Emergência climática se agrava mais rápido do que o esperado – do Observatório do Clima
Aquecimento está acelerado e meta de 2ºC, “morta”, diz cientista pioneiro
Um estudo publicado no começo de fevereiro na revista “Environment: Science and Policy for Sustainable Development” sustenta que a velocidade do aquecimento global foi subestimada, e seus efeitos serão sentidos antes do previsto. O primeiro autor, James Hansen, é pesquisador aposentado da Nasa e foi pioneiro no alerta sobre o aquecimento global.
O principal achado é que a meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura a 2ºC acima dos níveis pré-industriais já é inatingível. Com essa mudança, a taxa de aquecimento deve continuar crescendo, ultrapassando o limite de 2ºC já em 2045, agravando a emergência climática. Além disso, os pesquisadores alertam para o possível colapso da corrente oceânica do atlântico (AMOC) nas próximas décadas, o que poderia levar a um aumento significativo do nível do mar e impactos irreversíveis no clima global.
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Janeiro de 2025 foi o mais quente já registrado
Janeiro de 2025 foi o mês mais quente já registrado, com um aumento de 1,75°C em relação ao período pré-industrial (1850-1900), segundo dados do observatório climático Copernicus. Em 18 dos últimos 19 meses a elevação foi superior a 1,5°C – limite estabelecido pelo Acordo de Paris para evitar impactos climáticos catastróficos. O recorde ocorreu apesar da influência do fenômeno La Niña, que normalmente reduz as temperaturas globais, mas chegou com menor intensidade neste ciclo.
Um relatório da Berkeley Earth, divulgado em 10 de janeiro com base em dados do serviço meteorológico britânico, aponta que 2025 poderá se tornar o terceiro ano mais quente da história, mesmo sob a atuação do La Niña. Essa previsão reforça o agravamento da crise climática, evidenciado pelo aumento contínuo das temperaturas e pelos impactos em ecossistemas vulneráveis, como os recifes de coral, que já registram alertas de branqueamento.
Revisão: Carolina Schäffer.
Foto de capa: Gustavo Mansur/Secretaria de Comunicação do Estado do Rio Grande do Sul, CC BY-NC 2.0