Carvalho-brasileiro: espécie secundária da Mata Atlântica e do Cerrado
O carvalho-brasileiro (Roupala brasiliensis Klotzsch) se destaca pela sua ampla distribuição na América do Sul. Conhecida também como carvalho-da-serra, cedro-bordado ou cigarreira, a espécie da família Proteaceae habita desde o sul da Bahia até o estado de Santa Catarina, e está presente também em países vizinhos como Argentina, Paraguai e Bolívia.
Com altura entre 25 e 30 metros e tronco de até 50 cm de diâmetro, o carvalho-brasileiro exibe madeira de tonalidade rósea-arroxeada ou róseo-acastanhada. Roupala é nome comum da espécie na Guiana, já brasiliensis se refere ao Brasil, onde a espécie foi descrita e nomeada.
Ecologia e distribuição
A espécie ocorre principalmente em encostas úmidas e pequenas depressões, sendo nativa do Cerrado e da Mata Atlântica e algumas das suas fitofisionomias, como:
- Floresta Ombrófila Mista – na formação Montana
- Floresta Ombrófila Densa – onde é rara
- Floresta Estacional Semidecidual
- Campos rupestres e de altitude
- Cerrado e Cerradão
É comum em florestas secundárias, com boa capacidade de regeneração natural, inclusive em áreas degradadas.
Reprodução e ciclo de vida
A reprodução do carvalho-brasileiro se inicia com cerca de 3 anos em solos férteis e 6 anos em solos mais pobres. A polinização é feita principalmente por insetos e beija-flores, e a floração ocorre na primavera e no verão. A espécie apresenta brotação intensa entre outubro e dezembro, seguido de frutificação entre abril e julho. A dispersão das sementes é anemocórica, ou seja, feita pelo vento.
Os frutos devem ser colhidos no início da deiscência (amadurecimento), quando passam da cor verde para castanho-parda. Após a coleta, são deixados em ambientes ventilados para a liberação das sementes, um quilo de frutos contém cerca de 380 g de sementes viáveis.
Usos e potencial
- Apicultura: suas flores são melíferas, fornecendo néctar e pólen;
- Medicina tradicional: utilizado por povos indígenas no tratamento de febre, cólicas intestinais, hemorragias digestivas e infecções urinárias*;
- Paisagismo: recomendado para arborização de parques e rodovias;
- Restauração: indicado para recuperação de áreas alteradas e de matas ciliares, principalmente em locais não sujeitos a alagamentos.
Do ponto de vista sucessional, a espécie é classificada como secundária inicial a tardia, e em alguns contextos, clímax exigente de luz

Detalhes da inflorescência (várias flores), folhas, fruto e árvore do carvalho-brasileiro (Roupala brasiliensis Klotzsch). Fotos: Carolina Schäffer
Carvalho-brasileiro
Nome científico: Roupala brasiliensis Klotzsch
Família: Proteaceae.
Coleta de sementes: os frutos devem ser coletados quando passam da coloração esverdeada e consistência carnosa para castanho-parda ou castanho-esverdeada e consistência lenhosa-coriácea. Após a coleta, os frutos devem ser levados para ambiente ventilado para completar a deiscência e possibilitar a extração das sementes a extração das sementes se faz por maceração dos frutos. Após isso, as sementes devem ser secas a meio-sol, em ambiente ventilado.
Fruto: cor castanho-esverdeada, olivácea, com até 4 cm de comprimento e 1,4 cm de largura, contendo 1 a 3 sementes.
Flor: brancas, no interior e bege no exterior e odoríferas.
Crescimento da muda: lento.
Germinação: com início entre 25 a 60 dias após a semeadura. O potencial germinativo é variável, até 70%. As mudas estão prontas para plantio cerca de 9 meses após a semeadura.
Plantio: plantio misto, a pleno sol, associado com espécies pioneiras ou secundárias iniciais, e em linhas, em faixas abertas em vegetação matricial arbórea.
Status de conservação: Não listada – Portaria MMA 148/2022 e IUCN.
* Os dados sobre usos medicinais das espécies nativas são apenas para informação geral. O uso de medicamentos fitoterápicos deve ser seguido de orientações médicas
Fontes Consultadas:
Carvalho, P. (2006). Carvalho-Brasileiro: Roupala brasiliensis.
Autora: Thamara Santos de Almeida.
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto.
Foto de capa: Carolina Schäffer.