Alceo Magnanini, uma vida dedicada à Natureza
A Rede Nacional Pró Unidades de Conservação (Rede Pró UC) e a Apremavi lamentam o falecimento do professor Alceo Magnanini, um dos mais respeitados ambientalistas brasileiros.
Engenheiro agrônomo de formação, Magnanini foi um dos pioneiros nas ações de conservação da biodiversidade do Brasil, sendo um dos responsáveis pela elaboração da Lei do SNUC, Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Atuou como Botânico do Ministério da Agricultura e Chefe do Setor de Ecologia Florestal do Centro de Pesquisas Florestais e Conservação da Natureza do Estado da Guanabara e Conselheiro do Conselho Florestal Federal. Também foi membro do grupo que delimitou a parte sul da Amazônia e o primeiro diretor do Parque Nacional da Tijuca.
Integrou a equipe técnica que elaborou o Código Florestal Brasileiro de 1965 (Lei 4.771/1965), com visão de futuro vanguardista. O regramento conferiu proteção legal aos principais bens ambientais, independentemente de sua localização, seja no ambiente rural ou urbano, em áreas privadas ou públicas e era considerado um marco na legislação ambiental brasileira, até sua revogação pela Lei 12.651/2012.
A atuação do ativista no grupo de trabalho que elaborou a redação do Código Florestal de 1965 está registrada no livro do Observatório do Código Florestal (OCF), “Uma breve história da Legislação Florestal Brasileira”:
“Em 1961, foi instituído um grupo de trabalho para elaboração da Lei Florestal13, composto por Osny Pereira, como coordenador, Alceo Magnanini, agrônomo pioneiro na área de biogeografia, e mais quatro autoridades no tema florestal. Com a renúncia do Presidente Jânio Quadros, os trabalhos foram interrompidos e retomados em 1962, com o ingresso de um especialista no grupo de trabalho, Victor Farah, primeiro diretor executivo da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, organização ambientalista pioneira no país. Cada item foi estudado profunda e exaustivamente, com pesquisas de campo, análise de legislações estrangeiras, consultas, debates, até se alcançar o consenso no grupo após dois anos de trabalho.”
Wigold Schäffer, ambientalista e co-fundador da Apremavi, destaca a inspiração que a trajetória de Alceu representa: “Alceo Magnanini além de um grande técnico, foi um ativista ambiental, continuamente defendeu os biomas brasileiros mesmo com idade avançada pois sabia que sem florestas não existe futuro. Foram 96 anos de dedicação à proteção da Natureza”.
O vídeo “Testemunho da história e da verdade” mostra o depoimento de Alceo sobre a elaboração do #CódigoFlorestal de 1965. As gravações ocorreram durante o Seminário “A Mata Atlântica no Ano Internacional das Florestas”, realizado em Brasília (DF), em 2011. Confira:
Autor: Vitor L. Zanelatto.