Monitoramento da restauração: guia apresenta metodologias e tecnologias para qualificar a mensuração dos resultados
A restauração ecológica não termina com o plantio de mudas nativas, pelo contrário. O caminho para que o ambiente natural se recomponha demanda um trabalho recorrente. para avaliar o progresso da recuperação do ecossistema, como o crescimento de mudas plantadas e o surgimento de regenerantes de forma espontânea, isto é, plantas que começam a crescer naturalmente, promovendo a sucessão ecológica na área. Esse monitoramento demanda preparo técnico e recursos para prover visitas nas áreas, coleta de dados por sensoriamento remoto e a aplicação de protocolos para produzir dados estatísticos.
À luz da Década da Restauração de Ecossistemas da ONU e outras iniciativas que incentivam a escala nas iniciativas de restauração ecológica, o Pacto Pela Restauração da Mata Atlântica e a Aliança Pela Restauração na Amazônia lançaram um documento dedicado a aprimorar as estratégias de monitoramento através de novas tecnologias. O principal objetivo é proporcionar maior transparência, escala e governança no monitoramento e, por consequência, incentivando o avanço dos esforços pela restauração no Brasil, de forma especial nos biomas Amazônia, altamente ameaçado pelo desmatamento; e Mata Atlântica, hotspot de biodiversidade global.
O protocolo é fruto de dois anos de trabalho de um corpo técnico-científico que contou com mais de 20 profissionais com notório saber em iniciativas que buscam a recomposição das florestas nativas. Os esforços para reunir conhecimentos em monitoramento iniciaram em 2020, com a realização de uma série de workshops online junto a especialistas em Ecologia de Restauração de Ecossistemas, Sensoriamento Remoto e Políticas Públicas. Desta forma, foram identificadas técnicas de Sensoriamento Remoto que utilizam novas tecnologias com a finalidade de aprimorar a coleta de dados e realizar as atividades de mensuração em escala, ao mesmo passo que apresentam, robustez e confiança na produção de dados para o monitoramento das atividades.
São dezenas de páginas dedicadas a apresentar novas tecnologias e seus usos possíveis para qualificar o monitoramento, como drones-RGB, sensores LiDAR (Light Detection And Ranging), imagens de satélite como o Google Earth Engine (GEE) e inteligência artificial. Os autores também destacam metodologias que podem contribuir significativamente para melhorar a qualidade, escala e frequência do monitoramento da restauração, complementando as atividades de campo com as novas ferramentas disponíveis para a coleta e análise de dados.
A publicação foi elaborada em parceria com a The Nature Conservancy (TNC) Brasil, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), Universidade Federal de Goiás (UFG) e outras instituições que pesquisam, apoiam e executam iniciativas de restauração ecológica.
O uso de ferramentas de sensoriamento remoto nas atividades de monitoramento não substitui o monitoramento tradicional, com os estudos através de parcelas em campo, essencial para a qualificação do diagnóstico e análise de áreas não amostradas para a produção de dados. O Sensoriamento Remoto é complementar, com potencial de ampliar a escala das informações coletadas.
A complementaridade fica evidente no trabalho desenvolvido pela Apremavi: ao mesmo passo que tecnologias como drones, uso de softwares de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) como o ArcGIS Survey123 e o Portal Ambiental facilitaram o trabalho dos técnicos em campo; as visitas in loco são essenciais para registrar indícios de retorno da fauna, analisar a necessidade de replantios na área, presença de plantas exóticas invasoras e até mesmo para manter a mobilização proprietários rurais parceiros, sobretudo num contexto de atuação em pequenas propriedades.
> Saiba mais sobre as tecnologias utilizadas pela Apremavi
Equipe da Apremavi em atividade de monitoramento utilizando tecnologias de geoprocessamento. Foto: Carolina Schäffer.
Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Thamara Santos de Almeida
Foto de capa: Monitoramento por drone de Área de Preservação Permanente a ser restaurada em Abelardo Luz (SC). Thamara Santos de Almeida