Nova lista de espécies ameaçadas de extinção é publicada pelo MMA

30 jun, 2022 | Notícias

No dia 8 de junho o Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou uma nova lista de espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção. Apesar da Portaria MMA nº 43/2014 prever a atualização anual, a versão que precede a lista de 2022 havia sido publicada há mais de oito anos, em 2014.

A elaboração da lista da fauna foi conduzida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); já os estudos sobre a flora ficaram sob a tutela do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A produção da lista foi realizada entre o ano de 2015 e 2021, e contou com a colaboração de diversos especialistas, além da chancela da Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio). 

Segundo o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (CEPSUL), das 1249 espécies da fauna em risco:

  • 668 representam resultados atualizados;
  • 581 não tiveram novidades, pois não completaram o ciclo de avaliação;
  • 144 espécies e subespécies saíram da categoria de ameaça;
  • 219 novos táxons foram incluídos com algum grau de ameaça, sendo que 124 espécies foram avaliadas pela primeira vez.

Conheça os critérios de ameaça criados pela IUCN:.
Categorias de ameaça

Já na flora, 7.524 espécies tiveram a população estudada. Foram listadas 3.209 espécies ameaçadas: 684 estão criticamente em perigo, 1.844 em perigo e 681 vulneráveis.

O professor João de Deus Medeiros, ex-professor do Departamento de Botânica da UFSC, relata: “tivemos um salto para 3.209 novas espécies da flora na lista. Um crescimento superior a 50%. Para um país signatário da CDB, que assumiu o compromisso de estancar o processo de extinção de espécies, estamos fracassando na meta de eliminar ou pelo menos reduzir o ritmo de extinção de espécies, a perspectiva é desalentadora”.

A Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica (CDB) estabeleceu 20 metas adotadas para o período de 2011-2020, dentre elas a meta 12 determinava que a extinção de espécies ameaçadas conhecidas terá sido evitada e sua situação de conservação, em especial daquelas sofrendo um maior declínio, terá sido melhorada e mantida. Conforme João comenta, essa lista demonstra que não estamos avançando nesse sentido.

Em relação às espécies da Mata Atlântica, João destaca que a situação se agravou desde o último diagnóstico: “muitas espécies foram apontadas como ameaçadas na lista, bioma que teve aumento de desmatamento em todos os estados. A maioria das espécies descritas após 2014 já foram incluídas em algum grau de ameaça e a situação pode ser ainda mais complicada, pois mesmo com esse crescimento, sabemos que as listas são subestimadas”.

O levantamento representa a oferta de dados nacionais para a formulação de políticas conservacionistas em diferentes esferas, além do diagnóstico da situação populacional de cada táxon e da oferta de informações atualizadas para mecanismos internacionais de conservação, como o Programa Para o Meio Ambiente da ONU (UNEP) e a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

 

Medidas urgentes para mitigar a perda da biodiversidade brasileira

O aumento no número de espécies ameaçadas no Brasil não foi uma surpresa para especialistas em conservação e ativistas socioambientais. A intensificação das ameaças para a biodiversidade do Brasil, como as queimadas, aumento no desmatamento e sucessivos cortes nas estruturas do Estado responsáveis por proteger a Natureza e os recursos naturais já denunciavam a negligência do poder público com a conservação natural nos últimos anos. 

Apesar do cenário não ser nada animador, a Apremavi acredita que é preciso colocar a mão na massa para reverter a situação. A maior ameaça de extinção das espécies no Brasil é a perda de habitat, gerada pela conversão da vegetação nativa para realização de atividades antrópicas como a promoção de atividades agrícolas ou especulação imobiliária urbana sem compromisso com o meio ambiente.

Trabalhamos pela restauração da Mata Atlântica em prol da conservação da biodiversidade e dos ecossistemas, mostrando que é possível praticar atividades econômicas sustentáveis, até mesmo regenerativas ao ambiente. O planejamento de paisagens, investimento na agenda da restauração, em projetos para a recuperação das populações de modo sistêmico e em pesquisas sobre a biodiversidade são atividades essenciais para garantir a proteção da biodiversidade e da nossa própria espécie.

Gato-maracajá

Algumas das espécies descritas nas novas listas de Espécies Ameaçadas de Extinção. Fotos; Arquivo Apremavi. 

Autora: Thamara Santos de Almeida.
Revisão: Carolina Schäffer e Vitor L. Zanelatto.

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