Araçá-vermelho, o fruto que tem olhos
A maioria das pessoas considera o fator estético como principal no plantio de uma árvore, mas as árvores, além de proporcionarem o embelezamento da propriedade, trazem conforto ambiental, com a diminuição da incidência de luz e calor no verão, protegem as nascentes e rios, abrigam e alimentam a fauna.
Espécies como o araçá-vermelho (Psidium cattleyanum Sabine), apresentam ainda, grande potencial para exploração econômica, por conta das características dos seus frutos. Os frutos são bem aceitos para consumo “in natura” ou então, industrializados, na forma de doces em pasta, cristalizados ou geléias. Tudo isso pelo teor de vitamina C, proporcionalmente quatro vezes maior que os frutos cítricos. Outra forma de aproveitamento desses frutos é a elaboração de sucos.
Apesar de terem todo esse potencial como fonte nutricional e matéria-prima para a agroindústria de alimentos, poucos são os dados sobre o seu cultivo, produção e utilização.
O araçazeiro é uma Myrtaceae encontrada em estado silvestre no Brasil, da Bahia até o Rio Grande do Sul. O seu nome vem do tupi guarani e significa fruto que tem olhos em alusão as sépalas que dão a aparência de olho no fruto.
O óleo extraído de suas folhas é utilizado na medicina tradicional como antidiarréico e muitas vezes é também utilizado como antibiótico, por apresentar forte atividade contra bactérias. Relatos da comunidade falam também de propriedades anti-hemorrágicas.
O araçá tem baixa susceptibilidade a doenças e pragas, com exceção à mosca da fruta. É um componente indispensável em sistemas agroflorestais, sejam eles destinados à recomposição de áreas degradadas ou para fins econômicos.
Na recomposição de áreas de preservação permanente ele tem uma função especial, pelo fato de ter crescimento rápido e de atrair a fauna. A Apremavi tem produzido muitas mudas das várias espécies de araçá no Viveiro Jardim das Florestas. Também tem utilizado essas espécies em larga escala nos seus projetos.
Araçá-vermelho
Nome científico: Psidium cattleyanum Sabine
Família: Myrtaceae
Utilização: madeira para construção civil, cabo para ferramentas, lenha e carvão. Seus frutos são comestíveis e atrativos para fauna
Época de coleta de sementes: outubro a março
Coleta de sementes: diretamente do chão, após a queda do fruto maduro
Fruto: vermelho carnoso
Flor: branca
Crescimento da muda: médio
Germinação: normal
Plantio: mata ciliar, área aberta, solo degradado
Ocorrência: Bahia até o Rio Grande doSul, na mata pluvial atlântica e na mata de altitude, ocorre principalmente nas restingas litorâneas situadas em terrenos úmidos e nas capoeiras de várzeas úmidas. Não ocorre no interior de floresta primária sombria. Ocorre também, porém de maneira mais esparsa, nos campos sujos e capoeiras úmidas de região de altitude.
Curiosidades e receitas
Suco de araçá-vermelho
Ingredientes
2 litros de água filtrada
10 folhas de araçá
15 folhas de hortelã
suco de 4 limões
açúcar ou adoçante a gosto
Modo de fazer
Coloque no liquidificador todas as folhas, água, suco do limão e o açúcar ou adoçante, liquidifique bem, mas não por muito tempo, apenas 5min. Coe em peneira fina e adicione gelo, se precisar coe novamente num pano, para que não fiquem “farelinhos” principalmente para que as crianças tomem.
Sirva bem gelado!
Geléia de araçá-vermelho com mamão
Ingredientes
600g de mamão maduro
400g de araçá
300g de açúcar
Modo de fazer
Tire o caroço das frutas e bata no liquidificador sem água. Coloque num taxo, acrescente o açúcar e leve ao fogo médio por mais ou menos duas horas. A consistência fica a gosto de quem faz.
Fontes consultadas
NACHTIGAL, J.C. Propagação de araçazeiro (Psidium cattleyanum Sabine) através de estacas semilenhosas. Pelotas: UFPEL, 1994, 66p. Dissertação (Mestrado em Fruticultura de Clima Temperado).
PROCHNOW, M., SCHAFFER, W.B (org). A Mata Atlântica e Você: como preservar, recuperar e se beneficiar da mais ameaçada floresta brasileira. Brasília: APREMAVI, 2002. 156p.d
LORENZI, H. Árvores brasileiras: um manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil, vol. 1, 3 ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2000.
GUERRERO JR, P.G. Composição Química e Atividades Antiparasitárias do Óleo Essencial de Psidium cattleyanum (Mirtaceae) . Sociedade Brasileira de Química ( SBQ). Disponível em: https://sec.sbq.org.br/cdrom/30ra/resumos/T1345-2.pdf. Data de acesso: 30 jan 2009.