Documentário denuncia ataques sofridos pelo Parque Nacional da Serra do Itajaí
Apremavi e outros órgãos de preservação da mata atlântica em Santa Catarina denunciam em documentário, a articulação de políticos catarinenses para afrouxar leis de preservação do meio ambiente.
O documentário lançado pela Apremavi com apoio da Acaprena, da Rede de ONGs da Mata Atlântica, da Rede Pró-UC e do Observatório de Justiça e Conservação, no último dia 25/7, mostra os ataques sofridos pelo Parque Nacional da Serra do Itajaí. Políticos catarinenses articulam para que o Parque Nacional saia da categoria parque e seja registrado como Floresta Nacional, uma forma de voltar a permitir a exploração não sustentável de recursos naturais, dentro de uma área de preservação da Mata Atlântica.
O filme mostra como políticos, como o deputado Ivan Naatz (PL), presidente da Comissão de Turismo e Meio Ambiente da Alesc, declararam conclusões falsas, em audiência pública realizada no dia 29 de junho, onde o mesmo afirmou que muitas famílias, situadas dentro do parque, ainda não tinham sido indenizadas.
Segundo Wigold Schaffer, ambientalista, co-fundador e conselheiro da Apremavi, o filme é importante para a proteção do parque, pois assim a sociedade pode ver de perto o que realmente está acontecendo. “Produzimos o documentário como uma forma de resistência. Não cabe a um deputado estadual propor mudança de categoria de um parque. Os deputados catarinenses convenceram um deputado federal a protocolar um projeto de lei criminoso no congresso. Além disso, eles estão disseminando fake-news e enganando a população quando dizem que há milhares de pessoas não indenizadas, uma vez que são apenas três famílias. Nós devemos impulsionar o ecoturismo, não criar leis que desmatem a Mata Atlântica”, salienta Wigold.
Segundo a Apremavi, o discurso de que muitas famílias ainda não foram indenizadas é errôneo, uma vez que de 69 famílias situadas 100% dentro do Parque Nacional, apenas três ainda não receberam a indenização. O documentário produzido pela associação está disponível no YouTube da Apremavi e pode ser acessado abaixo:
Documentário chama atenção para a importância do Parque Nacional da Serra do Itajaí.
Ecoturismo é o futuro
Na contramão do desmatamento e da destruição do meio ambiente, o ecoturismo chega como esperança de um futuro melhor, onde exista trabalho e renda a partir da ecologia. E é assim que a Apremavi vê o futuro do Parque Nacional da Serra do Itajaí.
Conforme o Fórum Econômico Mundial (WEF), o Brasil ocupa o 1º lugar em recursos naturais no planeta e o 28º lugar no Índice de Competitividade Internacional do Turismo. Dados do Ministério do Turismo apontam que 19% do total de turistas que visitam o Brasil escolhem o Ecoturismo e o Turismo de Aventura como ponto principal da sua viagem.
Conforme a pedagoga Miriam Prochnow, co-fundadora e conselheira da Apremavi, os objetivos dos Parques Nacionais são de preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, além de proteger mananciais hídricos e a biodiversidade. “De acordo com a Lei nº 9.985/2000, o Parque Nacional da Serra do Itajaí é uma Unidade de Conservação de proteção integral e de domínio público. Isso significa que nesse espaço de preservação podemos utilizar do ecoturismo como forma de gerar emprego e renda, sem denegrir a mata”, explica Miriam.
Ainda segundo a pedagoga, o Parque Nacional da Serra do Itajaí é responsável por abrigar centenas de espécies de plantas, muitas ainda em descoberta. Além de ter em funcionamento diversas pesquisas envolvendo animais, como os pumas. “Isso é ciência e vida. Quando lutamos pela preservação do Parque Nacional, estamos falando de preservar espécies da fauna ameaçadas de extinção, como o papagaio-de-peito-roxo, o gavião-pomba, o papo-branco, o gato-maracajá, a maria-da-restinga, a onça-parda, os pumas etc. Sem mencionar espécies de plantas que ainda nem sabemos que existem. Isso tudo gera pesquisa, conhecimento e salva vidas. Além de contribuir para o turismo estadual. O parque tem capacidade de receber por ano milhares de pessoas, com atividades em trilhas ecológicas, cachoeiras, vistas deslumbrantes”.
O Parque Nacional da Serra do Itajaí foi criado em 2004, e é mantido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, que aprovou em 2009, o Plano de Manejo (PM) do Parque. O PM contempla todos os municípios que abrangem o parque, sendo eles: Ascurra, Apiúna, Blumenau, Botuverá, Gaspar, Guabiruba, Indaial, Presidente Nereu e Vidal Ramos, os quais podem desenvolver e usufruir dos recursos gerados pelo ecoturismo, uma das atividades econômicas que mais cresce no mundo.
A Organização Mundial de Turismo (OMT) aponta uma crescente no ecoturismo de 15% a 25% ao ano, enquanto o turismo convencional cresce aproximadamente 7,5%. Ainda conforme dados da OMT, o faturamento anual do ecoturismo, a nível mundial, é estimado em US$ 260 bilhões, do qual o Brasil soma cerca de US$ 70 milhões.
Turistando no Parque Nacional
De morros às nascentes, os pontos turísticos do Parque Nacional da Serra do Itajaí são variados. Pensando nisso, a Apremavi separou alguns deles para que você possa conhecer, e no futuro visitar. Eles estão divididos entre as cidades que compõem o parque.
- O morro Spitzkopf, em Blumenau, que pode receber até 300 pessoas por dia, isso equivale a mais de 100 mil visitantes por ano;
- Galerias das antigas Minas de Prata do Garcia em Blumenau;
- Setor Nascentes também em Blumenau, com cerca de 50 km de trilhas, das quais cerca de 15 km já estão abertas para uso público. Tem potencial para receber mais de 200 mil visitantes/ano;
- Travessias Leste-Oeste, com cerca de 45 km de Blumenau a Apiúna. Aproveita o traçado de estrada rural existente, que pode ser feita a pé ou de bicicleta;
E aí, ainda restam dúvidas que é possível preservar a natureza, se divertir e gerar emprego e renda para as pessoas com o ecoturismo? É de extrema importância que o Parque Nacional da Serra do Itajaí continue cumprindo seus objetivos: proporcionar o fortalecimento do turismo ecológico, proteger a biodiversidade e a água, que abastece mais de 1 milhão de pessoas na região. Todas essas atividades além de contribuir para a mitigação das mudanças climáticas, auxiliam economicamente o Brasil.
É urgente que o governo federal através do ICMBio proceda a regularização fundiária e que os deputados estaduais, federais e senadores de Santa Catarina ajudem a mobilizar recursos para indenizar os três proprietários restantes. Dessa forma será possível realizar a implementação do Parque. O futuro de Santa Catarina depende destas mobilizações. Parque Nacional é sinônimo de vida, de futuro!
Autora: Ana Laura Baldo.
Revisão: Carolina Schäffer.