Espinheira-santa, um espinho que cura
Na medicina popular o chá das folhas, das cascas ou das raízes da espinheira-santa é famoso no combate à úlcera e outros problemas estomacais. Além de indicado contra vários males do aparelho digestivo, era muito usado no passado pelos índios brasileiros com outra finalidade: eles usavam suas folhas no combate a tumores (esse uso pode ter gerado um dos seus nomes populares: erva-cancerosa). Estudos mostram a indicação popular também como depurativo do sangue e no tratamento de diabetes, problemas no sistema urinário e problemas intestinais.
Em uma ampla revisão sobre o uso tradicional da espinheira-santa, Scheffer (2004) cita ainda, como indicação popular, o uso desta espécie como anticonceptivo, abortivo, anti-séptico, anti-espasmódico, diurético, anti-asmático, anti-tumoral, laxativo, cura do vício da bebida e enfermidades do fígado, para tratar a hidropisia devido ao abuso do álcool e para reduzir a produção de leite em quem amamenta.
Atualmente a espinheira santa já é manipulada pela indústria farmacêutica na produção de vários medicamentos e é sempre bom lembrar que sua utilização deve ser feita por indicação médica e não pela auto-medicação.
A espinheira santa e uma árvore pequena, ramificada desde a base, medindo até cerca de cinco metros de altura, com distribuição nos estados do sul do país, nos sub-bosques das florestas de Araucária nas margens dos rios. Ocorre também nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, porém em baixa freqüência. Também no Paraguai, Bolívia e Leste da Argentina.
O número de sementes por fruto varia de um a quatro, tendo sido observada uma variabilidade altamente significativa para este caráter dentro da espécie, é uma planta que produz frutos pequenos e vermelhos.
A espécie prefere solos úmidos em ambientes ciliares e, também, desenvolve-se bem sob luz difusa, no interior de sub-bosques, onde a floresta não é muito densa, bem como a pleno sol.
É uma excelente espécie para o plantio com fins econômicos, visando a extração de suas folhas e pode muito bem ser utilizada em Sistemas Agroflorestais.
Para a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi) essa é uma espécie prioritária para ações de conservação e uso sustentável.
Observação importante: A Apremavi reitera que o uso da espinheira santa deve ser feito com indicação médica e não se responsabiliza por orientações deixadas nos comentários.
Nome cientifico: Maytenus ilicifolia (Schrad.)
Família: Celastraceae
Utilização: altamente medicinal e também muito utilizada como paisagismo.
Coleta de sementes: diretamente da árvore quando começar a queda espontânea das árvores.
Época de coleta de sementes: dezembro a fevereiro
Fruto: carnoso (pouca polpa) deiscente
Flor: branca
Crescimento da muda: médio
Germinação: normal
Plantio: mata ciliar, sub bosque, área aberta.
Fontes Consultadas:
BLANCO, R. A. Espinheira-santa. Disponível em: http://www.jardimdeflores.com.br/ERVAS/A06espinheira.htm Data de acesso: 10 jun.2009.
CARVALHO-OKANO, R. M. Estudos taxonômicos do gênero Maytenus Mol emend. Mol.(CELASTRACEAE) do Brasil extra-amazônico. Campinas: UNICAMP, 1992. 253p. Tese (Doutorado).
KLEIN, R. M. Árvores nativas da Mata Pluvial da costa atlântica de Santa Catarina. Congresso Florestal Brasileiro contribuições e trabalhos apresentados e pareceres das comissões. p. 65-103, 1968.
LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil – Vol 02 – 2. edição. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum. 2002. 384 p.
MARIOT, M.P. et al. Dissimilaridade entre genótipos de Maytenus ilicifolia (espinheira-santa) de uma população do Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS, 2., 2003, Porto Seguro, BA. Anais… Porto Seguro : Sociedade Brasileira de Melhoramento de Plantas, 2003. 1 CD-ROM.
PROCHNOW. M. No Jardim das Florestas. Rio do Sul: Apremavi, 2007, 188p.
SCHEFFER, M.C. Uso Tradicional e atual de espécies de Maytenus. In: REIS, M.S.; SILVA, S.R. (org.). Conservação e uso sustentável de plantas medicinais e aromáticas: Maytenus spp., espinheira-santa. Brasília: IBAMA, 2004. p. 53-66.