Moradores da Mata

Cerca de 120 milhões de pessoas vivem na Mata Atlântica, com uma diversidade cultural formada por imigrantes, povos indígenas e comunidades tradicionais
A Mata Atlântica é o lar da maioria dos brasileiros

Grande parte da população brasileira vive na área originalmente coberta pela Mata Atlântica. Foi nessa faixa do território, que representa 15% da área total do Brasil, que se formaram os primeiros aglomerados urbanos e as principais metrópoles do país.

Hoje, cerca de 120 milhões de pessoas, o equivalente a 70% da população brasileira, moram, trabalham e se divertem em locais que um dia foram inteiramente cobertos por Mata Atlântica

Raízes culturais e identidades múltiplas

O povo brasileiro tem suas raízes profundamente conectadas à Mata Atlântica. Povos de diferentes origens, indígenas, africanos, europeus e asiáticos, se encontraram neste território e construíram aqui seus lares, saberes e modos de vida.

Ser brasileiro também é carregar essa multiplicidade de ancestrais, expressa na cultura, na gastronomia, na arte, na espiritualidade e nas formas de se relacionar com a natureza. A diversidade cultural da Mata Atlântica é um reflexo direto da diversidade biológica deste bioma.

Povos indígenas da Mata Atlântica

A Mata Atlântica é território ancestral de diversos povos indígenas que ainda hoje mantêm viva sua cultura e tradição. Entre eles estão os Guarani, Kaingang, Xokleng, Tupiniquim, Krenak e Terena.

Cada povo possui suas próprias línguas, cosmologias, formas de organização social e conhecimentos sobre a floresta. A relação com a natureza é central para suas identidades, espiritualidades e modos de vida.

Comunidades tradicionais

Além dos povos indígenas, a Mata Atlântica abriga comunidades tradicionais que vivem há gerações em estreita relação com a natureza:

  • Caiçaras: habitantes do litoral, descendentes de indígenas, africanos e europeus, com profundo conhecimento dos mares, restingas, manguezais e da pesca artesanal;
  • Quilombolas: descendentes de africanos escravizados que formaram comunidades autônomas, muitas vezes em terras herdadas ou ocupadas desde o fim da escravidão, mesmo que ainda hoje enfrentem desafios de regularização fundiária;
  • Caboclos ribeirinhos: vivem às margens dos rios, praticando pesca, agricultura e coleta de recursos naturais;
  • Faxinalenses: comunidades do sul do Brasil que praticam um sistema tradicional de uso coletivo da terra e dos recursos naturais;
  • Roceiros: vivem da pequena agricultura, muitas vezes aliando saberes tradicionais com práticas agroecológicas.
Saberes e modos de vida

Essas comunidades vivem da pesca artesanal, agricultura de subsistência, artesanato, extrativismo de frutos, fibras e sementes, além de práticas como a coleta de caranguejos, ostras e, historicamente, o corte do palmito (hoje ameaçado e protegido por lei).

Seu modo de vida, apesar de eventuais práticas que agridem o ambiente, define-se por seu trabalho autônomo, por sua relação com a natureza e pelo conhecimento que conservam através da tradição

Mesmo com todo esse patrimônio cultural, o modelo de desenvolvimento econômico adotado no país historicamente marginalizou e expulsou essas populações de seus territórios. Muitos grupos lutam até hoje por reconhecimento, demarcação de suas terras e acesso a políticas públicas justas.

A visibilidade social dos povos e comunidades tradicionais é resultado de décadas de resistência e organização, que hoje se conecta também à luta pela conservação da biodiversidade e da Mata Atlântica.

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