Baguaçu, banquete para as aves e prioritária na restauração de matas ciliares
O baguaçu (Magnolia ovata) também conhecido popularmente como pinha-do-brejo é uma árvore endêmica do Brasil que ocorre na Mata Atlântica e no Cerrado, desde Goiás até o norte do Rio Grande do Sul. Com 10 a 20 metros de altura, a árvore ocorre tanto no interior de florestas primárias quanto em formações abertas secundárias, sempre em baixadas úmidas.
Exsicatas de Magnolia ovata. Fonte: Herbário Virtual Reflora (CC BY-SA 4.0).
A espécie se destaca por sua multifuncionalidade. Na restauração ecológica é uma espécie pioneira sugerida como prioritária em projetos de recuperação de matas ciliares e várzeas na Mata Atlântica e Cerrado, devido a sua raridade e pelo fato de estar adaptada a estes ambientes. Em plantios puros ela forma uma camada espessa de folhas que dificulta a invasão de gramíneas. Além disso, ela produz uma grande quantidade de frutos que servem de alimento para as aves e suas flores são melíferas, atraindo assim as abelhas.
O óleo essencial produzido pelas suas sementes possui importância econômica. Com um teor de até 40% de óleo, suas sementes são oleaginosas de alta qualidade que são utilizadas na lubrificação de peças e equipamentos de alta precisão. As flores do baguaçu também têm seu lugar no cenário econômico, fornecendo um óleo essencial empregado na perfumaria.
Além disso, a árvore tem um papel no mundo artesanal. Seus frutos, quando desprovidos das sementes, ganham destaque em arranjos ornamentais. No Planalto Central, eles têm um papel especial nos arranjos de flores comercializados em Brasília, adicionando um toque natural e característico a ambientes interiores.
A espécie também possui relevância medicinal. A casca da árvore é usada na medicina popular e é considerada antitérmica, indicando seu potencial no tratamento de febres. A integração desses usos medicinais tradicionais com a ciência moderna pode abrir portas para descobertas farmacológicas e contribuir para a saúde pública.
Detalhes da árvore, frutos, sementes e germinação do Baguaçu. Créditos: Miriam Prochnow, Taís Fontanive e Arquivo Apremavi
Baguaçu
Nome cientifico: Magnolia ovata (A. St-Hill) Spreng.
Família: Magnoliaceae.
Utilização: uso econômico, ornamental e paisagístico.
Coleta de sementes: setembro a outubro.
Número de sementes por quilo: diretamente da árvore quando os frutos iniciarem a abertura espontânea.
Fruto: seco de cor marrom-esverdeado.
Flor: branca amarelada.
Crescimento da muda: médio.
Germinação: demorada, é recomendado deixar as sementes imersas em água de 3 a 4 dias.
Plantio: mata ciliar e sub-bosque.
Status de conservação: não está ameaçada de extinção no Brasil segundo a Lista Vermelha de Ameaça da Flora Brasileira 2014 do CNCFlora, contudo ela está ameaçada na categoria Em Perigo segundo Lista de Ameaça de Flora e Fauna do Estado do Rio Grande do Sul.
* Os dados sobre usos medicinais das espécies nativas são apenas para informação geral. O uso de medicamentos fitoterápicos deve ser seguido de orientações médicas.
Fontes consultadas
Carvalho, P. E. R. (2003). Baguaçu.
Kassuya, C. A. L., Cremoneze, A., Barros, L. F. L., Simas, A. S., da Rocha Lapa, F., Mello-Silva, R., … & Zampronio, A. R. (2009). Antipyretic and anti-inflammatory properties of the ethanolic extract, dichloromethane fraction and costunolide from Magnolia ovata (Magnoliaceae). Journal of Ethnopharmacology, 124(3), 369-376.
JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO. Magnolia ovata. Disponível em: https://reflora.jbrj.gov.br/reflora/herbarioVirtual/ConsultaPublicoHVUC/BemVindoConsultaPublicaHVConsultar.do?quantidadeResultado=20&d-16544-p=2&d-16544-t=testemunhos&nomeCientifico=Magnolia+ovata&modoConsulta=LISTAGEM. Acesso em: 10 ago. 2023.
Lorenzi, H. (1992). Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil (Vol. 1, p. 196). Nova Odessa: Plantarum.
Magnolia ovata in Ficha de Espécies do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Disponível em: <https://ferramentas.sibbr.gov.br/ficha/bin/view/especie/magnolia_ovata>. Acesso em 09-08-202e
Prochnow, M (2007) No Jardim das Florestas. Rio do Sul: Apremavi.
Autora: Thamara Santos de Almeida.
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto e Carolina Schäffer.
Foto de capa: João Medeiros, CC BY 2.0 via Wikimedia Commons