A importância da diversidade de espécies na restauração
Carta publicada por pesquisadores brasileiros na Science chama atenção para a necessidade de heterogeneidade de espécies na restauração, que deve ser próxima ao ambiente nativo.
Intitulada “Aim for heterogeneous biodiversity restoration” (em português: “mirar a restauração heterogênea da biodiversidade”) a carta publicada no dia 25 de janeiro por 17 pesquisadores brasileiros da área da biodiversidade, chama a atenção para a heterogeneidade de espécies do ecossistema de referência que deve guiar a seleção de espécies na restauração.
A preocupação trazida tem como foco dois tratados de restauração na região tropical: o programa Arco de Restauração na Amazônia, lançado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) em 2023, que lançou o compromisso de restaurar 6 milhões de hectares até 2030; e o Tratado da Mata Atlântica, lançado em outubro de 2023, que promete restaurar 54 mil hectares até 2026.
Apesar dos tratados serem ambiciosos, os autores chamam a atenção para o desafio de ter heterogeneidade nesses ecossistemas tropicais, e que comunidades e habitats homogêneos não cumprem o propósito da restauração. Os grandes programas exigem cadeias de abastecimento de sementes e sólido conhecimento científico sobre as espécies: “Para ter sucesso, a restauração em grande escala requer o desenvolvimento de políticas nacionais e regionais que promovam o fornecimento de conjuntos consideráveis de espécies responsáveis pela diversidade local e regional”, comentam os autores no artigo.
Além da diversidade, é chamada a atenção para a conservação, além da restauração: “É essencial proteger os remanescentes naturais que servem como fontes de propágulos e referências para a restauração. Os ecossistemas remanescentes também contribuem para a conectividade ecológica, permitindo e acelerando a colonização natural.”
Apremavi em busca da diversidade
A Apremavi promove a restauração de ecossistemas há mais de 35 anos. O Viveiro Jardim das Florestas, é um dos maiores viveiro de mudas nativas da região sul do Brasil. Em 2023, foram produzidas mais de 630 mil mudas de 115 espécies e coletadas sementes de 172 espécies.
Além da diversidade de espécies que é buscada na produção do Viveiro, a Apremavi está apoiando o estabelecimento de uma rede de sementes na região Sul do Brasil. Desde junho de 2023 estão ocorrendo mobilizações e capacitações de agricultores familiares de Abelardo Luz (SC) para a coleta e beneficiamento de sementes florestais nativas. Além de propiciar o desenvolvimento de mudas para a restauração levando em conta os ecossistemas de referência, a iniciativa propicia a variabilidade genética das espécies locais e valoriza o conhecimento da comunidade sobre as espécies nativas. A rede também permitirá a remuneração pelas sementes coletadas como forma de complemento na renda dos coletores.
Centro de Conhecimento em Biodiversidade
A publicação é fruto do Centro de Conhecimento em Biodiversidade, que reúne núcleos de pesquisa dedicados aos seis biomas brasileiros com o que há de mais moderno em pesquisa sobre sustentabilidade e ecologia para apresentar ao Brasil e ao mundo.
A produção científica se transforma em estratégia para orientar empresas, gestores públicos e iniciativas em soluções ambientais.
Autora: Thamara Santos de Almeida.
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto.
Foto de capa: sementes diversas sendo preparadas no Viveiro Jardim das Florestas da Apremavi. ©️ Vitor Lauro Zanelatto