Retorno econômico de espécies nativas é destaque em nova publicação

20 dez, 2021 | Notícias

Um retorno de investimento com mediana de 15,8%, podendo alcançar 28,4% ao ano: esta é uma das principais conclusões da análise de 40 projetos de plantio de árvores nativas brasileiras em quatro dos seis biomas brasileiros.

Uma parceria entre o WRI Brasil e a Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura resultou na análise minuciosa de 40 casos de atividades econômicas sustentáveis utilizando espécies nativas, muitas delas em pequenas propriedades rurais, como as beneficiadas pelos projetos da Apremavi em Santa Catarina e no Paraná.

Dois biomas predominam nas páginas do estudo: a Amazônia e a na Mata Atlântica. As iniciativas analisadas foram realizadas por 30 diferentes agentes, como produtores rurais familiares, associações, cooperativas, ONGs e empresas rurais. Em comum para muitos dos casos está a parceria entre proprietários rurais e organizações com experiência em fornecer orientações e apresentar metodologias validadas, para aumentar a eficiência e sucesso da intervenção.

Quatro dos casos apresentados no estudo são frutos do trabalho da Apremavi. São áreas modelo implementadas entre 1964 e 2015, em diferentes cidades do Alto Vale do Itajaí (SC). Os plantios utilizaram de espécies com bom desenvolvimento no clima da Região Sul, como a Palmito-juçara (Euterpe edulis), Erva-mate (Ilex paraguariensis) e Araucária (Araucaria angustifolia).

Foto em destaque: esquema e registro fotográfico de uma área implantada em Santa Terezinha (SC) em 2015, visando o extrativismo da erva-mate. Foto: Arquivo Apremavi.
Miniaturas: mudas com potencial econômico produzidas no Viveiro Jardim das Florestas – Apremavi. Fotos: Vitor lauro Zanelatto. 

A avaliação econômica desses projetos mostrou que as taxas internas de retorno (TIR) dos investimentos variam de 2,5% a 28,4% ao ano, com mediana de 15,8%. Mais de 90% dos casos mostram TIR superior a 9% – percentual competitivo na comparação com outras atividades agropecuárias. A rentabilidade é também um indicativo de que o Brasil tem uma grande oportunidade de gerar emprego e renda de forma sustentável, valorizando a biodiversidade e conservação das florestas.

Além do retorno econômico direto, foram observados outros benefícios garantidos a partir das florestas plantadas: os modelos com espécies nativas podem retirar de 6,7 a 12,5 toneladas de dióxido de carbono equivalente da atmosfera por hectare ao ano. A preservação do solo, melhoria da qualidade da água e aumento da polinização nas áreas também produzem impacto positivo na área e em outras eventuais atividades agrícolas.
Todos os 40 casos que serviram de base para o estudo foram documentados em uma publicação, com os ciclos do arranjo e desenhos esquemáticos sobre a intervenção realizada. Confira aqui.

 
Live marcou o lançamento da publicação

Os resultados do estudo, que observou mais 12 mil hectares de terras brasileiras, foi lançado em 01/12, em uma live especial no canal do YouTube da Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura. Os painelistas contextualizaram as principais informações para fazer a análise econômica e financeira, os custos de implementação e manutenção e os diferentes contextos observados nos casos.

Na oportunidade, também foram discutidas as oportunidades que o resultado do trabalho sugere para as florestas e economia brasileira. Os modelos financeiros, elaborados a partir de dados fornecidos pelos executores e parceiros dos casos, evidenciam que a economia verde e sustentável já é uma realidade, mas precisa de escala.

“Há um enorme potencial para os produtos florestais brasileiros nas cadeias produtivas nacionais e globais. No caso do mercado de madeira tropical, por exemplo, menos de 10% da produção mundial tem origem no Brasil”, afirmou Miguel Calmon, líder da Força-Tarefa Silvicultura de Espécies Nativas da Coalizão Brasil, responsável pela iniciativa.

Confira como foi o evento de lançamento:

Autor: Vitor Lauro Zanelatto.
Revisão: Carolina Schäffer.
Foto de capa: Vitor Lauro Zanelatto.

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