Dia da Árvore: ainda há o que comemorar?
No dia em que eu nasci meu pai plantou 80 árvores para comemorar. Entre as espécies plantadas, exemplares de Cedro (Cedrela fissilis), Araucária (Araucaria angustifolia) e Imbuia (Ocotea porosa) hoje dão vida ao que chamamos de “Bosque da Carolina”. Aliás, é aqui que eu me apresento: eu sou a Carolina Schäffer, bióloga e mestre em botânica, coordenadora de comunicação da Apremavi, e plantar árvores é uma paixão que passa de geração para geração na minha família.
Produzir oxigênio, reter gás carbônico, fornecer alimento, manter a umidade, regular as chuvas, proteger o solo, ser abrigo para fauna, promover a saúde e o bem-estar dos humanos, garantir a biodiversidade dos ecossistemas, registrar a história da Terra, agregar valor à vida e trazer beleza ao nosso dia-a-dia. Essa é a lista de coisas a fazer diária das 60.000 mil espécies diferentes de árvores que existem no mundo – segundo dados da Botanical Gardens Conservation International. Só coisas essenciais, certo? Com certeza! Entretanto, a ganância e a maldade que cegam os olhos de quem desmata, queima e derruba nossas florestas, além de ser a principal fonte de emissão de CO2 na atmosfera no Brasil, é um CRIME, ignora todos os itens da to-do list e modifica por completo a rotina da mata ameaçando de extinção sobretudo os exemplares endêmicos (que só existem no nosso país). Por exemplo, entre as espécies ameaçadas no Brasil estão a Araucária, a Imbuia e o Pau-brasil (Paubrasilia echinata) – árvore símbolo do nosso país. Na prática dizer que uma árvore está ameaçada significa dizer que todo um ecossistema associado à ela também está ameaçado – inclusive o humano.
O plantio de árvores é possivelmente a única estratégia que funciona para reduzir o aumento das emissões de CO2 a curto prazo, segundo Paulo Artaxo (representante do Brasil no IPCC). Além disso, plantar árvores nativas para restaurar áreas degradadas, ao mesmo tempo que contribui para a conservação da biodiversidade, é um investimento e uma proposta de Solução Baseada na Natureza. Para que uma área possa ser restaurada é preciso que haja coleta de sementes e produção de mudas, além da oferta de apoio técnico às estratégias de manejo adotadas. Isso gera uma cadeia de geração de empregos. Um estudo publicado pelo WRI mostra que recuperar 12 milhões de hectares de áreas degradadas, meta assumida voluntariamente pelo Brasil no Acordo de Paris, pode gerar um retorno de investimento de R$ 19 bilhões em dez anos, com arrecadação de R$ 742 milhões e geração de 250.000 novos postos de trabalho.
Fica óbvio que as árvores, além de serem essenciais para a sobrevivência da espécie humana, tem um valor financeiro muito mais alto quando em pé do que cortadas. Por isso, nesse Dia da Árvore, fica o convite: vamos juntes plantar árvores? Os benefícios? Ah… são inúmeros e de quebra você ainda leva uma nova paixão no coração!
Esse é o #antesedepois do meu Bosque. A foto do antes é do dia em que o bosque foi plantado – dezembro de 1989, e a foto do depois é de setembro de 2020. Fotos: Wigold B. Schäffer.
Autora: Carolina Schäffer.
Texto escrito para a 6ª edição do email de curadoria do Youth Climate Leaders.