Jovens alemães cruzam o Atlântico para aprender sobre restauração com a Apremavi
A história da Apremavi é marcada por pessoas que chegam, aprendem, contribuem e levam consigo um novo olhar sobre a natureza. Desde sua fundação a instituição promove a união das pessoas através de causas, ativismo, ciência, educação e ações concretas para a conservação e restauração da Mata Atlântica. Com mais de 40 profissionais atuando em projetos em Santa Catarina e no Paraná.
O Centro Ambiental e Viveiro Jardim das Florestas, em Atalanta (SC), é mais que a sede da instituição; ao longo dos anos tornou-se referência para quem busca aprender na prática como conservar e restaurar ecossistemas.
Entre as milhares de pessoas que já estiveram no “Jardim das Florestas” para cursos, visitas, estágios e atividades de campo, dois jovens alemães, Jakob Fritz Westerhoff e Simon de Matteis, viveram recentemente uma experiência que marcou suas trajetórias. A presença deles se soma a outras centenas de estagiários e voluntários que querem aprender e co-liderar movimentos em defesa do meio ambiente e da vida.
Um estágio que atravessa gerações
A conexão que trouxe os jovens para Atalanta começou muito antes deles nascerem. Parte da família de Jakob mora na região do Alto Vale (SC), e seu pai esteve na cidade há 30 anos. A ideia de estagiar na Apremavi surgiu a partir dessa lembrança e do interesse em revisitar a história da família: “Meu pai veio aqui há 30 anos, visitou a família e trabalhou em Atalanta. Ele sempre falou muito sobre o Brasil. Eu ouvi também sobre a Apremavi e como ela era naquela época, muito menor do que é hoje. Então decidimos vir e conhecer esse crescimento”, contou.
Simon, que veio ao Brasil pela primeira vez, aceitou o convite do amigo após terminar a escola. “O Jakob me contou sobre a família dele aqui e sobre como a Apremavi tinha mudado. Me pareceu uma oportunidade única.”
Aprendizados no Viveiro e a descoberta de uma nova biodiversidade
Para os dois, a vivência no viveiro da Apremavi proporcionou muitos aprendizados durante o estágio. Acostumados às espécies e paisagens da Europa, trabalhar com árvores nativas da Mata Atlântica foi, ao mesmo tempo, fascinante e desafiador. “Nós trabalhamos com plantas que nunca vimos antes na Alemanha. Foi muito interessante”, destacou Jakob.
Grande parte das atividades do estágio envolveu o cuidado com as mudas, limpeza dos canteiros e observação de espécies desconhecidas por eles. Tiveram a oportunidade de visitar novas áreas em restauração, como a Fazenda Painel e a Fazenda Taquara, na Serra Catarinense. Uma experiência que ampliou ainda mais o entendimento deles sobre a região.
Ao serem questionados sobre como foi conhecer a Mata Atlântica, os jovens contam que a biodiversidade impressiona, especialmente para quem vem de um país com a biodiversidade menos diversa: “É muito interessante porque muitas florestas e animais não existem na Alemanha. Também é um pouco assustador quando você sabe que pode haver aranhas ou cobras”, disse Simon, rindo ao lembrar das primeiras visitas.

Registros da entrevista realizada com Jakob Fritz Westerhoff e Simon de Matteis no Viveiro Jardim das Florestas e na Trilha da Restauração, em Atalanta. Fotos: Thamara Santos de Almeida.
O crescimento da Apremavi visto pelos olhos de fora
Um dos pontos que mais surpreendeu os estagiários foi perceber o quanto a Apremavi evoluiu ao longo das últimas décadas, um crescimento relatado por seus pais, que visitaram a região muitos anos antes: “É impressionante ver como a Apremavi cresceu. Meu pai contou como era há 30 anos, e ver o que existe hoje… é muito interessante perceber esse progresso”, afirmou Jakob.
De fato, nas últimas décadas, a Apremavi expandiu suas áreas de atuação, fortaleceu parcerias nacionais e internacionais, ampliou sua capacidade técnica e consolidou programas de restauração que já ajudaram a plantar mais de 10,5 milhões de árvores nativas. O Programa de Estágios também se diversificou, recebendo estudantes e técnicos do Brasil e de diferentes países, interessados em aprender sobre conservação, políticas públicas e manejo ambiental.
Antes de retornarem à Alemanha, os jovens fizeram questão de agradecer à organização. “Obrigado à Apremavi pela oportunidade de fazer um internamento aqui no Brasil. Foi um momento muito legal”, disse Jakob. “Eu também estou muito grato, foi uma experiência muito especial”, completou Simon.
A história dos dois jovens se soma a tantas outras que passam pela Apremavi. Ela reafirma que, além de plantar árvores, a organização também planta conhecimento, inspira futuros profissionais e conecta vidas, algumas vindas de muito longe, à Mata Atlântica. E reforça, que a Apremavi cresceu, mas continua sendo o que sempre foi: um espaço que transforma quem passa por ele.
Assista a entrevista no YouTube:
Autora: Thamara Santos de Almeida
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto
Foto de capa: Thamara Santos de Almeida