Encarando a mudança climática: a importância e responsabilidade da comunicação

7 jan, 2025 | Mudanças Climáticas, Notícias

Quando falamos sobre mudanças climáticas, estamos diante de uma emergência global que já afeta diversos aspectos da nossa vida, como a saúde publica, a segurança alimentar, energia e a economia. Os dados recentes confirmam a urgência: 2024 está se consolidando como o ano mais quente no Brasil desde 1961, com uma temperatura média de 25,02°C — 0,79°C acima da média histórica de 1991-2020. No cenário global, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) alerta que 2024 deve superar 2023 como o ano mais quente já registrado, com temperaturas 1,54°C acima da média histórica pré-industrial.

Em novembro deste ano, a COP 30 colocará o Brasil no centro das atenções globais, quando Belém, no Pará, sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Será um momento crucial para consolidar o papel do país nas discussões climáticas internacionais e abordar temas urgentes como transição energética, justiça climática e financiamento ambiental.

Enquanto líderes e especialistas discutem soluções, a comunicação emerge como uma ferramenta central para engajar a sociedade e acelerar as mudanças necessárias. Conheça algumas publicações recentes que auxiliam na sensibilização e engajamento de cidadãos frente à emergência climática:

Jornalismos e Crise Climática: Um Estudo desde o Sul Global sobre os Vínculos do Jornalismo com a Colonialidade

A obra de Eloisa Beling Loose, jornalista, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explora o papel do jornalismo na comunicação das mudanças climáticas a partir de uma perspectiva crítica e inovadora. Baseado em estudos decoloniais, o trabalho questiona a predominância de narrativas do Norte Global, que frequentemente ignoram as especificidades e saberes do Sul Global, e analisa como essas assimetrias influenciam a forma como a crise climática é apresentada à sociedade.

A autora argumenta que o jornalismo pode ser uma ferramenta essencial para enfrentar a emergência climática, que  deve ir além da simples reprodução de discursos hegemônicos; propondo assim um jornalismo ambiental engajado, que priorize vozes marginalizadas, valorize saberes locais e conecte os desafios climáticos a contextos socioeconômicos e históricos plurais. 

O estudo revela que, embora alguns meios avancem em relação ao jornalismo tradicional, ainda reproduzem elementos do discurso dominante, como a centralidade do pensamento científico do Norte e a subvalorização de perspectivas biocêntricas. Enfatizando assim a necessidade de um jornalismo que descolonize a narrativa climática, contribuindo para um entendimento mais democrático e eficaz da crise ambiental. Por meio da obra, é possível compreender que uma comunicação ambiental bem estruturada pode não apenas informar, mas também inspirar mudanças de comportamento e pressionar por políticas públicas mais inclusivas e sustentáveis.

Jornalismos e Crise Climática Um Estudo desde o Sul Global sobre os Vínculos do Jornalismo com a Colonialidade
Manual para a Cobertura Jornalística dos Desastres Climáticos

Elaborado pelas professoras e pesquisadoras Márcia Franz Amaral, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Eloisa Beling Loose e Ilza Maria Tourinho Girardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o manual oferece uma abordagem abrangente sobre como aprimorar a cobertura jornalística de desastres relacionados à crise climática. A obra destaca a complexidade desses eventos, ressaltando suas causas multicausais, que vão além dos fenômenos naturais e incluem desigualdades sociais, degradação ambiental e falhas de governança.

A obra abrange temas como a explicação dos desastres naturais e o sistema de gestão de riscos e os desafios e perigos enfrentados pelos jornalistas na cobertura desses eventos. A obra também discute aspectos sensíveis dessa cobertura, incluindo as transmissões ao vivo, a escolha das fontes, as interseccionalidades envolvidas e a questão da desinformação. 

A publicação sugere pautas que relacionam os desastres climáticos com tópicos como o modelo de desenvolvimento, adaptação climática, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e prevenção à saúde. O manual também esclarece conceitos fundamentais, como clima, tempo e inundação, além de explorar expressões importantes, como ansiedade climática, deslocados climáticos, negacionismo climático e soluções baseadas na natureza.

“O manual pode gerar insights e abrir novas possibilidades de conexão, além de sugerir maneiras de pensarmos não apenas no desastre, mas também na prevenção, trazendo uma percepção de risco que torna as pessoas mais atentas e vigilantes. Ele nos ajuda a entender as conexões por trás dos nossos modos de vida e a questionar o modelo de desenvolvimento que está na raiz de várias crises ambientais”, afirma Eloisa Loose, uma das pesquisadoras autoras da obra, durante o lançamento no canal do OEco.

 

Manual para a Cobertura Jornalística dos Desastres Climáticos
Guia de Bolso: Comunicação Climática no Brasil

Construído pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, o guia foi criado para ser uma ferramenta prática e acessível a jornalistas, influenciadores e comunicadores que lidam com temas climáticos no Brasil. 

Ele reúne as principais informações sobre o Plano Clima, a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) do Brasil e as negociações internacionais nas Conferências do Clima da ONU. Além disso, oferece uma linha do tempo da trajetória climática no Brasil com marcos históricos da política climática brasileira e um glossário de termos das negociações climáticas e referências para aprofundamento, facilitando a compreensão das complexas questões climáticas e das negociações internacionais.

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Autora: Thamara Santos de Almeida.
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto.
Foto de capa: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

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