Canela-preta, Criticamente em Perigo de extinção em Santa Catarina
É uma espécie característica do estágio sucessional de clímax, o último estágio alcançado por comunidades ecológicas ao longo da sucessão ecológica, com crescimento muito lento. Apresenta folhas grandes e aromáticas, casca escura e frutos em forma de cápsulas.
Historicamente, a canela-preta era a árvore mais comum e característica da Floresta Ombrófila Densa de Santa Catarina, chegando a representar um terço do volume de todas as árvores existentes em um hectare. Contudo, desde a década de 1940 a espécie foi muito explorada, para o uso como recurso madeireiro. Devido a redução das suas populações e a essa exploração hoje ela está ameaçada de extinção.
Um estudo identificou compostos de óleo essencial do tipo linalol, que possui valor econômico e é apreciado por seu aroma de rosa. Assim, poderia ser explorado o seu potencial de perfumaria na fabricação de cosméticos.
É tradicionalmente utilizada pelos povos indígenas de várias etnias dos estados de Santa Catarina e Paraná como fortificantes. Além disso, pesquisas identificaram a presença de compostos antitumorais.
Do ponto de vista ecológico, a espécie é recomendada para a restauração de ecossistemas degradados. Sua dispersão é zoocórica, ou seja, é realizada por animais, principalmente aves e mamíferos. O muriqui-do-sul (Brachyteles hypoxanthus), considerado o maior primata das Américas, é uma das espécies de mamíferos ameaçados de extinção que se alimenta da canela-preta.
O Instituto Hórus publicou algumas recomendações para o plantio da espécie, confira.
Canela-preta
Nome científico: Ocotea catharinensis Mez
Família: Lauraceae
Utilização: econômica, medicinal e ecológica.
Produção de sementes: os frutos devem ser coletados diretamente da árvore quando adquirem coloração verde-amarelada com manchas pretas intensas, iniciando a queda espontânea ou podem ser recolhidos no chão, após a queda. Estes devem ser lavados em água, macerados e, em seguida, postos em peneira para secagem.
Época de coleta de sementes: julho a agosto.
Fruto: é uma cápsula lenhosa de formato oval ou elipsoide que pode medir de 1 a 2 centímetros de comprimento e geralmente apresenta uma coloração marrom escuro quando maduro.
Frutificação: os frutos amadurecem de maio a agosto, no Paraná e no Estado de São Paulo e, de novembro a dezembro, em Santa Catarina.
Flor: pequenas e verde-amareladas.
Floração: de junho a janeiro, no Paraná; de julho a março, em Santa Catarina e em setembro, no Estado de São Paulo.
Crescimento da muda: moderado.
Germinação: com início entre 30 e 120 dias após a semeadura, as mudas atingem tamanho adequado para plantio, cerca de 9 meses após a semeadura.
Plantio: sub-bosque; áreas degradadas.
Status de conservação: encontra-se ameaçada de extinção na categoria de Vulnerável na Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção do Brasil do Ministério do Meio Ambiente (MMA) assim como na Lista do Paraná do Instituto Água e Terra (IAT); Já em SC a espécie se encontra como Criticamente em Perigo na lista do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA).
* Os dados sobre usos medicinais das espécies nativas são apenas para informação geral, onde os estudos foram feitos com propriedades isoladas em uma quantidade específica. O uso de medicamentos fitoterápicos deve ser seguido de orientações médicas
Fontes consultadas:
Carvalho, PER (2014) Espécies arbóreas brasileiras.
CNCFlora. Ocotea catharinensis in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Ocotea catharinensis>. Acesso em 14 julho 2023.
Prochnow, M (2007) No Jardim das Florestas. Rio do Sul: Apremavi, 147p.
Tarazi, R (2006) Caracterização da estrutura genética e conservação de populações naturais de canela-preta (Ocotea catharinensis Mez) no estado de Santa Catarina.
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto e Carolina Schäffer.