O ecoturismo nos Campos de Altitude

27 mar, 2025 | Notícias

Entenda como o desenvolvimento do turismo ecológico nos Campos de Altitude pode contribuir para a proteção do ecossistema.

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) definem o ecoturismo ou turismo ecológico como o “segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações“. 

Essa definição é importante: ao mesmo passo que esse segmento do turismo promove o contato das pessoas com ambientes naturais com belas paisagens e a biodiversidade dos biomas brasileiros as atividades demandam uma série de responsabilidades, buscando assegurar conservação e o menor impacto possível aos elementos da paisagem, sejam eles biológicos, como as plantas e a fauna; minerais, como as formações rochosas do local, ou culturais, como produções de valor histórico relevante de comunidades humanas que habitaram o local no passado, por exemplo. 

Pedra Furada. Foto: Arquivo Apremavi. 

Nos Campos de Altitude e em todas as áreas onde o turismo ecológico pode ser realizado, o fortalecimento dos serviços de apoio e visitação, bem como a conscientização sobre as atividades turísticas permitidas nas áreas naturais são o ponto de partida para garantir a proteção da natureza. 

Antes de ofertar atividades de turismo ecológico é preciso considerar:
∙ Potenciais impactos que as atividades podem gerar para a conservação da área; 
∙ Os riscos que a área oferta para as pessoas (como animais peçonhentos, terreno com relevo acentuado, dificuldades para a comunicação, etc.);
∙ Medidas para garantir a sustentabilidade do ambiente, como a definição de uma capacidade de suporte diária para a visitação; 
∙ Se for uma Unidade de Conservação, o que prevê o Plano de Manejo e quais são as regras da instituição administradora em relação ao turismo.

Muitas atividades de ecoturismo nos Campos de Altitude ocorrem no Parque Nacional de São Joaquim (PNSJ), um dos primeiros criados no Brasil e o primeiro em Santa Catarina, em 1961. Seu objetivo principal foi a proteção das araucárias, mas ao longo do tempo foi reconhecida a relevância da área para toda a fauna e flora além dessas árvores, e despertando o interesse de muitos visitantes. 

A EcoTrilhas Serra Catarinense é uma das empresas que atuam no PNSJ e em outras áreas de Campos de Altitude, como o Campo dos Padres. Os roteiros oferecidos demonstram que muitas pessoas estão interessadas pelo turismo ecológico na região, e também a valorização dos diversos elementos que fazem esse ecossistema ser tão importante. Entre as atividades oferecidas estão:

∙ Expedições e travessia no Campo dos Padres: proporciona uma imersão na natureza local; 
∙ Percurso de observação de Aves (birdwatching): realizada nos Campos de Altitude e na Floresta com Araucárias permitindo aos participantes apreciar a rica avifauna da Serra Catarinense;
∙ Trilhas em Cânions: passeios por formações geológicas impressionantes, como o Cânion das Laranjeiras, Cânion do Funil e Pedra Furada, onde os Campos de Altitude proporcionam paisagens deslumbrantes;
Circuito Santa Bárbara: trilha que inicia em um vale de araucárias, passando por cascatas e subindo até os Campos de Altitude da Santa Bárbara. 

Segundo Dário Lins, sócio da EcoTrilhas Serra Catarinense, o ecoturismo é extremamente importante tanto para a conservação da natureza quanto para o desenvolvimento econômico sustentável: “Ele ajuda a proteger áreas naturais, gera renda para comunidades locais e incentiva práticas mais sustentáveis. Além disso, cria empregos, movimenta a economia da região e conscientiza as pessoas sobre a importância de preservar o meio ambiente.” 

Lins também destaca a importância do planejamento e mensuração dos impactos que as visitas geram ao ambiente: “Claro, há  desafios, como o risco de turismo descontrolado, que pode acabar prejudicando a própria natureza. Por isso, é essencial ter boas políticas de gestão, controle de visitantes e educação ambiental. Quando feito de maneira correta, o ecoturismo consegue equilibrar preservação e desenvolvimento, beneficiando todo mundo – tanto a natureza quanto as pessoas que dependem dela.”

A capacitação de guias e outros trabalhadores para esse segmento do turismo é essencial para promover também o conhecimento da natureza e da história dos territórios através das visitas, incentivando os turistas a contribuir com a proteção das áreas e a reconhecer a importância das Unidades de Conservação, por exemplo. Além disso, o incremento no número de visitantes pode contribuir com a conservação, desenvolvimento social, cultural e econômico dos destinos turísticos e das comunidades locais. 

Paisagens do PN Sao Joaquim

Fotos das paisagens e da realização de trilhas nos Campos de Altitude de Santa Catarina. Fotos: Wigold B. Schäffer e Arquivo Apremavi. 

Ecoturismo consciente: o que eu preciso saber

Se você planeja conhecer uma área dos Campos de Altitude, ou outra paisagem natural do Brasil, essas são algumas atividades para uma visita tranquila e responsável:

∙ Saber quem é o proprietário da área e obter autorização para a visita (se for uma área privada) ou realizar contato para o agendamento e autorização da visita com a instituição que administra o local (se for uma área pública);
∙ Mapear a área, manter informações de localização atualizadas e, sempre que possível, contar com um um guia para a visita; 
∙ Manter junto de si todos os objetos, não coletar materiais da natureza e descartar o lixo gerado corretamente; 
∙ Verificar os riscos possíveis que o local oferece e tomar todas as medidas de proteção.

> Acesse o Guia de Conduta Consciente em Ambientes Naturais, do ICMBio
> Leia o Guia de turismo na Mata Atlântica, da SOS Mata Atlântica
> Acesse o Guia do Visitante do Parque Nacional de São Joaquim 



Campanha em prol dos Campos de Altitude

Essa matéria é fruto da campanha “Proteja os Campos de Altitude”, uma das iniciativas do projeto “Cuidando da Mata Atlântica: Articulação Região Sul da RMA”, executado numa articulação entre a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais, Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e Instituto Mira Serra, com o apoio financeiro da Fundação dinamarquesa Hempel por meio da Fundação SOS Mata Atlântica.

> Conheça a campanha 

Paisagens do PN Sao Joaquim

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer e Thamara S. de Almeida
Foto de capa: Wigold Schäffer

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