Apremavi desenvolve parceria com o IFC para reprodução de xaxim-bugio
No âmbito do projeto +Floresta, três espécies da Mata Atlântica têm destaque para a restauração da vegetação nativa da Floresta Ombrófila Mista, no Oeste de Santa Catarina: araucária (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze), imbuia (Ocotea porosa (Nees & Mart.) Barroso) e o xaxim-bugio (Dicksonia sellowiana Hook.).
Essas espécies-alvo serão consorciadas juntamente com outras espécies nativas da Mata Atlântica e de ocorrência na região de abrangência do projeto para o trabalho de restauração de uma área de 260 ha. A ação contribuirá com a proteção e recuperação de espécies e habitats, como forma de restaurar e conservar a biodiversidade nos ecossistemas.
Contudo, um dos grandes desafios no desenvolvimento do projeto é a produção e reprodução do xaxim-bugio, uma vez que os trabalhos de pesquisa visando a produção em escala de mudas da espécie são escassos. Além disso, o xaxim-bugio demanda habitat e condições específicas para que a reprodução ocorra, demandando técnicas que não são usuais em viveiros de mudas.
Visando preencher esta lacuna de conhecimento, o Instituto Federal Catarinense (IFC) Câmpus de Rio do Sul e a Apremavi firmaram parceria com o objetivo de pesquisar a reprodução de D. sellowiana. A iniciativa foi da Agrosul – soluções agronômicas, empresa júnior formada por acadêmicos do câmpus, que buscou a Apremavi para entender as demandas da instituição e compreendeu a dificuldade na produção em larga escala do xaxim-bugio.
Sob a coordenação da professora Dra. Denise Fernandes, a pesquisa intitulada “Propagação in vitro de esporófitos de xaxim-bugio (Dicksonia sellowiana) a partir de esporos de populações naturais visando a restauração florestal” vem sendo desenvolvida no laboratório de Biotecnologia Vegetal do campus, com apoio dos estudantes Adriel Schneider, Eduardo Hellman e Samuel Tiggemann, além de Ricardo kozoroski Veiga, coordenador da empresa júnior Agrosul Soluções.
Exemplar de xaxim-bugio adulto. Foto: Arquivo Apremavi.
A primeira etapa da pesquisa está voltada ao desenvolvimento e aplicação de um protocolo de introdução in vitro de esporos de D. sellowiana para germinação, produção de mudas e aclimatação das plantas, por meio da aplicação de técnicas de cultura de tecidos vegetais.
A segunda etapa está sendo executada no Viveiro da Apremavi, onde foi construída uma estufa apropriada para receber as primeiras mudas, visando testar protocolos e técnicas para o seu desenvolvimento e aclimatação, para posterior plantio em campo.“A efetivação das mudas visará a diminuição do risco de extinção da D. sellowiana, é possível dizer que a pesquisa é pioneira no Brasil, as primeiras mudas produzidas in vitro já foram disponibilizadas a Apremavi”, relata Eduardo.
Para a coordenadora do projeto, Edilaine Dick, “A pesquisa é um grande ganho para a ciência e para a conservação da espécie, pois até o momento não foram encontrados estudos que evidenciem a produção de mudas de xaxim em viveiros, bem como o plantio e reprodução em campo”.
A parceria entre a Apremavi e a Academia evidencia a importância das universidades públicas para o desenvolvimento de novas tecnologias e para o progresso da agenda sustentável no país. A pesquisa realizada pelo IFC Rio do Sul aos poucos se transformará em novas florestas e permitirá que uma das mais ameaçadas espécies da Mata Atlântica seja reintroduzida em seu habitat.
Em Destaque: Equipe responsável pela execução da pesquisa apresenta as primeiras mudas de xaxim-bugio produzidas no laboratório. Fotos: Edilaine Dick.
O Projeto +Floresta
O projeto é financiado pelo Ibama através do Acordo de Cooperação Técnica nº 34/2021 e supervisionado pelo Ministério Público Federal de Santa Catarina, pelo Instituto Socioambiental (ISA) e pela Justiça Federal de Santa Catarina, na forma da ação n° 5001458-53.2017.4.04.7200/SC.
As ações previstas buscam o enriquecimento, expansão e conexão de fragmentos existentes e a formação de novas florestas, contribuindo para melhorar a conectividade na paisagem, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, favorecer a manutenção da biodiversidade, proteger o solo e os recursos hídricos e assegurar o bem-estar das populações humanas.
Será desenvolvido ao longo de oito anos, de 2022 a 2030, no município de Abelardo Luz, em Santa Catarina, sendo que as unidades de implantação estão localizadas nas Reservas Legais de sete Projetos de Assentamento (PAs) da Reforma Agrária.
Autores: Edilaine Dick, Eduardo Hellmann e Marluci Pozzan
Revisão: Thamara Santos de Almeida e Vitor Lauro Zanelatto