Guapuruvu: árvore de crescimento rápido favorita do joão-de-barro
O Guapuruvu (Schizolobium parahybae), integra a família das fabáceas e é uma das árvores nativas brasileiras com desenvolvimento rápido, podendo crescer até 3 metros por ano e chegar a 20 metros de altura quando adulta. Sua imponência e beleza tornam-no uma das espécies mais admiradas da flora brasileira, com flores grandes e vistosas de pétalas amarelas.
O nome científico da espécie tem origem em sua morfologia e história de descoberta: Schizolobium significa “legume duro”, enquanto parahybae refere-se ao Rio Paraíba, local da primeira observação da árvore.
Distribuição
No Brasil, o Guapuruvu recebe diferentes nomes populares: na Bahia é chamado de pau-de-vintém, no Rio de Janeiro de fava-divina, no Rio Grande do Sul de guavirovo, e em Florianópolis é simplesmente a guapuruvu, considerada a mais bela árvore e um patrimônio cultural da população local.
O Guapuruvu ocorre naturalmente em diversos estados brasileiros, incluindo: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. É característico da Floresta Ombrófila Densa da Mata Atlântica, principalmente nas planícies aluviais e nos inícios de encostas, onde se destaca no dossel superior. Também se adapta à vegetação secundária e é capaz de formar grupamentos densos em grandes clareiras.
Polinização e frutificação
É polinizado principalmente por abelhas. Sua floração ocorre entre setembro e dezembro no Paraná e outubro a dezembro em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os frutos amadurecem de março a agosto no Paraná e de abril a agosto nos estados do Sul.
Aspectos ecológicos e cultivo
O Guapuruvu é uma espécie pioneira a secundária inicial, comum tanto em florestas primárias quanto em vegetação secundária, como capoeiras altas e clareiras florestais. Embora não seja muito longeva, cresce rapidamente em solos profundos, úmidos e férteis, preferencialmente de textura franca a argilosa, e é essencialmente heliófila, tolerando frio moderado apenas em microclimas protegidos.
A dispersão das sementes ocorre principalmente pelo vento (anemocoria) e pela gravidade (barocoria). O Guapuruvu pode ser plantado a pleno sol, em plantio puro ou misto, e apresenta brotação após cortes ou geadas. Em sistemas agroflorestais, é recomendado para cultivo junto a bananeiras ou mandioca, além de servir como proteção de culturas sensíveis a geadas, como o café.
Usos e importância
O Guapuruvu possui múltiplos usos:
- Carboidratos: a goma das sementes contém galactomananas, utilizadas em diversos produtos;
- Apícola: suas flores fornecem pólen e néctar, com alto teor de açúcar, originando mel fluído e perfumado;
- Medicinal: a casca possui propriedades adstringentes na medicina popular.*
- Paisagístico: muito utilizado em praças, parques, jardins e arborização urbana, com raízes profundas que causam poucos danos a calçamentos e muros. Recomenda-se distância mínima de 2 metros de construções;
- Restauração ambiental: ideal para recuperação de matas ciliares, favorecendo a nidificação de aves como o joão-de-barro (Furnarius rufus).

Árvore, folhas, galhos e flores do Guapuruvu (Schizolobium parahyba). Fotos: Maurício Mercadante CC BY-NC-SA 2.0 via Flickr, Taters CC BY SA 2.0 via Flickr e João Maçaneiro CC BY-NC-SA 4.0 via Flora Digital UFSC
Guapuruvu
Nome científico: Schizolobium parahyba (Vell.) Blake
Família: Fabaceae
Coleta de sementes: quando os frutos começarem a cair espontaneamente e estiverem com coloração escura. Os frutos devem ser coletados do chão.
Fruto: coloração bege a marrom, quando completamente maduro e esverdeado quando imaturo com 8,5 a 16 cm de comprimento e 3 a 6 cm de largura.
Flor: : grandes, vistosas, de pétalas vivamente amarelas de até 30 cm de comprimento.
Crescimento da muda: rápido.
Germinação: alta.
Plantio: é recomendada também para restauração de mata ciliar em locais não sujeitos a inundação.
Status de conservação: MMA: Não listada – Portaria MMA 148/2022 | IUCN: Menos preocupante (Least Concern – LN) (IUCN).
Referências consultadas:
Carvalho, P. E. R. (2019). Guapuruvu: Schizolobium parahybae.
Lorenzi, H. (2008). Árvores Brasileiras. Vol 1. 5ª edição. Plantarum.
Romão, M.V.V.; Mansano, V.F. Schizolobium in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB23143>. Acesso em: 17 set. 2025
*Os dados sobre usos medicinais das espécies nativas são apenas para informação geral, onde os estudos foram feitos com propriedades isoladas em uma quantidade específica. O uso de medicamentos fitoterápicos deve ser seguido de orientações médicas.
Autora: Thamara Santos de Almeida
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto
Foto de capa: Maurício Mercadante, CC BY-NC-SA 2.0 via Flickr