Proteção de nascentes: qualidade da água e preservação da mata ciliar
Na área rural, as nascentes, ou minas d’água, são a principal fonte de abastecimento de água para consumo humano. A escolha da nascente mais adequada geralmente depende de fatores como a proximidade com a casa, o declive do terreno e a facilidade de acesso. Para melhorar a qualidade da água dessas fontes, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) desenvolveu o modelo Caxambu, uma solução de baixo custo e alta eficiência que já está sendo utilizada em diversos estados, incluindo Santa Catarina e Paraná. Esse sistema ajuda a minimizar problemas como o assoreamento, a presença de resíduos orgânicos e a contaminação por enxurradas, garantindo uma água mais limpa.
O entorno das nascentes é classificado como Área de Preservação Permanente (APP), o que exige a conservação de vegetação nativa em um raio de 50 metros. Caso a vegetação esteja degradada, é necessário realizar a recuperação com árvores nativas em uma área mínima de 15 metros ao redor. A proteção dessa mata ciliar é fundamental para manter a quantidade e a qualidade da água. Além disso, é essencial evitar que animais domésticos tenham acesso às nascentes, já que isso pode contaminar a água, que, mesmo sendo de fonte natural, precisa ser analisada por especialistas para garantir que é segura para o consumo.
Matas Sociais realiza oficinas de proteção de nascentes
No dia 08 de agosto de 2024, o Programa Matas Sociais, uma iniciativa da Klabin em parceria com a Apremavi, Sebrae e prefeituras municipais das regiões de atuação, realizou uma oficina técnica de proteção de nascentes na propriedade de José Batista Maia Filho na comunidade de Espigão do Tigre em Ortigueira (PR). A oficina abordou a proteção de nascentes utilizando o modelo solo-cimento, com o objetivo de demonstrar à comunidade e aos participantes como essa técnica simples e de baixo custo pode melhorar a qualidade da água nas propriedades rurais.
A programação começou com boas-vindas e apresentação dos participantes, seguida de uma introdução de Emílio Ribas e Marcos José dos Santos colaboradores da Apremavi, que explicaram a importância do sistema solo-cimento para melhorar a qualidade da água. Eles também destacaram a necessidade de realização de análises biológicas da água para identificação da necessidade de tratamento nas caixas de reservatório que abastecem as residências.
A oficina abordou um conjunto de técnicas para garantir a boa qualidade da água, incluindo, além da proteção das nascentes, a restauração em áreas alteradas e o enriquecimento ecológico em áreas preservadas. Essas práticas visam aumentar a infiltração de água no solo e melhorar a vazão das nascentes. Em terrenos com declividade, foram recomendadas a construção de curvas de nível para evitar erosão e o assoreamento das nascentes. Na parte teórica, os participantes acompanharam a apresentação do modelo de proteção utilizando o sistema solo-cimento.
Marcos Danieli da Klabin ressaltou a importância do evento para o trabalho nos corredores do Programa Básico Ambiental Indígena (PBAI), que envolve diretamente as Aldeias Indígenas Queimadas e Mococa. Ele destacou a presença de representantes dessas aldeias, responsáveis pela coleta de sementes e produção de mudas de árvores nativas para a restauração das áreas em territórios indígenas.
Após a teoria, iniciou-se a parte prática da oficina, onde os participantes construíram o sistema de proteção da nascente, divididos em equipes que realizaram a limpeza da área, preparação da mistura solo-cimento e assentamento das pedras para formar o depósito da nascente.
Oficina de proteção de nascente realizada na propriedade de José Batista Maia Filho na comunidade de Espigão do Tigre em Ortigueira (PR) no dia 08 de agosto de 2024. Fotos: Tatiana Gonçalves.
As técnicas demonstradas durante a oficina já estão sendo replicadas nas comunidades vizinhas. Um exemplo foi a visita a uma nascente comunitária, na propriedade de Ciça Aparecida de Oliveira, também em Espigão do Tigre, onde o sistema solo-cimento foi aplicado com sucesso, beneficiando mais de cinco propriedades.
Proteção de nascente Caxambu realizada pela comunidade após a primeira oficina em Espigão do Tigre no município de Ortigueira (PR). Foto: Emílio Ribas.
O objetivo é continuar disseminando o sistema de proteção de nascentes, levando-o a outros municípios onde o Programa Matas Sociais atua. Ainda este ano, estão previstas outras ações no município de Imbaú (PR), na comunidade de Faxinal de São Pedro, como parte do Projeto Bacia Escola, desenvolvido em parceria com a Klabin, Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e a comunidade local. Essa oficina abordará a qualidade da água que abastece a cidade de Imbaú e será realizada em outubro.
Programa Matas Sociais
O Matas Sociais – Planejando Propriedades Sustentáveis é um projeto da parceria entre a Klabin, a Apremavi e o Sebrae que tem o objetivo de contribuir para o fortalecimento econômico, ambiental e social das pequenas e médias propriedades no Paraná e em Santa Catarina.
Autores: Emílio Ribas e Thamara Santos de Almeida, com informações da cartilha “Planejando Propriedades e Paisagens Sustentáveis” da Apremavi.
Foto de capa: Tatiana Gonçalves.