Sassafrás, um óleo muito especial

26 maio, 2009 | Guia de Espécies

O sassafrás (Ocotea odorifera), também conhecido como canela sassafrás, casca cheirosa ou sassafrás amarelo, ocorre na Mata Atlântica nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.

É uma das espécies ameaçadas de extinção no Brasil.  Foi explorada ao extremo porque dela pode ser extraído um óleo, conhecido como óleo de sassafrás ou safrol, de grande importância para as indústrias química, alimentícia e farmacêutica. Em Santa Catarina, centenas de milhares de árvores foram abatidas, picadas e transformadas em óleo num processo a vapor, entre os anos de 1940 e 1980, nas famosas fábricas de óleo de sassafrás. A maioria da produção era exportada, inclusive para a NASA, por ser um óleo que só congela a temperaturas menores que 18 graus centígrados negativos.

Sua exploração foi tal que quando praticamente não sobraram mais as árvores, houve uma corrida para buscar as raízes que haviam ficado na terra e que também tem concentração de safrol. Sua madeira nobre também era utilizada para a fabricação de móveis de luxo.

Os nativos americanos utilizavam um óleo similar para controlar a febre.  Na medicina popular ele é indicado para purificar o sangue, estimulando o fígado a remover as toxinas do corpo, entretanto essas propriedades ainda precisam ser estudadas, pela própria toxicidade do óleo.

O alto valor do óleo de sassafrás fez com que fossem realizadas pesquisas com espécies da família piperaceae, popularmente conhecidas como piper. São arbustos que tem um óleo essencial do qual se extrai o safrol estocado em suas folhas e ramos.

A mais conhecida no momento é a pimenta longa (Piper hispidinervum), uma planta invasora encontrada no Vale do Acre (AC). Ela é arbustiva, rústica, muito exigente em luz e água, encontrada com freqüência em áreas de capoeira. Seu uso já está sendo feito de forma comercial.

Entretanto uma outra espécie, a Piper mikanianum, está sendo estuda nas florestas de Atalanta (SC), pelo professor do Departamento de Química da Universidade Regional de Blumenau (FURB), Ricardo Rebelo e promete trazer grandes novidades para esta área. Numa pesquisa que está sendo realizada com exemplares existentes dentro de um módulo experimental da Apremavi, os índices encontrados mostram que essa espécie possui 82% de safrol na composição química do óleo extraído de suas folhas.

Os estudos e usos desses arbustos, que podem ser plantados comercialmente, são muito importantes porque mostram uma outra forma de se obter esse óleo essencial, dando assim uma chance de sobrevivência para a canela sassafrás. O sassafrás é uma das espécies produzidas no Viveiro Jardim das Florestas e utilizado nos projetos de recuperação e restauração florestal da Apremavi.

A piperácea (Piper mikanianum) que está sendo estudada em Atalanta (SC). Foto: Acervo Apremavi.

Sassafrás

Nome cientificoOcotea odorifera (Vellozo) Rohwer.
Família: Lauraceae.
Utilização: madeira utilizada para fabricação de móveis, caixas, caibros, ripas e rodapés. Muito explorada para obtenção do óleo “safrol” que serve de base para fabricação de perfumes e outros óleos para máquinas pesadas e de grande precisão.
Coleta de sementes: no chão após a queda ou diretamente da árvores quando os frutos estiverem maduros.
Época de coleta de sementes: abril a junho.
Fruto: baga oval, com pouca polpa, contendo uma única semente por fruto, possuindo aproximadamente 2,5cm de comprimento.
Flor: amarela clara (creme).
Crescimento da muda: lento.
Germinação: rápida.
Plantio: sub-bosque.
Observação: espécie atualmente ameaçada de extinção. A freqüência de produção de frutos de sassafrás tem se observado em períodos cíclicos de aproximadamente três anos.

Fontes consultadas

PROCHNOW, M (org). No Jardim das Florestas. Rio do Sul: APREMAVI, 2007. 188p.

Nativas da Mata Atlântica. http://www.ipef.br/identificacao/nativas/detalhes.asp?codigo=39. Acessado em 14 de maio de 2009.

Sassafrás. http://pt.azarius.net/healthshop/herb_bags/sassafras_wood/. Acessado em 14 de maio de 2009.

Autora: Miriam Prochnow.

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