Você provavelmente já ouviu falar em Fauna, o conjunto de animais de uma região, e em Flora, que se refere às plantas. Mas e os fungos? Apesar de estarem por toda parte e exercerem funções ecológicas essenciais, até recentemente não havia um termo específico para designar o conjunto de espécies fúngicas de um território. Para preencher essa lacuna, em 2018, pesquisadores do Brasil, Argentina e Estados Unidos propuseram o termo Funga, que hoje começa a ganhar espaço como o terceiro pilar da biodiversidade.
A Mata Atlântica abriga uma extraordinária diversidade de fungos: estima-se que existam cerca de 3 mil espécies conhecidas apenas neste bioma. Dessas, 17 já estão ameaçadas de extinção, o que demonstra tanto sua riqueza quanto sua vulnerabilidade diante das pressões humanas.
Fungos recém descobertos e ameaçados
Pesquisas recentes realizadas no Parque Nacional de São Joaquim, em Santa Catarina, têm revelado espécies desconhecidas pela ciência. É o caso dos fungos Antrodia neotropica e Fomitiporia nubicola, descritos a partir de amostras coletadas em ambientes naturais da Mata Atlântica. Essas espécies estão diretamente associadas a árvores nativas e desempenham papéis importantes na decomposição e ciclagem de nutrientes, fundamentais para o equilíbrio do ecossistema.
O “The Last of Us” da vida real?
Ainda no Parque São Joaquim, nas florestas nebulares, espécies de fungos entomopatógenos, aqueles que parasitam e controlam insetos, tal como o famoso Ophiocordyceps, retratado em filmes, jogos e séries, estão sendo descobertas. Uma nova espécie deste gênero foi recentemente identificada na região, ampliando o conhecimento científico e despertando curiosidade sobre o papel desses organismos nos ecossistemas naturais.
Fungos que brilham no escuro
Na Reserva Betary, em São Paulo é possível observar, à noite, fungos bioluminescentes, como o Mycena lucentipes, que emitem um brilho verde neon. Eles são apenas algumas das seis novas espécies descritas.
Por que conservar a Funga?
Os fungos decompõem matéria orgânica, mantêm a fertilidade do solo, estabelecem relações simbióticas com plantas e até ajudam a regular o clima. Além disso, fungos atuam como bioindicadores da saúde ambiental, refletindo mudanças nos ecossistemas causadas por poluição e degradação do habitat. Sua presença, abundância ou desaparecimento pode revelar desequilíbrios. Em tempos de crise climática e de biodiversidade, conservar a Funga é tão urgente quanto conservar a Fauna e a Flora.