Papéis dos atores

A conservação da Mata Atlântica depende do compromisso dos diversos atores da sociedade

Cada um tem um papel a cumprir

A grande diversidade de espécies de animais e plantas depende do que restou de vegetação natural da Mata Atlântica para sobreviver. Atualmente apenas cerca de 3% da área do Bioma estão protegidos em unidades de conservação de proteção integral. Este baixo percentual de Unidades de Conservação no Bioma é hoje uma das principais lacunas para a conservação da Mata Atlântica, no longo prazo. É consenso a nível mundial que as Unidades de Conservação representam a forma mais efetiva de conservar a biodiversidade e isto indica a importância de um esforço imediato para proteger todas as principais áreas bem conservadas de remanescentes do Bioma. Demonstra também a necessidade de adoção de medidas para promover a recuperação de áreas degradadas, principalmente para interligar os fragmentos e permitir o fluxo gênico de fauna e flora.

Ainda em relação às unidades de conservação – parques, reservas etc. –, é preciso diversificar as possibilidades de conservação fora dessas áreas protegidas. Como o valor da terra na Mata Atlântica é muito alto, é necessário promover parcerias com agricultores e empresas, que são os maiores donos de terra no bioma e fomentar a criação de novas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). Atividades como o turismo e o manejo de produtos florestais não madeireiros são importantes opções para a conservação e o uso sustentável da floresta fora das UCs. É necessário também intensificar ações de criação e expansão de corredores ecológicos.

Por mais que a população esteja mais informada sobre a existência do bioma, sua biodiversidade e beleza cênica, ainda falta clareza sobre sua importância para a sobrevivência das cidades. As pessoas precisam saber (e acreditar piamente!) que regiões metropolitanas como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador ou Campinas dependem da Mata Atlântica para beber água e para garantir chuvas na quantidade e distribuição certas, e um pouco de conforto climático. Precisam ter a convicção de que preservar o cinturão verde e os mananciais dessas regiões é mais importante para suas vidas do que melhorar a fluidez do trânsito, por exemplo.

Outra questão importante refere-se ao foco econômico do País, que parece estar voltando todas as atenções para a agricultura. Com a agropecuária “salvando a pátria” com exportações recordes, a ameaça de novos desmatamentos é constante. Mesmo que a fronteira agrícola visível seja o Cerrado e a Amazônia, a Mata Atlântica é ainda uma das regiões mais produtivas do País. E mesmo estando nos estados com maior infra-estrutura e com governos mais estruturados, boa parte dessa produtividade ainda é conseguida à margem da lei: se as propriedades rurais da Mata Atlântica respeitassem os 20% de Reserva Legal e as Áreas de Preservação Permanente, teríamos muito mais do que os remanescentes atuais.

A certificação florestal é uma alternativa para valorização do manejo. O Conselho para o Manejo Florestal (FSC), através da ONG Imaflora, certificou em março de 2003, o primeiro produto da Mata Atlântica: a erva-mate, de um produtor do Rio Grande do Sul. Uma boa gestão da Mata Atlântica traria conseqüências também para os serviços ambientais prestados por seus ecossistemas, como a produção de água, proteção do solo, controle climático e absorção de carbono, além de ser um grande manancial para o desenvolvimento do turismo.

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