Cedro, um nobre da Mata Atlântica
Em 1974 a escritora e poeta, Maria Thereza Cavalheiro, em seu belo livro ‘Antologia Brasileira da Árvore’, cita: O cedro-batata (Cedrela fissillis) é uma árvore bela, de grande desenvolvimento. Atinge até 30 metros de altura. Suas flores são brancas, a madeira é empregada em trabalhos de marcenaria de luxo e obras de entalhe. Muitas imagens são esculpidas em cedro. Os charutos são envolvidos em numa película finíssima de cedro, para tomar-lhe o aroma, e as caixas que os contém são confeccionadas com esta madeira. E ainda, o lenho submetido à destilação, fornece óleo.
Lendo essa descrição já se pode imaginar, que por conta da versatilidade, a sua exploração foi intensa no passado, como na verdade aconteceu com todas as espécies nobres da Mata Atlântica. Além das utilidades citadas acima, o cedro também possui uma ótima madeira, de cor avermelhada, para a construção civil, naval e aeronáutica.
A ocorrência natural da árvore é do Rio Grande do Sul até Minas Gerais, porém pode ser encontrado em menor intensidade em todo o país. Em Santa Catarina, ocorria em todo o território do estado e em todos os tipos de formações florestais.
O cedro tem um primo amazônico muito famoso, igualmente muitíssimo explorado, tanto que consta da lista das espécies da flora ameaçada de extinção, que é o mogno (Swietenia macrophylla).
Para quem quiser observar um cedro em toda sua imponência e majestade, deve visitar a Reserva Florestal da Embrapa/Epagri, no município de Caçador (SC), onde se encontra o maior cedro vivo de Santa Catarina, com mais de 300 anos de idade, 28 metros de altura e 3,6 metros de diâmetro. Além do cedro, na reserva podem ser encontradas também araucárias e imbuias centenárias.
O cedro é uma espécie com alto potencial para restauração, seja para restauração de ambientes degradados, sequestro de carbono, paisagismo ou plantios com fins econômicos. É uma das espécies produzidas no Viveiro Jardim das Florestas, desde o seu início, nos idos de 1987. Atualmente existem milhares de mudas disponíveis no viveiro, para quem quiser fazer algum plantio.
O único cuidado que se deve ter no plantio do cedro é não fazer plantios homogêneos, uma vez que esta espécie sofre bastante com o ataque da broca. Para evitar ou minimizar esse ataque o plantio deve ser feito misturando-se o cedro com outras espécies, de preferência também nativas, dependendo da finalidade do plantio.
Muda de cedro. Foto: Acervo Apremavi.
Cedro
Nome científico: Cedrela fissilis Vell
Nome popular: cedro, cedro rosa, cedro vermelho, cedro branco, cedro batata, cedro-amarelo, cedro-cetim, cedro da várzea
Família: Meliaceae
Características Morfológicas: altura de 20-35 m, com o tronco de 60-90 cm de diâmetro. Folhas compostas de 60-100 cm de comprimento, com folíolos de 8-14 cm de comprimento.
Fenologia: Floresce durante os meses de agosto-setembro. Seus frutos amadurecem com a árvore totalmente desfolhada durante os meses de julho-agosto. Produz anualmente grande quantidade de sementes viáveis.
Flor: Branca-amarelada
Fruto: Seco deiscente
Coleta de sementes: Diretamente da árvore quando começar a abertura espontânea dos frutos.
Crescimento da muda: Rápida.
Plantio: Mata Ciliar, área aberta, sub-bosque, solo degradado.
Observação: Espécie frequentemente atacada por broca quando plantada no campo em agrupamentos homogêneos.
Fontes Consultadas
PEROZIM, J.R. As raízes do Cedro. Data de acesso: 27 jan. 2009.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: um manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil, vol. 1, 3 ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2000.
PROCHNOW, M. & SCHAFFER, W.B (org). A Mata Atlântica e Você: como preservar, recuperar e se beneficiar da mais ameaçada floresta brasileira. Brasília: APREMAVI, 2002. 156p.
PROCHNOW, M. (org). No Jardim das Florestas. Rio do Sul: APREMAVI, 2007.180p.