Por mais comunicadores do clima
“A ciência já fez o seu papel e deu o recado: mais claro, impossível. Agora é a vez dos comunicadores de levar essa mensagem para a população em geral. E isso é um trabalho que não é muito fácil. Vamos em frente, todos juntos, construir uma nova sociedade mais justa e mais sustentável”
É dessa forma que o Paulo Artaxo, professor e pesquisador líder do IPCC, finaliza a conversa a respeito do novo relatório sobre mudanças climáticas da organização para o podcast Vozes do Planeta no ano passado.
A urgência de comunicadores qualificados
Qualificar a cobertura das mudanças climáticas é um grande desafio, como aponta Paulo. Ainda mais em tempos de fake news, negacionismo científico e desinformação. É preciso ir além da apresentação de dados sobre a tragédia, como eventos climáticos extremos, precisamos ampliar a compreensão das pessoas sobre suas causas e soluções possíveis para mitigar a emergência climática, seja a nível individual ou coletivo.
Assim, é comum que os comunicadores se questionem sobre como falar do tema usando evidências científicas? Quais os principais desafios e soluções? Os termos que envolvem a questão com “justiça climática”, “mudanças climáticas” e “aquecimento global” são claros para quem comunica? E quando pensamos no Brasil, os impactos e soluções são iguais para todas as regiões ou existem questões específicas?
Apremavi e as soluções possíveis
Não há uma resposta simples para esses questionamentos, sabendo disso Miriam Prochnow, fundadora e conselheira da Apremavi, foi uma das professoras do curso online do Instituto ClimaInfo “Clima e sustentabilidade na cobertura jornalística” com a aula “Soluções baseadas na natureza em Santa Catarina”. Para ela, os processos de capacitação de profissionais da comunicação em temas ligados às mudanças climáticas, é extremamente importante: “Esses profissionais são influenciadores da sociedade e precisam estar muito bem informados para poder passar o melhor conteúdo possível, Também é fundamental o intercâmbio entre eles e as redes de trabalho conjunto que se formam a partir de processos como esse” destaca.
Aula “Soluções Baseadas na Natureza em Santa Catarina” do curso “Clima e sustentabilidade na cobertura jornalística” do instituto ClimaInfo
Na aula são apontadas algumas soluções possíveis a partir das ações da Apremavi em parceria com muitas pessoas e instituições, como o cumprimento da legislação ambiental, a mudança matriz energética para fontes renováveis, como a energia solar que é renovável. Além da restauração com o plantio de milhões de espécies nativas que contribui não só para a emergência climática, mas para a segurança alimentar, igualdade de gênero e muitos outros Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
É preciso ir além da comunicação da tragédia, precisamos apontar caminhos e soluções para a emergência climática, mostrando para as pessoas que juntos podemos construir essas soluções de forma coletiva e que todos têm um papel importante.
Em busca de uma comunicação qualificada
O curso é voltado para jornalistas interessados na cobertura ambiental e científica da emergência climática. Nele, é possível obter uma visão adaptada à realidade particular dos estados sob a ótica científica, socioeconômica e ambiental.
O projeto foi idealizado pelo diretor executivo do ClimaInfo, Délcio Rodrigues. Em 2019, a ONG fez uma edição presencial em Porto Alegre. “No ano passado, reformulamos a metodologia usada e o formato para online. Realizamos quatro edições: em Santa Catarina, no Pará, no Amapá e no Amazonas – que estão disponíveis no canal de Youtube da instituição”, explica a jornalista e pesquisadora do ClimaInfo, Tatiane Matheus.
Tatiane, que coordena o projeto, informa que neste ano receberam o apoio da GIZ para as edições do curso na Bahia, no Ceará e em Pernambuco. “Produzimos materiais complementares como apostilas e vídeo-aulas assíncronas. Adaptamos as aulas síncronas das edições para que os interessados possam também estudar de forma assíncrona. No site, há sugestões de planos de estudos do material. Também foi realizado o primeiro edital de bolsas para reportagens sobre mudanças climáticas no Nordeste, onde resultou em muitas matérias interessantes”, informa. “A informação tem um papel fundamental para combater a emergência climática. Por isso é necessário investir na formação de profissionais da comunicação”, completa.
Os conteúdos estão organizados pelos seguintes temas: Entenda as Mudanças Climáticas; Desafios e Soluções; Jornalismo e Clima; e Justiça Climática. Também há o conteúdo Brasil dividido por região brasileira. Além de um Glossário Climático, para ajudar nos termos, conceitos e siglas envolvendo a Ciência Climática. Também há uma divisão por aula/professores em específico, além de apostilas.
Confira:
Aulas – tema/professores
Apostilas
Entenda as mudanças climáticas | https://climainfo.org.br/2022/07/11/entenda-as-mudancas-climaticas/ |
Seca, desertificação mudanças climáticas no Nordeste | https://climainfo.org.br/2022/06/28/seca-desertificacao-e-mudancas-climaticas-no-nordeste/ |
Água no Nordeste: desafios e oportunidades | https://climainfo.org.br/2022/07/12/agua-no-nordeste-desafios-e-oportunidades/ |
Cerrado e as mudanças climáticas | https://climainfo.org.br/2022/07/15/cerrado-e-as-mudancas-climaticas/ |
Tempo, Clima e Saúde Humana | https://climainfo.org.br/2022/07/11/tempo-clima-mudancas-climaticas-e-saude-humana/ |
Legislação e as mudanças climáticas | https://climainfo.org.br/2022/07/05/legislacao-e-mudancas-climaticas/ |
Oceanos e Clima | |
Glossário Climático para jornalistas | https://climainfo.org.br/cursos-climainfo/materiais/glossario/ |
Justiça Climática | https://climainfo.org.br/2022/06/28/entenda-a-justica-climatica/ |
Autora: Thamara Santos de Almeida
Revisão: Miriam Prochnow, Vitor Lauro Zanelatto e Carolina Schäffer