Cabriúva, o “bálsamo” da Mata Atlântica
A cabriúva (Myrocarpus frondosus) também é conhecida popularmente como cabriúna em Santa Catarina e cabreúva no Paraná. Nativa do Brasil, também ocorre na Argentina e no Paraguai. É encontrada na Mata Atlântica, especificamente na Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila e Floresta Ombrófila Mista.
O seu nome popular vem da língua tupi, kabu’ré iwa, que quer dizer “árvore-do-caburé”, já em relação ao seu nome científico Myrocarpus significa “fruto de bálsamo”; já o epíteto específico frondosus é porque a árvore apresenta copa ampla e frondosa.
A espécie possui diversos usos, como comercial, medicina popular, paisagístico, apícola e para a restauração de áreas degradadas. No âmbito comercial destaca-se o uso do seus óleos essenciais, a planta produz um líquido aromático chamado de bálsamo que tem propriedades repelentes e é utilizado para aromatizar roupas, além de incensos e na indústria de perfumaria e tintas.
Do ponto de vista da medicina popular, a seiva é utilizada para doenças pulmonares, casca e a resina para feridas e os frutos como anti-sépticos. Os índios de várias etnias do Paraná e Santa Catarina costumam usar a casca do caule para o tratamento de bronquite e contusão interna. Além disso, no sul da Bahia, é produzida uma cachaça afrodisíaca.
Cabriúva é apropriada para a arborização urbana e é indicada especificamente para parques. Além disso, as suas flores são melíferas, ou seja, são polinizadas por abelhas, assim a espécie é apropriada para práticas apícolas.
Em relação a restauração, ela é secundária inicial a secundária tardia, portanto ela não pode ser plantada a pleno sol. Recomenda-se que seja utilizada em plantios de enriquecimento de sub-bosque mistos com outras espécies pioneiras ou espécies secundárias iniciais de crescimento rápido.
O Instituto Hórus publicou algumas recomendações para o plantio da espécie, confira.
Aspectos da prancha, árvore, tronco e folhas da Cabriúva. Fotos: Christian Ostrosky (CC BY-NC-ND 2.0), Trap Hers (CC-BY-SA), Paul Hermann Wilhelm Taubert (domínio público via Wikimedia Commons) e Ramón Portal (CC BY-SA 2.0)
Cabriúva
Nome científico: Myrocarpus frondosus Allemão
Família: Fabaceae
Utilização: madeira usada para a fabricação de móveis, carrocerias e dormentes. Também é muito utilizada na construção civil, como caibros, ripas, sarrafos, assoalhos, etc. Utilizada medicinalmente (bálsamo) e para fins paisagísticos.
Coleta de sementes: no chão após a queda espontânea dos frutos, quando estes mudam de cor.
Época de coleta de sementes: novembro a janeiro.
Fruto: secos.
Flor: amarela.
Crescimento da muda: lento.
Germinação: normal.
Plantio: mata ciliar e área aberta.
Observação: devido a dificuldade de separação da semente junto ao fruto, estes deverão ser semeados como se fossem sementes.
Status de conservação: consta na lista de plantas ameaçadas de extinção no Paraná, na categoria rara.
* Os dados sobre usos medicinais das espécies nativas são apenas para informação geral, onde os estudos foram feitos com propriedades isoladas em uma quantidade específica. O uso de medicamentos fitoterápicos deve ser seguido de orientações médicas
Referências:
Aimi, S. C. (2018). Qualidade de diásporos e crescimento de mudas de Myrocarpus frondosus allemão no viveiro e no campo (Dissertação de doutorado, Universidade Federal de Santa Maria).
Carvalho, P. (2003). Cabriúva: Myrocarpus frondosus.
Prochnow, M. (org) (2007). No Jardim das Florestas. Rio do Sul: Apremavi.
Sartori, Â.L.B. Myrocarpus in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB83493>. Acesso em: 08 set. 2023
Autora: Thamara Santos de Almeida.
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto.
Foto de capa: Árvore de cabriúva (Myrocarpus frondosus). Créditos: Ramón Portal (CC BY-SA 2.0)