Xaxim-bugio: a pteridófita emblemática e ameaçada da Mata Atlântica
O xaxim-bugio (Dicksonia sellowiana Hook.) é uma samambaia arborescente amplamente distribuída pelas Américas, ocorrendo desde o sul do México, na América Central, até países da América do Sul, como Colômbia, Venezuela, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil. No território brasileiro, é encontrado principalmente nas regiões Sul e Sudeste, em áreas de altitude superior a 600 metros, como as florestas de Itatiaia (RJ), onde pode alcançar até 2.200 metros de altitude.
A espécie é uma das mais emblemáticas da Floresta Ombrófila Mista, compondo o sub-bosque florestal. Seu nome popular é homenageado pela cidade de Xaxim, no oeste catarinense, onde a planta é parte da identidade local.
O xaxim-bugio apresenta um tronco fibroso, ereto, poroso e extremamente leve quando seco, frequentemente utilizado como substrato no cultivo de plantas. Suas folhas verdes podem atingir até dois metros de comprimento e emergem do topo do tronco, diferentemente de outras samambaias. Essa espécie prefere climas amenos, é resistente ao frio, mas cresce de forma extremamente lenta.
Classificado no grupo das pteridófitas, a espécie não produz flores, frutos ou sementes, reproduzindo-se por meio de esporos. Apresenta grande importância ecológica, não apenas pela capacidade de reter umidade e abrigar epífitas, mas também por contribuir para a adição de matéria orgânica ao solo, favorecendo a biodiversidade do ambiente em que vive.
Dicksonia sellowiana está ameaçada de extinção devido à exploração comercial excessiva de seu caule para a fabricação de vasos e substratos. A extração ilegal, combinada ao crescimento lento – que leva aproximadamente 17 anos para atingir 1m de altura –, agrava o risco de desaparecimento da espécie.
A Apremavi e o Instituto Federal Catarinense (IFC) estão conduzindo uma pesquisa pioneira para a reprodução in vitro do xaxim. A iniciativa, desenvolvida no campus Rio do Sul, busca criar mudas a partir de esporos coletados em populações naturais, utilizando técnicas de cultura de tecidos vegetais.
> Confira a apresentação da espécie no programa “Um Pé de Quê?”
Detalhes da copa, folhas, indivíduo e tronco de xaxim-bugio . Fotos: Carolina Schäffer, Greta Aline Dettke (Flora Digital UFSC), Marcio Verdi (Flora Digital UFSC) e Rosângela Gonçalves Rolim (Flora Digital UFSC).
Xaxim-bugio
Nome científico: Dicksonia sellowiana Hook.
Família: Dicksoniaceae.
Época de coleta de sementes: sementes ausentes
Fruto: ausente.
Flor: ausente.
Crescimento da muda: lento.
Status de conservação: Criticamente em Perigo – Resolução Consema nº 51/2014 de Santa Catarina; Em Perigo – Portaria MMA 148/2022.
Fontes consultadas:
Chitolina, V. (2013). Por que Xaxim?: questões sobre a designação toponímica. Xaxim: Valdirene Chitolina, 5 p. Disponível em: https://www.xaxim.sc.gov.br/uploads/sites/90/2022/01/428538_POR_QUE_XAXIM.pdf. Acesso em: 21 nov. 2024.
Della, A.P, Vasques, D.T. (2024). Dicksoniaceae in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Fraga, L. L., Silva, L. B. D., & Schmitt, J. L. (2008). Composição e distribuição vertical de pteridófitas epifíticas sobre Dicksonia sellowiana Hook.(Dicksoniaceae), em floresta ombrófila mista no sul do Brasil. Biota neotropica, 8, 123-129.
Gasper, A. L., Sevegnani, L., Vibrans, A. C., Uhlmann, A., Lingner, D. V., Verdi, M., … & Klemz, G. (2011). Inventário de Dicksonia sellowiana Hook. em Santa Catarina. Acta Botanica Brasilica, 25(4), 776-784.
Schmitt, J. L. & Schneider, P, H. (2005). Taxas de crescimento do cáudice e estimativa de idade das plantas de Dicksonia sellowiana Hook. (Pteridophyta, Dicksoniaceae). In: 56° Congresso Nacional de botânica 2005, Curitiba, PR. Resumos do 56° Congresso Nacional de botânica.
Windisch, P. G., Nervo, M. H., & Seibert, S. (2008). Crescimento perene em Dicksonia sellowiana Hook.(Monilophyta, Dicksoniaceae). Pesq, Bot, 59, 287-298.
Autora: Thamara Santos de Almeida.
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto.
Foto de capa: Carolina Schäffer.