Leituras para (começar a) conhecer a Mata Atlântica

24 abr, 2023 | Notícias

“Vi muitas árvores diferentes das nossas, e várias delas tinham ramos diferentes saindo de um mesmo tronco – um ramo era de um tipo, e o outro de outro – tão estranhos por sua diversidade que era certamente a coisa mais maravilhosa do mundo” – Diário de Cristóvão Colombo, 16.10.1492

Em celebração ao Dia Mundial do Livro (23/04) a Apremavi indica obras para aqueles que desejam adentrar a Mata Atlântica através das páginas de uma publicação, mergulhando nos conhecimentos e caminhando entre as belezas da biodiversidade que o bioma detém.

A exuberância das florestas impressionou os conquistadores portugueses quando eles chegaram na América A vastidão de cores e texturas foi documentada no diário que Colombo elaborava rotineiramente, quiçá o primeiro registro amplo de aspectos botânicos da vegetação litorânea na língua portuguesa. Muito antes disso, a floresta já ocupava papel central na teia densamente emaranhada do modus vivendi dos povos originários, que sempre realizavam a transmissão do conhecimento ecológico por meio das “tradições orais”.

A História da Mata Atlântica pode ser retratada a partir de diferentes lentes, formadas pelas vivências e perspectivas de quem se propôs a escrever. Há muitos títulos ao alcance, desde aqueles voltados aos conhecimentos técnicos até os romances contemporâneos. Este artigo, que certamente poderia abrigar dezenas de indicações, busca apresentar essa diversidade de perspectivas sobre esse hotspot de biodiversidade, onde já foram identificadas mais de 20.000 espécies de plantas e 2.420 vertebrados, com um alto nível de endemismo.

Araucarilândia

Publicada originalmente em 1930, descreve as observações enquadradas em grande parte pela janela do trem, de Frederico Hoehne (1882-1959) por cidades do Paraná e de Santa Catarina. Hoehne observou as florestas e sua beleza, mas também a acelerada degradação, especialmente das matas de araucárias que ainda compunham destacadamente a paisagem. Em meio aos desmontes na área socioambiental no Brasil observados com angústia e, em muitos momentos, sentimento de impotência, o clássico Araucarilândia teve uma terceira edição publicada em 2020.

A terceira edição contém apensado o caderno Araucarilândia: 90 anos depois. Nele os especialistas Clóvis Ricardo Schrappe Borges e João Paulo Ribeiro Capobianco apresentam pontos de vista importantes sobre a trajetória de Hoehne e do ambientalismo brasileiro e sobre as potencialidades e desafios do presente.

> Confira a publicação

Do Quilombo à Floresta: guia de plantas da Mata Atlântica no Vale do Ribeira

A restauração ecológica também deve ser considerada um esforço socioecológico, que abrace a diversidade em ecologia e cultura. A valorização dos saberes de comunidades tradicionais é exemplificada na publicação do Instituto Socioambiental (ISA), com a catalogação de 52 espécies vegetais da Mata Atlântica, apresentação de informações morfológicas, os usos associados nos quilombos do Vale do Ribeira e as formas de coleta, beneficiamento, armazenamento e plantio das sementes florestais.

> Acesse a obra

Fim do Futuro

Lançado em 1976 por José Lutzenberger (1926-2002), ‘Fim do Futuro?’ foi o primeiro manifesto de cunho ecológico publicado no Brasil. A leitura em nossa época possibilita a projeção de uma perspectiva histórica do ativismo ambiental no Brasil em que o autor, subscrito por nove entidades ecológicas brasileiras, listava os principais problemas ambientais brasileiros e, ao mesmo tempo, indicava caminhos e soluções para os mesmos.

> Disponível para compra na Estante Virtual

Guardiãs da Natureza

Propícia para inspirar atividades de educação ambiental, a publicação destaca o papel das Reservas Naturais do Patrimônio Natural (RPPNs) de Santa Catarina na conservação da Natureza e promoção de ambientes seguros para a preservação da biodiversidade. Conceitos como sucessão ecológica, estabelecimento de corredores ecológicos e espécies endêmicas são apresentados em uma linguagem acessível, que servem de insumo para o desenvolvimento das atividades e reflexões propostas ao longo do texto.

> Disponível no site da RPPN Catarinense

No Jardim das Florestas

A obra é uma semente que pretende estimular e inspirar ações em prol da natureza, em todos aqueles que tiverem contato com ela. Apresenta a floresta no contexto do Antropoceno, com conceitos e boas práticas para a restauração e harmonia entre as árvores da Mata Atlântica e as paisagens culturais. Também apresenta um guia de espécies nativas da Mata Atlântica e informações sobre o plantio e cuidados necessários para quem busca restaurar áreas degradadas ou plantar com objetivos paisagísticos.

> Disponível para download no site da Apremavi

Dia Mundial do Livro

Celebrado em 23 de abril, o Dia Mundial do Livro foi definido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como referência para a celebração das obras, incentivo à leitura e discussão de questões relacionadas a direitos legais. A data comemorativa é uma homenagem a três grandes nomes da literatura mundial: William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Inca Garcilaso de La Vega; autores que faleceram na data em questão.

Um dos objetos mais importantes de acesso ao conhecimento, tem seu acesso limitado para grande parte da população, por conta dos altos custos de produção, distribuição e, sobretudo, ausência de iniciativas para o fomento e incentivos ao mercado editorial.

> Veja mais: Indicações para nutrir e afagar a mente

Referências Bibliográficas

LUTZENBERGER, José. Fim do Futuro? Manifesto Ecológico Brasileiro (5a edição). Porto Alegre: Editora Movimento, 1999.
MYERS, N. et al. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, n. 6772, p. 853–858, 2000.
REZENDE, C. L. et al. From hotspot to hotspot: An opportunity for the Brazilian Atlantic Forest. Perspectives in ecology and conservation, v. 16, n. 4, p. 208–214, 2018.
TORODOV, Tzvetan. “Colombo e os ındios”. In: A conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 1991. p. 33-48.
WAGNER, Roy. A Invenção da Cultura. São Paulo: Ubu Editora, 2020. 240 p. Tradução de Marcela Coelho de Souza e Alexandre Morales.

Declarações éticas: 1. Este artigo foi inspirado no texto ‘Dez livros para (começar a) conhecer a Amazônia‘, escrito por Joaquim Melo e publicado em SUMAÚMA. | 2. Listas como essas são pessoais, sem caráter de análise técnica ou classificação. | 3. Foram preconizadas obras em circulação no mercado e/ou disponíveis para acesso virtual. | 4. Os livros foram apresentados em ordem alfabética.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto | Revisão: Thamara Santos de Almeida

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