Parque Nacional das Araucárias

O Parque Nacional das Araucárias localiza-se nos municípios de Passos Maia e Ponte Serrada, região oeste de Santa Catarina. Constituído por uma área de 12.841 hectares, preserva os ambientes naturais ali existentes com destaque para os remanescentes de Floresta Ombrófila Mista, possibilitando a realização de pesquisas cientificas, o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, e o turismo ecológico.

Esta Unidade de Conservação foi criada em 19 de outubro de 2005 a partir de um grande trabalho realizado, envolvendo instituições federais (MMA/IBAMA), órgãos públicos estaduais e municipais, universidades e organizações da sociedade civil. Objetivou garantir a conservação de importantes remanescentes de Floresta com Araucárias, formação vegetal da Mata Atlântica extremamente ameaçada pela ação antrópica e sub-representada no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

Mapa dos limites do Parque Nacional das Araucárias. Foto: Arquivo Apremavi.

O nome do parque faz referência à sua característica natural, a Floresta com Araucárias, conhecida cientificamente como Floresta Ombrófila Mista, tipologia florestal extremamente ameaçada devido às ações antrópicas exercidas sobre suas áreas de ocorrência natural. A Araucária (Araucaria angustifolia) integra, desde 1992, a lista das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. Destaca-se também, a presença de outras espécies florestais ameaçadas, como o xaxim (Dicksonia sellowiana) e a imbuia (Ocotea porosa), além de outras importantes para a região, como a erva-mate (Ilex paraguariensis).

Quanto à fauna, diversas espécies que podem ser encontradas na área estão ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção e algumas são endêmicas do bioma Mata Atlântica, além de espécies cujas populações encontram-se reduzidas, tais como o bugio (Alouatta guariba clamitans), gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), puma (Puma concolor), veado-poca (Mazama nana), jaguatirica (Leopardus pardalis), pica-pau-de-cara-canela (Dryocopus galeatus), macuco (Tinamus solitarius), gralha-azul (Cyanocorax caeruleus), dentre outras que compõem a rica biodiversidade da UC. Algumas espécies registradas no parque são consideradas indicadoras da integridade ambiental, sendo assim, sensíveis às alterações do ambiente, como a rã-do-folhiço (Ischnocnema cf. henselii), sapo-cururuzinho (Rhinella henseli), sapo-de-barriga vermelha Melanophryniscus sp. (gr. tumifrons), perereca-de-vidro (Vitreorana uranoscopa), entre outros.

Ainda, é importante mencionar que a UC é palco de um importante projeto de re-introdução do papagaio-do-peito-roxo (Amazona vinacea), uma espécie de psitacídeo ameaçada de extinção. Os animais estão sendo soltos, já com anilhas e rádio-colares, e sendo monitorados. Outros 30 papagaios serão acrescentados aos 13 que já foram liberados.

Zona de Amortecimento

O Parna das Araucárias e a sua zona de amortecimento (ZA) caracterizam-se pela manutenção de importantes aspectos naturais, históricos e culturais, os quais constituem-se em fatores essenciais para o desenvolvimento do turismo.

A ZA compreende 500 metros em projeção horizontal, a partir do seu perímetro. Há quatorze comunidades rurais no seu entorno, das quais dez pertencem ao município de Passos Maia (assentamento Conquista do Palmares, assentamentos Sapateiro I e II, assentamentos Zumbi dos Palmares I e II, assentamento 29 de Junho, Bela Planície, Linha Gruta, Rio do Poço e Vila Tozzo) e quatro ao município de Ponte Serrada (Granja Berté, Linha Caratuva, Rio do Mato e Vila Adami).

As atividades econômicas dessas comunidades, em sua maioria, envolvem a agricultura familiar, com plantações agrícolas de culturas permanentes, como a erva-mate e a uva e de culturas temporárias, como a soja, milho, feijão, arroz, trigo e aveia. Alguns agricultores atuam também na produção artesanal de produtos como o melado, geléias, vinho e cachaças. São desenvolvidas atividades de pecuária, bovinocultura de corte e de leite, suinocultura e avicultura integrada, piscicultura e apicultura (principalmente na Granja Berté).

A monocultura de espécies florestais exóticas também é observada nas áreas do entorno, como de Pinus, por pequenos proprietários e grandes indústrias. Os moradores também participam de associações organizadas pela sociedade civil, como o clube de mães, a associação de moradores, cooperativas e sindicatos de trabalhadores rurais. Além desses impactos na Zona de Amortecimento e no entorno do parque, existem diversos barramentos dos rios para a produção de energia hidrelétricas (PCHs), demanda que ainda vai crescer. É importante saber que esse tipo de atividade pode prejudicar seriamente os objetivos da unidade.

A presença de javalis, de animais domésticos abandonados, de áreas antropizadas, da prática da caça de animais silvestres, entre outras ações degradadoras, fazem com que ocorra a perda e fragmentação de habitats e comprometa a integridade biológica do Parna das Araucárias.

Plano de Manejo

O Plano de Manejo do Parque Nacional das Araucárias (PNA) foi elaborado pela Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), com anuência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a partir do projeto “Elaboração dos Planos de Manejo da Estação Ecológica da Mata Preta e do Parque Nacional das Araucárias”, desenvolvido entre julho de 2007 e março de 2010, com apoio financeiro do PDA Mata Atlântica e da The Nature Conservancy (TNC).

Além da Apremavi e do ICMBio, participaram da elaboração deste documento diversas instituições da região, desde prefeituras, universidades, sindicatos, associações de moradores e ONGs locais e regionais.

O envolvimento foi muito diverso, desde a coleta de dados em campo, a organização das atividades e das reuniões públicas e o assessoramento técnico científico.

O Plano de Manejo contém o diagnóstico realizado na área do PNA, que envolveu o levantamento de flora e fauna (invertebrados aquáticos, anfíbios, aves e mamíferos), contexto socioeconômico da região e potencial turístico, além de informações sobre clima, geologia, geomorfologia, solos e hidrografia (arquivos em anexo). Traz ainda os objetivos da unidade e as normas gerais para o PNA e sua zona de amortecimento.

O PNA agora passa a ter uma ferramenta indispensável para sua gestão e implementação, tendo em vista que o Plano de Manejo fornece seu planejamento e aponta as ações necessárias para que esta Unidade de Conservação (UC) cumpra com os objetivos estabelecidos em sua criação, destaca Edilaine Dick, coordenadora de projetos da Apremavi.

Contato

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Rua Doutor Beviláqua, 863, Centro Caixa Postal 127
Palmas, PR. CEP: 85.555-000
Fone/fax: (46) 3262-5099
Email: juliano.oliveira@icmbio.gov.br

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