetação nativa; qualificar e agregar valor à produção, ampliando a renda dos proprietários; bem como servir como um modelo de gestão para o restante da área do Corredor Ecológico Caminho das Nascentes. Figura: IMA SC.

O Corredor Ecológico Caminho das Nascentes traz expresso dentre seus objetivos o de conciliar a conservação da biodiversidade com o crescimento socioeconômico, incentivando a participação da sociedade em atividades compatíveis com a promoção da sustentabilidade. Assim, precisa o mesmo ser entendido como uma oportunidade, não ameaça ou risco. Bem ao contrário, com o elevado risco que hoje administramos em decorrência dos efeitos nefastos da emergência climática, avançar na efetiva implementação de instrumentos como os Corredores Ecológicos é alimentar a esperança de superação da crise e de construção de dias melhores.

> Saiba mais sobre o Corredor Ecológico Caminho das Nascentes


 

Autores: João de Deus Medeiros (Rede de ONGs da Mata Atlântica) e Christian Dobereiner (Reserva Araponga).
Montagem: Vitor Lauro Zanelatto.
Foto de capa: Wigold B. Schäffer.

Cenários extremos reforçam a inação do Estado sobre as mudanças climáticas

Cenários extremos reforçam a inação do Estado sobre as mudanças climáticas

Cenários extremos reforçam a inação do Estado sobre as mudanças climáticas

A tristeza em relação ao mais recente evento climático extremo no Rio Grande do Sul é amplificada pelo descaso dos governantes em se preparar para o enfrentamento da situação. A realidade do nosso tempo está posta: será de vulnerabilidade constante e cenas como as enfrentadas pelos gaúchos agora, os capixabas no início do ano e os catarinenses no final de 2023. Escolher ignorar os efeitos das mudanças no clima é condenar a vida. 

Os modelos científicos já estão misturados à realidade de eventos climáticos – cada vez mais – extremos. Lançado nesta semana, o relatório Estado do Clima na América Latina e no Caribe 2023 da Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmou que o ano passado foi de longe o mais quente registrado. O nível do mar continuou a subir a uma taxa mais alta do que a média global em grande parte da porção atlântica da região, ameaçando áreas costeiras e pequenos Estados insulares em desenvolvimento. A publicação registrou 12 eventos climáticos extremos no Brasil, sendo 9 deles considerados incomuns e 2 sem precedentes. 

O estudo evidencia o desequilíbrio em que a Terra se encontra e seus efeitos na vida das pessoas: a intensa seca de 2023 reduziu o Rio Negro, na Amazônia brasileira, para seu nível mais baixo em mais de 120 anos de observações, enquanto no município de São Sebastião (SP), 683mm de chuva se acumularam em 15 horas, desencadeando um deslizamento de terra que resultou em pelo menos 65 mortes. É preciso reforçar o que já está estabelecido: eventos dessa natureza não são casos isolados, tragédias ou desastres naturais. Afastar a responsabilidade dos que agravam a emergência climática ou são omissos às suas consequências significa agravar a crise e adiar a construção de soluções que já deveriam estar implantadas.

> Leia os destaques do relatório

Por isso, é preciso cobrar ações de adaptação e mitigação e para a resiliência de cidades e comunidades desde já, buscando atenuar os efeitos e promover assistência aos que serão afetados. Essa não é uma demanda nova, mas o aumento dos desastres socioambientais, como a tragédia em Petrópolis (RJ – 02/2022) onde pelo menos 178 pessoas perderam a vida; as últimas enchentes no Alto Vale do Itajaí (SC – 2022 e 2023) e mesmo as enchentes e ondas de calor no RS que ocorram no último ano (junho, setembro e novembro), deixando 80 mortos, mostra que estamos vivendo uma realidade para a qual não estamos preparados para agir, estamos apenas reagindo quando o caos se instaura.

Formular planos de contingência, investir em soluções baseadas na natureza para minimizar os impactos e executar obras de infraestrutura são ações primordiais para a proteção das cidades, mas tudo isso apenas reage às consequências, sem avançar sobre as causas do desequilíbrio climático e da paisagem. Ao mesmo passo que o Congresso Nacional discute agora como auxiliar financeiramente o estado do Rio Grande do Sul, estão em aprovação medidas para enfraquecer a legislação socioambiental e, dessa forma, tornar as pessoas ainda mais vulneráveis a enchentes, ondas de calor, ciclones extratropicais, deslizamentos e tantas outras consequências imensuráveis que estão no luto de quem enfrenta um evento climático extremo.

 

Eldorado do Sul (RS), 09/05/2024. Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini.


A incoerência entre discurso e ação também é observada no
Rio Grande do Sul: em 2020 o Código Ambiental do estado teve alterações em mais de 500 pontos. Entre as mudanças mais significativas está o “autolicenciamento ambiental”. Prevista como Licença Ambiental por Compromisso (LAC), a autorização para empreendimentos é concedida em até 48 horas pelo sistema online do órgão de licenciamento ambiental. Também foram promovidas flexibilizações nas normas de proteção das Unidades de Conservação estaduais.  

“A legislação ambiental foi feita para ser cumprida. Há um motivo para ela existir. Se existe uma Área de Preservação Permanente que precisa ser protegida ou restaurada é, principalmente, porque estas são áreas de risco… uma beira de rio é onde a água vai espraiar. Uma encosta de morro é APP porque existe risco de deslizamento.”
Miriam Prochnow, co-fundadora da Apremavi e coordenadora de projetos na ​​live beneficente em prol das vítimas do RS, realizada por Raony Rossetti em 08/05/2024.

A realidade do RS tem inspirado a solidariedade em todo o Brasil, e desde já deve motivar também a indignação e priorização da emergência climática nos debates e escolhas políticas. Não se trata de apontar culpados, mas de entender que pautar (ou não) os efeitos da mudança no clima é uma escolha política, e nessa escolha está a vida da população. 

Somos filhos da época
e a época é política.
(…)
O que você diz tem ressonância;
e o que silencia tem um eco
de um jeito ou de outro político.
Filhos da época – Wisława Szymborska

Autor: Vitor Lauro Zanelatto.
Revisão: Carolina Schäffer e Thamara Santos de Almeida.
Foto de capa: Eldorado do Sul (RS), 09/05/2024. Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini.

Conservador das Araucárias promove encontro de transparência e divulgação

Conservador das Araucárias promove encontro de transparência e divulgação

Conservador das Araucárias promove encontro de transparência e divulgação

Realizada em março, a primeira Reunião do Grupo de Transparência e Divulgação do projeto Conservador das Araucárias reuniu mais de 60 pessoas para debater o desenvolvimento da iniciativa e ações futuras na Mata Atlântica, com ênfase na Floresta com Araucárias. 

Restauração florestal com espécies nativas, atrelada à captura de carbono para mitigação das mudanças climáticas, adequação de propriedades rurais à legislação ambiental e conservação de mananciais hídricos, do solo e da biodiversidade, bem como melhoria da qualidade de vida da população. Esse é o objetivo central da parceria entre a Apremavi e a Tetra Pak, que pretende restaurar sete mil hectares de áreas alteradas e implantar um programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).

Para a realização da meta ambiciosa, foi instituída uma governança compartilhada, diversa e representativa para a iniciativa; composta por três grupos: Grupo Executivo, Grupo de Acompanhamento e Grupo de Transparência e Divulgação. Essa estrutura de governança está alinhada com o formato de parceria adotado entre a Tetra Pak e a Apremavi. O Grupo de Transparência e Divulgação, tem como objetivo informar a sociedade sobre o andamento do projeto, dando oportunidades para troca de informações e experiências e também o recebimento de sugestões para o aprimoramento das atividades do projeto. As reuniões são anuais, organizadas pela Apremavi, tendo o apoio do Grupo Executivo

Infográfico da estrutura de governança do projeto. Figura: Arquivo Apremavi.

O primeiro encontro para debater as estratégias de transparência e divulgação aconteceu nos dias 19 e 20 de março de 2024, no Centro Ambiental Jardim das Florestas da Apremavi, em Atalanta (SC). Contou com a participação de 21 pessoas no formato on-line e 46 pessoas presencialmente, representando um número diversos de organizações da sociedade civil, governo, setor privado e academia. 

Parceiros de longa data e organizações que desenvolvem ações que têm sinergia com os objetivos do Conservador das Araucárias analisaram a atuação do projeto desde 2022, apresentaram sugestões para o desenvolvimento da iniciativa e compartilharam confluências possíveis na atuação territorial, que deve abranger três estados brasileiros – Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Também foram realizadas apresentações sobre a execução de projetos de carbono e PSA e para a implantação do Código Florestal.

Registros da reunião, realizada no auditório da sede da Apremavi. Fotos: Carolina Schäffer.

Carolina Schaffer, vice-presidente da Apremavi e Coordenadora de Carbono e Biodiversidade do projeto, avalia como foi o primeiro encontro do grupo: Nossa intenção foi compartilhar esforços e experiências e discutir soluções para os desafios enfrentados pelo Conservador das Araucárias, mas conseguimos mais; juntos também estabelecemos um exemplo inspirador de colaboração e governança para a restauração da Floresta com Araucárias e isso é animador, sobretudo diante dos cenários de crise climática e de biodiversidade que a humanidade enfrenta.

No dia 19 os participantes também tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre os trabalhos da Apremavi, através de uma visita ao Centro Ambiental e Viveiro Jardim das Florestas e à Trilha da Restauração. Durante a visita já foram iniciados debates importantes sobre projetos de conservação e restauração da Mata Atlântica. 

Os participantes demonstraram muito interesse no projeto, fizeram vários elogios, inclusive sobre a forma de governança e também declaram apoio para as próximas atividades. Algumas organizações solicitaram reuniões específicas para tratar de possíveis interações, a exemplo da Epagri, da Prefeitura Municipal de Agrolândia, do Ministério do Meio Ambiente e do Pacto Trinacional para Restauração da Mata Atlântica. Também entre as atividades sugeridas está a organização de uma reunião conjunta entre a Comissão de Agricultura e a Comissão de Turismo e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, para abordar a questão da validação do CAR e a implantação do PRA em Santa Catarina.

Nossas metas são ambiciosas, mas a Apremavi sempre acreditou na força dos diálogos entre os setores e na construção de parcerias, por isso ter essa sinalização de apoio para a implementação do projeto por parte dos parceiros é fundamental e mostra o sucesso do evento”, comenta Miriam Prochnow, diretora da Apremavi e Coordenadora de Relacionamentos do projeto.

 

Os benefícios potenciais do projeto

Além da restauração de ecossistemas, outras iniciativas estão previstas no escopo do Conservador das Araucárias, buscando gerar importantes benefícios também para a sociedade, e por isso que a estratégia participativa de governança é tão relevante. Contribuir com a manutenção da biodiversidade da fauna e da flora, ajudar a proteger nascentes, manter a qualidade e a quantidade de água, proteger o solo, controlar o microclima e retirar da atmosfera gases de efeito estufa que provocam as mudanças climáticas demanda muito trabalho, estratégias de desenvolvimento sustentável e envolvimento das comunidades locais, possibilitando a geração de empregos em toda a sua cadeia produtiva e contribuir para a segurança alimentar.

Através do Conservador das Araucárias os benefícios potenciais são:
・Elaboração de projetos técnicos de restauração específicos para cada área, com indicações para adequação ambiental das propriedades.
・Apoio na implementação do projeto técnico de restauração e acompanhamento do processo de restauração por técnicos experientes.
・Plantio de árvores que possibilita a recuperação de água e fertilidade do solo em áreas alteradas, agregando valor às propriedades.
・Manutenção e recuperação de serviços ecossistêmicos nas áreas em restauração, garantindo a manutenção da biodiversidade associada e melhorando a qualidade de vida das pessoas envolvidas.
・Pagamento pelo carbono acumulado nas áreas de restauração, gerando renda extra às propriedades.
・Construção e fortalecimento de relações, gerando engajamento social de diversos atores – incluindo associações de produtores rurais, organizações locais e os poderes públicos municipais e estaduais.
・Incentivo à educação ambiental ao engajar comunidades e diferentes atores em prol da restauração ecológica e do combate às mudanças climáticas.
・Contribuição na capacitação e organização da cadeia da restauração, gerando novas oportunidades de emprego e renda.

Autores: Vitor Lauro Zanelatto e Miriam Prochnow
Revisão: Carolina Schäffer e Thamara Santos de Almeida
Foto de capa: Wigold B. Schäffer

Geração Restauração: a restinga que volta a crescer em Florianópolis

Geração Restauração: a restinga que volta a crescer em Florianópolis

Geração Restauração: a restinga que volta a crescer em Florianópolis

O sol extremo, ventos, salinidade e solo com poucos nutrientes formaram – uma fitofisionomia singular da Mata Atlântica. A evolução e adaptação das plantas ao ambiente formaram o que conhecemos hoje como Restinga, ameaçada constantemente pelo avanço da ocupação humana.

O Código Florestal determina que as restingas são Áreas de Preservação Permanente (APP). Na prática, isso não impede que este seja um dos ecossistemas mais ameaçados do Brasil.  No último Atlas da Mata Atlântica – estudo co-realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) – dois municípios catarinenses figuram na lista de maiores deflorestamentos em áreas de restinga: Itapoá e Araquari, com identificação de perda de 47 e 19 hectares entre 2021 e 2022, respectivamente. 

Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um grupo de pesquisadores do Laboratório de Ecologia de Invasões Biológicas, Manejo e Conservação (LEIMAC) se dedica a transformar a realidade local. A restauração ecológica nas praias de Florianópolis ocorre desde 2022, coletando sementes em áreas conservadas, produzindo mudas nativas e plantando espécies que nunca deveriam ter deixado de existir entre o mar e o fim da faixa de areia. As atividades do Restaura Restinga no Viveiro Municipal situado no Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri iniciaram em setembro de 2022.

A maior parte das sementes é proveniente do Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição, Unidade de Conservação que protege diversos ecossistemas de restinga. A coleta de sementes é realizada em diferentes pontos, sempre tentando obtê-las de um número maior de indivíduos para manutenção da diversidade genética. As coletas propiciam a produção de mudas de espécies de dunas frontais, como Canavalia rosea, Sophora tomentosa, Ipomoea pes-caprae, Dalbergia ecastaphyllum, Guapira opposita; e da restinga arbustiva e arbórea, como Myrcia palustris, Myrcia splendens, Ocotea pulchaella, Guapira opposita, Ouratia salicifolia e Geonoma schottiana.

 

Coleta de sementes de Canavalia rosea. Foto: Lais Stein.

As atividades no viveiro ocorrem semanalmente, buscando efetivar a semeadura com maior prontidão possível para não perder a viabilidade das sementes. O processo de semeadura ocorre em bandejas preenchidas com areia da praia, buscando um ambiente próximo ao natural. Conforme as sementes germinam, as plântulas são transferidas para embalagens individuais, onde o crescimento ocorre até o momento ideal para o plantio. 

O trabalho é coordenado pela professora dr. Michele Dechoum e efetivado por duas bolsistas, Marina Tonial e Lais Stein, com auxílio de pessoas voluntárias. O resultado do trabalho coletivo é plantando em diferentes praias da Ilha de Santa Catarina. Inicialmente, o escopo do Restaura Restinga buscou a restauração de uma área no interior do Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição, submetida à plantação de eucaliptos durante as décadas de 1960 e 1970, ilustrando a realidade de alteração do ambiente promovida pelos humanos. Em casos dessa natureza, o trabalho inicia antes do plantio, com a retirada e controle da espécie exótica introduzida.

Lais Stein, integrante do projeto, destaca os principais desafios do trabalho: “Percebemos escassez de referências sobre a germinação de espécies de restinga. Muitas espécies apresentam dormência cuja quebra é desconhecida, em alguns casos aguardamos alguns meses a germinação sem quebra forçada da dormência, em outros casos estamos fazendo testes de propagação por estaquia, como é o caso da Gaylussacia brasiliensis.” 

Registros das atividades para a produção das mudas nativas. Fotos: Vitor Lauro Zanelatto.

Desde o início do trabalho no viveiro, mais de 5.000 mudas foram produzidas, plantadas e zeladas pela equipe do projeto. O ambiente onde as mudas são plantadas e onde a restauração acontece torna-se então objeto de pesquisa, com o monitoramento mensal da área, buscando avaliar a sobrevivência e crescimento dos indivíduos. A coleta de dados permite a avaliação do efeito legado de eucalipto, isto é, as condições que a espécie exótica deixa no ambiente mesmo após ser retirada. 

O monitoramento também era efetivado numa área de duna frontal em processo de erosão principalmente devido ao pisoteamento. Neste local avaliava-se as influências do substrato de crescimento das mudas na sobrevivência e crescimento dos indivíduos. Essa área infelizmente teve grandes conflitos com a presença humana dada a maior acessibilidade do local, o experimento sofreu depredação diversas vezes, principalmente no período do ano novo, onde a circulação de pessoas na praia se intensifica.

Stein também destaca a importância da consciência das pessoas que frequentam as áreas de restinga para o sucesso das atividades de restauração: “Apesar de sempre indicarmos com placas as áreas submetidas ao plantio de mudas, muitas vezes as plantas sofrem pisoteamento, principalmente em áreas de dunas frontais que margeiam o ambiente praial, essa dificuldade se relaciona principalmente à época da alta temporada e à desinformação da população acerca da fragilidade da vegetação de restinga perante ao pisoteamento.”, destaca. 

Além do projeto de restauração, o LEIMAC também desenvolve atividades de extensão em parceria com o Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental. Fundado pela fellow Ashoka Sílvia R. Ziller, o instituto é referência em pesquisas sobre espécies exóticas invasoras no Brasil. Juntas, as organizações desenvolvem um programa para o controle de Pinus sp. e outras espécies invasoras em Florianópolis. Em 14 anos as ações comunitárias eliminaram cerca de 420 mil pinus do Parque das Dunas.

 

Atividades de restauração e controle de espécies invasoras em Florianópolis. Fotos: Lais Stein, Arquivo LEIMAC e Vitor Lauro Zanelatto. 

Sobre o Laboratório de Ecologia de Invasões Biológicas, Manejo e Conservação (LEIMAC)

Estabelecido em 2019, o laboratório tem como foco de estudo as invasões biológicas, que ocorrem em decorrência da introdução – intencional e acidental – de espécies associadas a atividades humanas. Não há um organismo ou um grupo de organismos que sejam o foco dos estudos desenvolvidos, mas sim a compreensão dos mecanismos envolvidos em processos de invasões biológicas, dos impactos provocados desde o nível de organismo até o nível de ecossistema, e as respostas das espécies exóticas invasoras e dos sistemas invadidos ao manejo.

Os principais objetivos são avaliar fatores-chave relacionados a processos de invasão biológicas por espécies exóticas em ecossistemas tropicais e subtropicais; Identificar impactos provocados por espécies exóticas invasoras nesses ecossistemas e; avaliar o efeito do manejo em comunidades invadidas e na restauração de funções e processos ecossistêmicos.

> Conheça os projetos desenvolvidos pelo laboratório

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Colaboração: Lais Stein
Revisão: Thamara Santos de Almeida
Foto de capa: Vitor Lauro Zanelatto

Conservar a Natureza, proteger a água: o Corredor Ecológico das Nascentes

Conservar a Natureza, proteger a água: o Corredor Ecológico das Nascentes

Conservar a Natureza, proteger a água: o Corredor Ecológico das Nascentes

Proteger as nascentes, conservar a biodiversidade e recuperar as áreas alteradas são grandes desafios do nosso tempo. No Dia da Água, a Apremavi apresenta uma das soluções: a instituição e implementação plena de corredores ecológicos. 

Desde 2007, o estado de Santa Catarina projetava a criação de um corredor ecológico no território. Na época, a iniciativa foi liderada pela então Fundação de Meio Ambiente do Estado (FATMA), atualmente Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA). O trabalho se estendeu por anos, marcado por diálogos, parcerias para a realização de estudos técnicos e interrupções típicas dos processos governamentais. 

O desenho do Corredor Ecológico das Nascentes segue a linha de cumeada das serras mais expressivas no cenário ambiental do território catarinense, a Serra do Mar e Serra Geral; no sentido  Norte-Sul,  com  uma  largura  de  1000  metros para  cada  lado  do  eixo estabelecido pelo divisor d’água, incluindo as nascentes dos principais rios  formadores  das  bacias  contidas  em  cada  vertente e duas derivações ao longo do Corredor, uma ligando a Serra do Mar e a Estação Ecológica do Bracinho, localizada nos Municípios de Joinville e Schroeder, e outra ligando a Serra Geral até o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro.

Os avanços para a transformação da proposta em iniciativa concreta avançaram no decorrer dos anos de 2021 e 2022, por meio de um grupo de trabalho formado por representantes da Secretaria Executiva do Meio Ambiente (SEMA), do Instituto do Meio Ambiente (IMA), da Associação dos Proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural de Santa Catarina (RPPN Catarinense) e da Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA). Juntas, as organizações dedicaram-se a analisar, discutir e reformular a proposta inicial, trabalhando no levantamento de dados e coordenadas para a definição da área e da localização do corredor. O grupo também elaborou o  memorial descritivo e minuta de decreto, que veio a ser aprovado em dezembro de 2022 (Decreto Estadual 2.367/2022), protegendo mais de 1.716,351 km².

Previsto no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) – Lei 9.985/2000 – os corredores ecológicos tem como principal objetivo garantir a manutenção dos processos ecológicos nas áreas de conexão entre Unidades de Conservação, permitindo a dispersão de espécies, a recolonização de áreas degradadas, o fluxo gênico e a viabilidade de populações que demandam mais do que o território de uma unidade de conservação para sobreviver.

Áreas protegidas com essa classificação também são instrumentos de gestão e ordenamento territorial. Por isso, os corredores ecológicos devem primar pelo uso sustentável dos recursos naturais contidos em sua área de abrangência, e por isso ações como desapropriação, desanexação e indenização não são previstas no processo de implantação de um corredor ecológico.

Paisagens do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, Unidade de Conservação conectada ao Corredor Ecológico. Fotos: IMA. 

Em destaque: localização do Corredor Ecológico das Nascentes. Galeria: mapas que embasaram os estudos para criação do Corredor Ecológico. Crédito: Luciano Augusto Henning.

A criação do corredor ecológico define as áreas pertencentes como prioritárias para a restauração e conservação, sem prejuízo algum para os proprietários rurais ou comunidade do entorno. Ao contrário, a área protegida tem potencial para estruturar projetos de desenvolvimento sustentável nos 46 municípios catarinenses que compõem o corredor” Comenta o geógrafo Eduardo Augusto Henning, que trabalhou ativamente para a criação do corredor ecológico. 

Além de proteger as nascentes dos principais rios catarinenses, o corredor ecológico conecta remanescentes do Bioma Mata Atlântica relevantes, viabiliza a conexão entre populações, a troca gênica e a integração entre a biota de diversas áreas protegidas e busca conciliar a conservação da biodiversidade com o crescimento socioeconômico, incentivando a participação da sociedade em atividades compatíveis com a promoção da sustentabilidade, conservando e recuperando as Áreas de Preservação Permanente (APP) localizadas na área do corredor.

Para a promoção das atividades de recuperação e conscientização sobre a conservação, é essencial que os trabalhos no território continuem acontecendo. Isso para que as comunidades entendam a importância da iniciativa e participem ativamente das ações de restauração ecológica e também para que pesquisas sobre a biodiversidade do corredor sejam realizadas.

Confira a entrevista com Eduardo Augusto Henning sobre a criação do Corredor Ecológico das Nascentes: 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Colaboração: Luciano Augusto Henning
Revisão: Thamara Santos de Almeida e Carolina Schäffer
Foto de Capa: Wigold B. Schäffer

Pin It on Pinterest