Nova lista de espécies ameaçadas de extinção é publicada pelo MMA
No dia 8 de junho o Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou uma nova lista de espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção. Apesar da Portaria MMA nº 43/2014 prever a atualização anual, a versão que precede a lista de 2022 havia sido publicada há mais de oito anos, em 2014.
A elaboração da lista da fauna foi conduzida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); já os estudos sobre a flora ficaram sob a tutela do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A produção da lista foi realizada entre o ano de 2015 e 2021, e contou com a colaboração de diversos especialistas, além da chancela da Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio).
Segundo o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (CEPSUL), das 1249 espécies da fauna em risco:
- 668 representam resultados atualizados;
- 581 não tiveram novidades, pois não completaram o ciclo de avaliação;
- 144 espécies e subespécies saíram da categoria de ameaça;
- 219 novos táxons foram incluídos com algum grau de ameaça, sendo que 124 espécies foram avaliadas pela primeira vez.
Conheça os critérios de ameaça criados pela IUCN:.
Extintos
Extinto (EX)
Extinto na natureza (EW)
Ameaçados
Criticamente em perigo (CR)
Em perigo (EN)
Vulnerável (VU)
Menor risco
Quase ameaçado (NT)
Dependente de conservação (CD)
Pouco preocupante (LC)
Outras categorias:
Dados Deficientes (DD)
Não avaliado (NE)
Já na flora, 7.524 espécies tiveram a população estudada. Foram listadas 3.209 espécies ameaçadas: 684 estão criticamente em perigo, 1.844 em perigo e 681 vulneráveis.
O professor João de Deus Medeiros, ex-professor do Departamento de Botânica da UFSC, relata: “tivemos um salto para 3.209 novas espécies da flora na lista. Um crescimento superior a 50%. Para um país signatário da CDB, que assumiu o compromisso de estancar o processo de extinção de espécies, estamos fracassando na meta de eliminar ou pelo menos reduzir o ritmo de extinção de espécies, a perspectiva é desalentadora”.
A Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica (CDB) estabeleceu 20 metas adotadas para o período de 2011-2020, dentre elas a meta 12 determinava que a extinção de espécies ameaçadas conhecidas terá sido evitada e sua situação de conservação, em especial daquelas sofrendo um maior declínio, terá sido melhorada e mantida. Conforme João comenta, essa lista demonstra que não estamos avançando nesse sentido.
Em relação às espécies da Mata Atlântica, João destaca que a situação se agravou desde o último diagnóstico: “muitas espécies foram apontadas como ameaçadas na lista, bioma que teve aumento de desmatamento em todos os estados. A maioria das espécies descritas após 2014 já foram incluídas em algum grau de ameaça e a situação pode ser ainda mais complicada, pois mesmo com esse crescimento, sabemos que as listas são subestimadas”.
O levantamento representa a oferta de dados nacionais para a formulação de políticas conservacionistas em diferentes esferas, além do diagnóstico da situação populacional de cada táxon e da oferta de informações atualizadas para mecanismos internacionais de conservação, como o Programa Para o Meio Ambiente da ONU (UNEP) e a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Medidas urgentes para mitigar a perda da biodiversidade brasileira
O aumento no número de espécies ameaçadas no Brasil não foi uma surpresa para especialistas em conservação e ativistas socioambientais. A intensificação das ameaças para a biodiversidade do Brasil, como as queimadas, aumento no desmatamento e sucessivos cortes nas estruturas do Estado responsáveis por proteger a Natureza e os recursos naturais já denunciavam a negligência do poder público com a conservação natural nos últimos anos.
Apesar do cenário não ser nada animador, a Apremavi acredita que é preciso colocar a mão na massa para reverter a situação. A maior ameaça de extinção das espécies no Brasil é a perda de habitat, gerada pela conversão da vegetação nativa para realização de atividades antrópicas como a promoção de atividades agrícolas ou especulação imobiliária urbana sem compromisso com o meio ambiente.
Trabalhamos pela restauração da Mata Atlântica em prol da conservação da biodiversidade e dos ecossistemas, mostrando que é possível praticar atividades econômicas sustentáveis, até mesmo regenerativas ao ambiente. O planejamento de paisagens, investimento na agenda da restauração, em projetos para a recuperação das populações de modo sistêmico e em pesquisas sobre a biodiversidade são atividades essenciais para garantir a proteção da biodiversidade e da nossa própria espécie.

Algumas das espécies descritas nas novas listas de Espécies Ameaçadas de Extinção. Fotos; Arquivo Apremavi.
Autora: Thamara Santos de Almeida.
Revisão: Carolina Schäffer e Vitor L. Zanelatto.