Onde fica a mata?

Um bioma diverso, ameaçado e presente em 17 estados brasileiros

A Mata Atlântica é considerada Patrimônio Nacional pela Constituição Federal e abrange, total ou parcialmente, 17 estados brasileiros e mais de 3 mil municípios. No Nordeste, inclui encraves florestais e brejos interioranos; no Sudeste, estende-se até partes de Goiás e Mato Grosso do Sul; e, no Sul, avança pelo interior, alcançando inclusive áreas da Argentina e do Paraguai.

Quando os primeiros europeus chegaram ao Brasil, em 1500, a Mata Atlântica cobria cerca de 15% do território nacional. Desde então, a intensa ocupação e exploração reduziram drasticamente sua extensão. Segundo o último Atlas da Mata Atlântica, da Fundação SOS Mata Atlântica, restam apenas 12% de florestas maduras e bem preservadas.

Em 2024, o bioma não apresentou queda no desmatamento, mantendo-se estável após uma redução expressiva de quase 60% no ano anterior. Foram registrados 3.156 alertas, com um total de 13.264 hectares de vegetação nativa suprimida.

Grande parte dessa perda ocorreu em Áreas de Preservação Permanente (APPs), como encostas e margens de rios. A Mata Atlântica foi o bioma com maior aumento (46,4%) de desmatamento em APPs e, ao mesmo tempo, o que apresentou o menor percentual de áreas embargadas: apenas 2% do desmatamento sofreu sanções.

Essa é a realidade com a qual convivem as populações da Mata Atlântica: um bioma altamente ameaçado, com baixa efetividade na proteção legal e grandes desafios para conservação e recuperação. Atualmente, apenas 9,8% da área da Mata Atlântica está efetivamente protegida, número muito inferior à meta global de proteger 30% dos ecossistemas até 2030 (conhecida como meta “30×30”), assumida pelo Brasil por meio da EPANB – Estratégia e Plano de Ação Nacional para Biodiversidade

Compreender o que ocorreu (e ainda ocorre) com o bioma em cada uma dessas regiões é essencial para entender sua situação atual. É como montar um grande quebra-cabeça a partir da diversidade de contextos e realidades locais.

Para aprofundar esse entendimento, recomendamos o livro Mata Atlântica – Uma rede pela floresta, editado pela Rede de ONGs da Mata Atlântica em 2006. A publicação reúne artigos que analisam a situação do bioma em diferentes estados. Os textos revelam que, em locais como Alagoas, restam apenas 6,04% da cobertura original, e no Piauí, menos de 0,1%. Também mostram como a exploração predatória intensificou-se nos últimos 100 anos, mesmo em estados com ocupação mais antiga, como São Paulo, e em estados de ocupação mais recente, como o Espírito Santo, que manteve suas florestas praticamente intactas por séculos, mas entrou no século XXI com índices de vegetação nativa semelhantes aos demais.

Além de abordar as peculiaridades ecológicas das fitofisionomias da Mata Atlântica nos estados, os textos também discutem as pressões atuais e as ações desenvolvidas para conter o avanço da destruição e promover a restauração florestal.

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