Cortiça-lisa, a fruta da criançada

13 mar, 2009 | Guia de Espécies, Notícias, Para fauna, Para paisagismo, Para restauração, Pioneiras, Secundárias

A Cortiça-Lisa (Rollinia rugulosa), também conhecida como Araticum-de-porco ou Araticum-verde, é uma árvore nativa do Brasil, de até 12m de altura e 40 cm de diâmetro. Ocorre desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, sendo mais frequente nas áreas da Floresta Ombrófila Mista, a Floresta com Araucárias.

Antigamente sua madeira era usada para fazer bóias para redes de pesca dos pescadores do litoral de Santa Catarina, daí vem o nome de “cortiça”.

Além de ser considerada uma espécie ornamental, a cortiça produz frutos comestíveis pelo homem, parecidos com a fruta-do-conde ou anona. O fruto é globoso, contendo numerosas sementes presas a uma polpa branca aquosa, mole e de sabor levemente ácido. É envolvido por uma casca amarelo-esverdeada. A cortiça-lisa tem uma prima conhecida como cortiça-crespa ou araticum-amarelo, que tem propriedades parecidas, mas seu fruto é mais doce e com menos polpa.

Sua madeira tem utilidade reduzida, mas a casca fornece fibras que podem ser utilizadas na fabricação de cordas. Seus galhos eram utilizados pelos índios para fazer flechas. As sementes tem propriedades medicinais, sendo popularmente utilizadas como anti-diarréicas.

A espécie é indicada para recuperação de ecossistemas degradados, particularmente as áreas de preservação permanente (APPs) por apresentar desenvolvimento rápido, além de produzir frutos muito procurados por pássaros e animais. A Apremavi tem produzido muitas mudas que são utilizadas nos projetos de restauração florestal.

Nos municípios do interior, onde a criançada ainda tem o privilégio de poder correr solta pelo mato e pelas roças, a cortiça-lisa é muito apreciada e às vezes é difícil controlar a gurizada enquanto não “detonarem” todos os frutos da corticeira.

Esse comportamento na verdade é herdado das gerações mais velhas. É comum ouvir adultos contando histórias de infância onde a cortiça-lisa aparece como a atriz-coadjuvante. Histórias que nos fazem lembrar o famoso Chico Bento que passa parte do seu tempo roubando as goiabas do vizinho, só que neste caso, as frutas cobiçadas são as cortiças. E tem também histórias bem pitorescas de adultos que colhiam as cortiças ainda verdes e as escondiam numa espécie de ninho de capim, para amadurecem longe do olhar e das mãos da gurizada. Mal sabiam eles que a criançada realizava verdadeiras competições para achar os tais “ninhos de cortiça”, que uma vez encontrados tornavam-se um verdadeiro troféu a ser exibido como motivo de grande orgulho.

O fato é que essa fruta típica do Brasil, merece uma atenção maior para seu potencial de uso comercial, seja na produção e comercialização “in natura”, seja na extração de sua polpa para produção de sucos e sorvetes.

Muda de Cortiça-lisa. Foto: Acervo Apremavi.

Cortiça-lisa

Nome científico: Rollinia rugulosa Schltdll
Família: Annonaceae
Utilização: madeira e paisagismo. Os frutos são comestíveis.
Coleta de sementes: diretamente do chão, ou coletando os frutos nos galhos.
Época de coleta de semente: fevereiro a março.
Fruto: carnoso com bastante polpa.
Flor: amarela.
Crescimento da muda: rápido.
Germinação: normal.
Plantio: mata ciliar, área aberta, solo degradado.

Fontes consultadas

PINTO, L.S. et al. Indução do enraizamento de estacas de araticum-de-porco pela aplicação de  fitorreguladores. Scientia Agraria, v.4, n.1-2, p.41-45, 2003.

LORENZI, H. Caesalpinia peltophoroides Benth. In: LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. p. 148.

PROCHNOW, M (org). No Jardim das Florestas. Rio do Sul: APREMAVI, 2007. 188p.

Autoras: Miriam Prochnow e Tatiana Arruda Correia.

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