Restauração estratégica: áreas prioritárias para biodiversidade e carbono no Brasil
O Brasil tem a meta de restaurar 12 milhões de hectares até 2030 segundo o Plano Nacional de Vegetação Nativa (PLANAVEG). Em paralelo, o Marco Global da Biodiversidade propõe a recuperação de 30% das áreas degradadas passíveis de restauração no mesmo período.
Um estudo recente do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS) apresenta uma abordagem pioneira para planejar a restauração ecológica em todo o território nacional, utilizando critérios que maximizam ganhos em biodiversidade, conectividade funcional e estocagem de carbono.
Pesquisadores utilizaram uma abordagem de Planejamento Sistemático da Conservação (SCP) para identificar as áreas prioritárias para restauração em todos os seis biomas brasileiros: Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pampa e Pantanal. O estudo considerou dois principais critérios: o ganho potencial de habitat para as espécies de fauna e flora e o aumento da conectividade funcional para espécies de médio e grande porte.
Impactos positivos da priorização
- As áreas de alta prioridade para ganho de habitat estão localizadas, principalmente, nos limites entre os biomas;
- As áreas prioritárias para a conectividade estão distribuídas dentro dos biomas, exceto na Amazônia, onde se concentram na sua porção sudeste;
- Regiões críticas incluem o arco do desmatamento na Amazônia, o Cerrado central, os limites da Caatinga, Pampa e Pantanal, e as áreas costeiras da Mata Atlântica.
Se a meta de restauração de 30% for atingida, os impactos positivos incluirão:
- Um aumento de 40% na disponibilidade de habitat para 11.048 espécies, das quais 6% são ameaçadas e 23% são endêmicas;
- Uma melhoria de 60% na conectividade funcional das paisagens restauradas;
- Um potencial de sequestro de carbono de até 9,8 milhões de toneladas de carbono.
Os resultados do estudo oferecem subsídios para a implementação de políticas e projetos de restauração ao identificar áreas estratégicas, contribuindo para a alocação eficiente de recursos e a criação de incentivos para a restauração ecológica, promovendo a conservação da biodiversidade e o enfrentamento da crise climática.

As 30% principais áreas prioritárias para restauração maximizando os ganhos de habitat e conectividade por bioma. Crédito: “Addressing the urgent climate and biodiversity crisis through strategic ecosystem restoration in Brazil”
Autora: Thamara Santos de Almeida.
Foto de capa: Wigold Schäffer.