A conservação e a restauração da Mata Atlântica andam juntas
De beleza e sons impressionantes, percebidos através das cores e formas da vegetação, do canto das aves, do rugir dos animais e dos ruídos da água e do vento, a Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo, mas infelizmente, é também o segundo mais ameaçado de extinção. Mais de 70% da população brasileira mora sob seu domínio. Por isso, viver na Mata Atlântica é um grande privilégio, mas também uma grande responsabilidade. Esse foi um dos motivos para a criação do Dia Nacional da Mata Atlântica, comemorado hoje, 27 de maio.
A data foi instituída através do Decreto Presidencial de 21 de setembro de 1999. O dia 27 de maio foi escolhido em memória da famosa “Carta de São Vicente”, onde o Padre Anchieta teria descrito pela primeira vez as belezas e a biodiversidade das florestas tropicais do Brasil, em 1560.
Calcula-se que na Mata Atlântica já tenham sido descritas ao todo, mais de 20.200 espécies de vegetais (CNCFlora, 2013), muitos deles utilizados na alimentação humana ou com finalidades medicinais e ornamentais. Aproximadamente oito mil dessas espécies são consideradas endêmicas, ou seja, só existem na Mata Atlântica, e inúmeras estão ameaçadas de extinção, como a araucária, a canela-preta, o xaxim-bugio e a canela-sassafrás.
Quanto à presença de animais, estima-se que sejam encontradas mais de 1,6 milhões de espécies, incluindo os insetos e demais invertebrados. São 298 espécies de mamíferos, 600 espécies de anfíbios (Revisões em Zoologia, 2017), 200 espécies de répteis, 350 espécies de peixes e 992 espécies de aves (Pinto et al, 2012), sendo que é na Mata Atlântica que se concentra o maior nível de endemismo de aves do planeta.
A Mata Atlântica é considerada Patrimônio Nacional pela Constituição Federal e abrange total ou parcialmente 17 Estados brasileiros e mais de 3.400 municípios. Originalmente, cobria 15% do território brasileiro, área equivalente a 1.310.299 Km2. Após o processo de colonização e industrialização do país, restam 12,4% de remanescentes originais (Atlas da Mata Atlântica, 2020). Se considerarmos fragmentos bem conservados, acima de 100 hectares, o número diminui, fica em apenas 8,5%.
Dados recentes mostram que os Estados de Santa Catarina e do Paraná figuram entre os cinco com maiores taxas de desmatamento, tendo respectivamente desmatado 887 e 2.151 hectares a mais do que quando comparados com o ano anterior. Esse cenário se agrava quando lembramos que existem muito poucos remanescentes primários de Mata Atlântica, a grande maioria dos remanescentes ainda existentes é composta de florestas secundárias em diferentes estágios de desenvolvimento.
A reversão da destruição da Mata Atlântica deve ser prioridade na política ambiental do país e ser inserida na agenda global do combate à crise climática.
Os eventos extremos causados pela crise do clima são o risco mais imediato pairando sobre a humanidade nos próximos dez anos. O Planeta está cada vez mais quente e por conta disso furacões, enchentes, enxurradas, crises hídricas, secas, queimadas e muitos outros eventos extremos já são uma constante na vida da população mundial. Essa crise também amplifica a perda da biodiversidade e aumenta a crise hídrica que já afeta milhões de pessoas em diversas partes do planeta.
Diante desse cenário de emergência climática, a conservação e a restauração de paisagens e ecossistemas tem se tornado prioridade em âmbito internacional. As florestas captam dióxido de carbono da atmosfera, refletem calor, ajudam a reter a água da chuva e trazem vários outros benefícios para os seres humanos e o meio ambiente. Por isso, muitos estudos apontam que evitar o desmatamento das florestas remanescentes, conservar a biodiversidade e plantar árvores são uma das melhores formas de ajudar a combater e mitigar os efeitos da mudança do clima.
Considerando-se os benefícios para a conservação da biodiversidade e a mitigação das mudanças climáticas, a Mata Atlântica deve ser um dos Biomas com maior prioridade para a restauração no mundo,
Segundo estudo publicado na revista Nature, o bioma faz parte de um grupo de ecossistemas em que a restauração de 15% da sua área evitaria 60% da extinção de espécies previstas e, ao mesmo tempo, sequestraria o equivalente a 30% do CO2 lançado na atmosfera desde o início da revolução industrial.
Para maximizar os benefícios climáticos oferecidos pelas florestas, precisamos manter intactos os remanescentes de floresta nativa, conservar a biodiversidade, impulsionar a regeneração e restaurar as áreas que costumavam ter floresta. A conservação e restauração andam juntas!
“Conservação e Restauração andam juntas” é uma série criada pela Apremavi para mostrar que os dois processos são colaborativos e complementares e se pensados de forma conjunta, mais eficientes. Ilustracões: Vitor Sá.
Estamos na Década da Restauração e neste contexto a Apremavi se apresenta com uma experiência de mais de 30 anos em conservação e restauração. Já ajudou a criar e implantar várias Unidades de Conservação e executa projetos de restauração. Todas as mudas doadas e plantadas pelo projeto são produzidas pela Apremavi no Viveiro Jardim das Florestas.
Venha conosco. Cada árvore é importante. Cada muda conta. Cada atividade faz diferença.
Autoras: Miriam Prochnow e Carolina Schäffer.