Estamos vivendo a “fervura global”

15 ago, 2023 | Notícias

– O mundo já passou da fase do aquecimento global e agora vive a fase da “fervura global”
António Guterres, secretário-geral da ONU, Após a confirmação de que o mês de julho foi o mais quente da História.

As temperaturas do verão no hemisfério norte atingiram recordes consecutivos no último mês, colocando julho de 2023 como o mais quente desde o início dos registros, em 1940. O levantamento contínuo é realizado pelo observatório Copernicus de meteorologia, ligado à União Europeia (UE). As projeções indicam que as temperaturas devem continuar altas nas próximas semanas, inclusive no hemisfério sul, em parte por conta do fenômeno El Niño, que está acontecendo de maneira intensificada neste ano.

Samantha Burgess, vice-diretora do Copernicus, destacou em conferência que o aumento das temperaturas promove uma cascata de consequências para a Terra: “Acabamos de testemunhar as temperaturas globais do ar e as temperaturas globais da superfície dos oceanos estabelecendo novos recordes históricos. Os recordes têm consequências terríveis para as pessoas e para o planeta, que estão expostos a eventos extremos cada vez mais frequentes e intensos”.

Série histórica de temperaturas médias globais (Imagem: Copernicus).

O aquecimento global tem aumentado a intensidade e a frequência de eventos extremos no mundo todo. Incêndios na Grécia e no Canadá, ondas de calor sucessivas no sul da Europa, norte da África, sul dos Estados Unidos e parte da China, ciclones cada vez mais frequentes no litoral do Brasil e o aumento da temperatura dos oceanos são apenas algumas das consequências das mudanças no clima.

No Brasil, um inverno mais quente que o comum está sendo sentido na pele. Além da temperatura, o regime hídrico também deve ser afetado pelo El Niño, com seca nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do país, aumentando o risco de queimadas. Já na região Sul, as temperaturas típicas de inverno deverão adquirir constância apenas neste mês, e as chuvas e ciclones extratropicais já estão sendo mais frequentes e intensos, acendendo um alerta para regiões que registraram alagamentos e enchentes nas últimas décadas. O fenômeno deve ter efeito pelo menos até final de setembro. A fervura global se apresenta de várias formas.

Manchetes atribuindo ao clima a responsabilidade sobre eventos extremos não convencem mais. É preciso que os responsáveis pelas emissões, sobretudo os países e setores industriais que historicamente produziram mais gases de efeito estufa tenham respostas mais efetivas ao problema, mas o contrário parece ocorrer. Petrolíferas estão aumentando a produção, enquanto países autorizam novas perfurações e atividades de exploração. Os compromissos de redução das emissões do Acordo de Paris estão cada vez mais longe de serem cumpridos.

Enquanto isso, a Terra continua fervendo.

 

 

 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer e Thamara Santos de Almeida
Foto de Capa:  Bombeiros atuando em incêndio na Grécia, 27 de julho de 2021. ©️ REUTERS/Costas Baltas/Foto do Arquivo



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