Unidades de Conservação cobrem menos de 10% da Mata Atlântica
A SOS Mata Atlântica publicou um novo estudo que lança luz sobre o status das Unidades de Conservação (UCs) na Mata Atlântica no âmbito da Lei da Mata Atlântica, revelando lacunas críticas e apontando caminhos para o fortalecimento da conservação e da restauração no bioma mais ameaçado do país.
A análise utilizou dados do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC) e de uso da terra do MapBiomas, cruzando informações e eliminando sobreposições entre diferentes categorias de UCs. A área efetivamente protegida na Mata Atlântica corresponde a apenas 9,8% do território coberto pela lei, bem abaixo da meta “30×30” de 30% estabelecida pelo Marco Global da Biodiversidade e assumida pelo Brasil em sua Estratégia e Plano de Ação Nacional para Biodiversidade (EPANB).
Embora a vegetação nativa ainda esteja presente em 59% das UCs, a diferença entre os tipos de unidade é marcante. As UCs de proteção integral apresentam 90,6% de cobertura de vegetação nativa, enquanto nas de uso sustentável essa proporção cai para 49,5%. Ao todo, 34% das UCs estão ocupadas por atividades agropecuárias, especialmente pastagens e mosaicos agrícolas, evidenciando a pressão do uso do solo sobre as áreas que deveriam priorizar a conservação.
“A visão do “copo meio vazio” é o pequeno número de florestas em UCs. O “copo meio cheio” é o fato que existe um grande espaço onde é possível avançar com a criação de novas UCs e com o fortalecimento da rede de Unidades já existentes. Apenas na esfera federal são dezenas de processos de criação ou ampliação de UCs na Mata Atlântica que estão em curso e é preciso compromisso e apoio para essa agenda”, relata Diego Igawa Martinez, coordenador de projetos da SOS Mata Atlântica, à Apremavi.

Status da proteção da Mata Atlântica. Imagem: Unidades de Conservação na Mata Atlântica da SOS Mata Atlântica.
O estudo aponta que alcançar a meta 30×30 na Mata Atlântica exige uma combinação de estratégias complementares, com destaque para o fortalecimento da gestão das Unidades de Conservação (UCs) existentes, a criação de novas UCs em áreas prioritárias, o incentivo à criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e a restauração de áreas degradadas dentro das UCs, especialmente aquelas de uso sustentável.
Embora a restauração seja essencial, ela não substitui a urgência da conservação, já que os processos de sucessão ecológica e recuperação plena da biodiversidade podem levar décadas ou até séculos. “Os processos de restauração florestal e condução da regeneração natural devem caminhar em conjunto com os esforços para aumento da proteção”, comenta Diego.
Autora: Thamara Santos de Almeida.
Revisão: Carolina Schäffer.
Foto de capa: Parque Nacional da Serra do Itajaí. © Carolina Schäffer.