Defensoras por defensoras: fortalecendo a luta, juntas
Entre os dias 14 e 16 de outubro a Apremavi ajudou a organizar e participou de mais uma formação das “Defensoras por Defensoras” do Observatório do Clima em Brasília (DF).
As mulheres são mais impactadas pela crise climática devido a uma série de desigualdades estruturais que as tornam mais vulneráveis aos efeitos das mudanças no clima. Muitas mulheres, especialmente em comunidades pobres, indígenas e quilombolas, são responsáveis por garantir a segurança alimentar, hídrica e energética de suas famílias e comunidades, o que as coloca na linha de frente quando há escassez de recursos.
Além disso, as mulheres são frequentemente excluídas dos espaços de poder e tomada de decisão sobre políticas climáticas, apesar de serem diretamente afetadas por desastres naturais, enchentes e secas, o que limita sua capacidade de influenciar soluções eficazes. Em regiões atingidas por crises ambientais, elas enfrentam maior risco de violência de gênero, deslocamento e pobreza.
Assim, a união e o empoderamento dessas mulheres é extremamente necessário para enfrentarmos os inúmeros desafios que a emergência climática nos apresenta. Pensando nisso, desde 2021 o Observatório do Clima, por meio do GT Gênero e Justiça Climática organiza o encontro de formação “Defensoras por Defensoras”. A primeira formação contou com a participação de mais de 20 mulheres de diversas gerações e origens, incluindo membros do Comitê Político Pedagógico, formadoras e participantes selecionadas por suas representações em diversas causas sociais e ambientais.
Mas o que é uma defensora? Segundo o conceito desenvolvido pelo GT, “uma defensora ambiental é uma mulher engajada na proteção de sua comunidade e meio ambiente, atuando em diversas frentes para assegurar condições de vida dignas e sustentáveis. As defensoras podem ser líderes comunitárias, ativistas ambientais, educadoras e mulheres que, por meio de suas ações, enfrentam desafios como a crise climática, desigualdades sociais e a violência. Elas trabalham na promoção da justiça climática, acesso a direitos e desenvolvimento de projetos locais, formando redes de apoio e resistência para fortalecer suas comunidades e territórios”.
Neste ano, com a temática “Somos o clima que protegemos” cerca de 40 mulheres cis, trans e travestis, jovens e da melhor idade, defensoras do território, ativistas ambientais, impactadas pela crise climática, por grandes empreendimentos ou que lutem por direitos ambientais, climáticos ou de gênero se reuniram em Brasília com o objetivo de celebrar e fortalecer as lutas das mulheres integrantes e gerando insumos para a retomada do programa. Miriam Prochnow e Taís Fontanive estiveram presentes no evento representando a Apremavi. Miriam é uma das formadoras do programa e na primeira fase conduziu o módulo chamado “galhos”, numa representação de uma árvore e apresentando as alegrias e dores de ser uma ativista ambiental.
O evento contou com uma programação diversificada e enriquecedora, que incluiu formações sobre temas essenciais para o fortalecimento das defensoras. A primeira palestra, ministrada por Fernanda Rodrigues, abordou o “Acordo de Escazú: importância e atualizações para o Brasil”. Miriam Prochnow, cofundadora e diretora da Apremavi, conduziu a fala sobre “Captação de Recursos e Elaboração de Projetos”, Angela Mendes e Severiá Maria Idioriê enriqueceram o encontro com uma formação sobre “Contação de Histórias”. Sarah Marques e Xica da Silva conduziram os debates sobre o significado de ser uma defensora e Andreia Bavaresco, Isvilaine Silva e Kinda van Gastel ajudaram na facilitação.
O evento também foi marcado por dinâmicas com dança, cantos de povos tradicionais e uma oficina criativa de bordados em folhas de árvores, proporcionando momentos de conexão e expressão artística. Houve também uma troca de experiências que visou fortalecer a luta das defensoras , ampliando repertórios e promovendo discussões sobre os próximos passos do programa. Momentos de cuidado e acolhimento foram intercalados com a produção de conteúdos de comunicação e peças artísticas, que representam as trajetórias das mulheres defensoras.
Taís Fontanive, que também foi cursista da primeira fase, relata que foram 3 dias incríveis, com muita troca de experiências, dores e alegrias. Muitas conversas com realidades diferentes e distintas, mas com objetivos em comum: “o encontro colaborou para levantar prioridades e possíveis ações para o grupo, no âmbito do OC. Ações que chegam sob as perspectivas de várias mulheres de todos os lugares da sociedade, trazendo o seu ponto de vista de acordo com a realidade da sua região, do seu território. Trazendo e libertando ainda mais a ideia de ser defensora, defensora da sua ideia, crença, sua raça, sua terra, seu território”, reforça Taís.
“Enquanto ativista ambiental e climática, que está na lida a mais de 40 anos, fazer parte dessa iniciativa é extremamente gratificante. Poder trocar aprendizados, histórias, esperanças e sonhos com esse grupo incrível de mulheres é até um tanto indescritível, especialmente por entender o potencial e a necessidade de se apoiar esse tipo de articulação. Se quisermos mesmo enfrentar a crise climática, vamos ter que fazer muito mais do que estamos fazendo e vamos precisar ampliar exponencialmente os processos de inclusão“, relata Miriam sobre a importância do encontro.
Além do fortalecimento e fôlego para a luta, um dos resultados do encontro é uma exposição que ocorrerá no Museu do Amanhã no Rio de Janeiro em 2025 com peças criadas pelas participantes.
Entre os dias 14 e 16 de outubro a Apremavi ajudou a organizar e participou de mais uma formação das “Defensoras por Defensoras” do Observatório do Clima em Brasília (DF).
Defensoras por Defensoras
Criado pelo GT de Gênero e Clima do Observatório do CLima o “Defensoras por Defensoras” teve sua primeira edição em 2021 como uma formação dedicada a ser um espaço de aprendizado, fortalecimento pessoal, social e político, além de acolhimento e troca mútua entre mulheres que atuam em diversas causas sociais e ambientais no Brasil.
Ao reunir mulheres com repertórios inspiradores e selecionadas por sua representatividade local e atuação territorial, o programa promoveu o desenvolvimento individual e coletivo, fortalecendo suas lutas socioambientais. Em 2024, o programa retorna, reunindo essas defensoras para continuar a troca de conhecimentos e experiências, ampliando a rede de apoio e potencializando a luta socioambiental no Brasil.
> Conheça o GT de Gênero e Justiça Climática do Observatório do Clima
Autora: Thamara Santos de Almeida e Miriam Prochnow.
Revisão: Carolina Schäffer.
Foto de capa: Arquivo Observatório do Clima.