Eleições: oportunidade para construir o país que queremos
O território que abriga parte da maior floresta tropical do mundo, que registra uma biodiversidade incomparável e tem potencial para liderar as mudanças na economia global para o combate à emergência climática, se chama Brasil. Votar no segundo turno das eleições será uma oportunidade para construirmos o país que queremos.
Neste próximo domingo o povo brasileiro irá decidir qual o destino da nação. As duas candidaturas que estão no segundo turno da disputa apresentam propostas cristalinas para o futuro: continuaremos como nos últimos anos, trilhando a atual rota para o colapso; ou iremos dar o primeiro passo para que o Brasil sociobiodiverso, plural, democrático e sustentável, há tanto tempo idealizado e que se tornou um sonho distante, comece a ser construído.
Os programas das candidaturas que estão no segundo turno são incomparáveis, porque não há propostas equivalentes a serem comparadas. A candidatura liderada por Lula e Alckmin, apoiada por uma frente ampla de lideranças de diferentes partidos e setores da sociedade civil organizada, incluindo cientistas, juristas, economistas, artistas, empresários e tantos outros, é simbolizada pela reconstrução das políticas de inclusão social, retorno das estratégias para o fomento à agricultura familiar, recuperação dos órgãos de controle e fiscalização ambiental, retorno da titulação e demarcação de terras para os povos tradicionais e indígenas.
Lula e Alckmin pretendem também retomar o bem sucedido plano de combate ao desmatamento que reduziu o desmatamento na Amazônia em mais de 80% e promoveu a criação de dezenas de novas Unidades de Conservação, que totalizaram 26 milhões de hectares, ações essas implementadas em suas gestões anteriores, e que representam o compromisso em proteger as florestas e defender a reputação do Brasil como líder ambiental.
A candidatura de Lula e Alckmin se comprometeu com o documento “Brasil 2045 – Construindo uma potência ambiental”, elaborado pelo Observatório do Clima, uma rede da qual a Apremavi faz parte e que reúne 73 organizações da sociedade civil. As propostas para a reconstrução do país a partir de 2023 se dividem em oito temas principais: política climática e acordos internacionais; prevenção e controle do desmatamento; bioeconomia e atividades agrossilvopastoris; justiça climática; energia; biodiversidade e áreas costeiras; indústria e gestão urbana; governança e financiamento da política ambiental nacional.
“A política ambiental será tratada de forma transversal. Ou seja, todos os ministros terão obrigação com a questão climática. Não é o ministro do Meio Ambiente o único responsável, a política será responsabilidade de todos, do presidente ao ministério menor”. – Lula, ao receber um conjunto de 26 compromissos de “resgate atualizado da agenda socioambiental brasileira”, ainda antes do primeiro turno das eleições. Veja mais.
Por outro lado, o atual presidente do país e candidato à reeleição é antagônico às propostas relativas à sustentabilidade e proteção da biodiversidade. Tem como legado até aqui o incentivo ao desmatamento e mineração, cumpriu sua promessa de não demarcar qualquer Terra Indígena, e liberou uma centena de agrotóxicos, muitos proibidos em outros países. Seus anos no Planalto entraram para a história como os piores para as políticas ambientais.
A Sociedade Civil, sem espaço para participação ativa nas políticas públicas e com assentos reduzidos nos principais colegiados participativos, acompanhou com desgosto décadas de trabalho serem reduzidas a pó e viu crescer o ódio e as agressões contra os ativistas. Bolsonaro também é responsável pela completa negligência com as chamas que arderam no Pantanal e na Amazônia e por exonerar Ricardo Galvão, ex-diretor do INPE, por se sentir incomodado com os dados que evidenciaram o aumento do desmatamento em sua gestão.
Após combater retrocessos diuturnamente por mais de três anos, acreditamos que chegou a hora do Brasil retomar seu rumo e protagonismo de potência ambiental diante do mundo. Precisamos ter um presidente comprometido com a vida de todas as espécies, que coloque um freio na liberação de agrotóxicos cancerígenos, na venda de armas, na liberação da caça aos animais silvestres e na desconstrução dos parques nacionais. Precisamos evitar o risco do Brasil sofrer novos embargos e sanções econômicas por conta do catastrófico cenário ambiental promovido nos últimos quatro anos, prejudicando a economia e a qualidade de vida de milhões de brasileiros.
As tomadas de decisão da Apremavi são pautadas na democracia, igualdade e diversidade, conforme prevê a Carta de Princípios da instituição. Sem democracia plena, independência entre os Poderes, atuação efetiva das instituições e confiança da sociedade no Estado brasileiro não será possível avançar no desenvolvimento sustentável e na promoção de justiça climática.
Em observância ao compromisso histórico da Apremavi em preservar, defender e proteger o meio ambiente e todas as formas de vida, alertamos para a importância de elegermos um Presidente comprometido com a vida e a verdade, com um histórico de preservação e com apoio majoritário de ambientalistas, cientistas e de todos os protetores da floresta. A escolha é livre, não é difícil, e cabe a cada um, diante das realizações pretéritas e das propostas colocadas para o futuro.
Sempre defenderemos a democracia, todas as formas de vida e as florestas. Por isso, neste domingo, recomendamos um voto na oportunidade em fazer com que o Brasil seja coerente com sua vocação: sustentável, biodiverso e comprometido com a vida de todas as espécies.
Ipês-amarelos em floração, Brasília. Fotos: Wigold B. Schäffer.
Revista Nature publica editorial sobre eleições brasileiras
Um artigo assinado pela pesquisadora Luciana Gatti para a revista Nature demonstra que os dois primeiros anos de governo de Bolsonaro provocaram na Amazônia um efeito equivalente ao evento extremo de grandes proporções El Niño. Segundo a pesquisa, em 2019 e 2020, as emissões de dióxido de carbono, o CO2, um dos principais gases de efeito estufa, dobraram na região devido ao enfraquecimento dos órgãos de fiscalização ambiental, o que teria resultado em um aumento no desmatamento e degradação, entre outros fatores.
Em editorial publicado nesta semana, a Nature também defendeu o voto em Lula e Alckmin, e destacou que “um segundo mandato para Jair Bolsonaro representaria uma ameaça à ciência, à democracia e ao meio ambiente“. O texto evidencia a consciência da comunidade internacional dos ataques de Bolsonaro à ciência, ilustrado pela recusa das ofertas da Pfizer e resistência para a compra de vacinas durante a pandemia, assim como o contínuo estrangulamento do orçamento para universidades e institutos de pesquisa e interferência da autonomia universitária. Confira um fragmento do editorial:
“Nenhum líder político se aproxima de algo como perfeito. Mas os últimos quatro anos do Brasil são um lembrete do que acontece quando aqueles que elegemos desmantelam ativamente as instituições destinadas a reduzir a pobreza, proteger a saúde pública, impulsionar a ciência e o conhecimento, salvaguardar o meio ambiente e defender a justiça e a integridade das evidências. Os eleitores do Brasil têm uma oportunidade valiosa de começar a reconstruir o que Bolsonaro derrubou. Se Bolsonaro tiver mais quatro anos, o dano pode ser irreparável”.
Observatório do Clima escancara a destruição promovida pelo atual governo
Nas últimas semanas, o Observatório do Clima (OC) mobilizou suas mídias sociais para divulgar as principais “boiadas” que o governo Bolsonaro promoveu. Agressões às Unidades de Conservação, desmonte das políticas de fiscalização e autuações por crimes ambientais e desprezo por qualquer agenda climática são apenas alguns dos fatídicos exemplos.
“O atual presidente sequer tenta disfarçar o desprezo pelo meio ambiente, o negacionismo das mudanças climáticas e a aversão aos povos originários. Se você se preocupa com o que será do Brasil caso ele seja reeleito, compartilhe essas informações nas suas redes para que mais pessoas entendam as consequências de mais um (des)governo como esse”, OC via Instagram.
Confira alguns fatos que comprovam o desprezo de Bolsonaro pelo Meio Ambiente:
Clipping com algumas manifestações da Sociedade Civil
Manifesto pela Democracia e Sustentabilidade
Centenas de brasileiros e brasileiras lançaram um manifesto pela Democracia e o desenvolvimento com sustentabilidade e diálogo. Confira:
Aos Brasileiros e Brasileiras, um chamamento em nome da Democracia, do desenvolvimento com sustentabilidade e do diálogo.
Entendemos a gravidade do momento pelo qual passa o Brasil. A eleição presidencial deste ano é diferente de todas as que vivemos até hoje, pois nela se joga a sobrevivência da democracia brasileira. Sem democracia o Brasil não será confiável e sem confiança não haverá investimentos, emprego, crescimento e nem liberdade. Nossas exportações, principalmente do agronegócio, serão duramente afetadas. Em resumo, todos perdem e perde a natureza.
Neste momento histórico 135 brasileiras e brasileiros – agricultores, cientistas, artistas, professores, empresários, ambientalistas, advogados, engenheiros, biólogos, geógrafos, jornalistas, microempreendedores, médicos, enfermeiros, arquitetos, procuradores, economistas, sociólogos, antropólogos, historiadores, filósofos, administradores, estudantes, jovens, adultos e idosos, pessoas de diferentes ideologias – apresentam à sociedade este Manifesto aos Brasileiros e Brasileiras em busca da unidade e da construção da Frente Ampla pela DEMOCRACIA e retomada do desenvolvimento com sustentabilidade.
O Brasil é o quinto maior país do mundo, aquele que detém a maior floresta tropical do mundo, o maior volume de água doce do mundo e a maior biodiversidade do mundo. Infelizmente, nos últimos 4 anos temos um governo que estimulou e promoveu a degradação ambiental e o desmantelamento das instituições democráticas, promoveu o ódio, o aumento da pobreza e da fome e aumentou o desmatamento em mais de 70% na Amazônia e também nos outros biomas.
Por isso, mesmo que nossas posições políticas sejam divergentes, nos unimos em três pontos fundamentais: a defesa da democracia, o desenvolvimento com sustentabilidade e a abertura ao diálogo. Estes pontos nos levam a votar em Lula neste segundo turno de 2022.
Conclamamos a você que reflita sobre a gravidade deste momento, venha juntar-se a nós e ajude a salvar o Brasil da barbárie, do obscurantismo, do ódio e da destruição da natureza.
Veja quem já assinou, assine você também e compartilhe com seus amigos e amigas para que também o assinem.
Nosso voto é para proteger a vida
Posicionamento da Agapan sobre o segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
Avaliamos que, mais do que eleger um governante, neste momento estamos definindo o nosso futuro. A nossa decisão há de repercutir pelas próximas décadas. Entre tantas questões sociais e ambientais, as mudanças climáticas se colocam como mais urgentes e impõem que tenhamos estratégias para enfrentarmos o que vem pela frente, resistindo e, ao mesmo tempo, tentando reverter este processo degradante que abala o mundo todo, ainda que alguns negacionistas do clima continuem tentando esconder. Quando olhamos para os fenômenos extremos que estão acontecendo pelo mundo, concluímos que o momento é dramático e pode piorar. E não é de agora que alertamos para isso.
“O atual modelo não tem futuro e nossos filhos vão ter que pagar a conta e vão nos amaldiçoar por isso”, já dizia José Lutzenberger.
Vote pelo Pantanal. Vote pela Democracia.
Posicionamento da Ecoa – Ecologia e Ação sobre o segundo turno e a relação com o Pantanal.
Nos últimos quatro anos, vivenciamos no Pantanal o cotidiano da violência, do medo, da fragilização das políticas ambientais e de proteção social, particularmente aquelas dirigidas para os assentados, os pescadores artesanais e as famílias que vivem ao longo dos rios. Os devastadores incêndios de 2020 têm relação direta com a falta de recursos para o trabalho efetivo de fiscalização, prevenção e o combate direto. Fiscalizar foi uma palavra que desapareceu do dicionário dos órgãos públicos federais.
“(…) Como organização ambientalista, consideramos que os compromissos públicos de Lula com políticas de proteção ambiental, somadas ao apoio da ex-ministra Marina Silva em bases programáticas, são garantias de que poderemos estabelecer novas condições no trato dos imensos bens naturais do País“.
Manifesto da Rede de ONGs da Mata Atlântica.
O acirramento da crise ambiental decorrente das nefastas políticas do atual governo federal tem acentuado sobremaneira o nível de vulnerabilidade de nossa população aos efeitos cada vez mais intensos e recorrentes das mudanças climáticas. É pela reversão desse quadro atual, com o restabelecimento de uma convivência social pacífica e respeitosa, que poderemos avançar na consolidação da democracia brasileira, condição essencial para que possamos seguir defendendo e protegendo nossa enorme diversidade socioambiental.
Entendemos que nesse segundo turno das eleições presidenciais não há espaço para omissão, e como representação de uma Rede de Organizações comprometidas com a defesa e recuperação da Mata Atlântica externamos o apoio a Chapa Lula/Alckmin.
Autores: Vitor Zanelatto, Carolina Schaffer, Wigold Schäffer e Thamara S. de Almeida.
Foto de capa: Ipês do jardim do Palácio do Planalto, Brasília. Foto: Wigold B. Schäffer.