34 anos construindo paisagens sustentáveis
Na última sexta-feira (09/07), a Apremavi completou 34 anos de fundação. Para contribuir com a proteção da Mata Atlântica, os fundadores da então “Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale do Itajaí” foram além das ações administrativas e começaram a colocar a mão na terra, semeando algumas sementes, que dariam origem a 18 mudinhas. O trabalho ganhou escala e pode-se afirmar que a produção de mudas nativas é parte do “DNA” da Apremavi. O potencial de produzir um milhão de mudas no Viveiro Jardim das Florestas têm papel essencial para o alcance das metas e da própria missão destacada nas primeiras linhas do estatuto da organização.
Assim como a relevância da organização para a preservação e conservação ambiental, as mudas nativas que foram colocadas na terra através dos diversos projetos desenvolvidos ao longo do tempo também cresceram, num processo contínuo. Entre muitos números e indicadores que podem ser citados para representar o trabalho da Apremavi, destaca-se o impacto nas paisagens, que representam o planejamento das propriedades rurais, a proteção dos recursos hídricos e da biodiversidade e até mesmo a diversificação da fonte de renda na agricultura familiar.
Confira alguns antes e depois propiciados pelos projetos da Apremavi em diferentes cidades, contextos e escalas ao longo do tempo.
Bosque dos Dez Anos da Apremavi
Em 1997, na data em que a Apremavi completou dez anos de fundação, os fundadores, colaboradores e sócios da organização reuniram-se para celebrar a década de trabalho e conquistas. Um bosque foi plantado em Atalanta (SC), no terreno da RPPN Serra do Pitoco, já com mudas do viveiro Jardim das Florestas. Confira como está a área agora:
Antes, em 1997, e depois, em 2021, de propriedade restaurada pela Apremavi em Atalanta (SC). Fotos: Acervo Apremavi.
Projeto Van Melle
Uma das primeiras parcerias que a Apremavi firmou foi com a Fundação Both Ends e a Van Melle Brasil, empresa da indústria alimentícia. A colaboração entre as organizações impulsionou a produção de mudas e a restauração de áreas degradadas.
Entre as muitas florestas plantadas entre 1997 e 1999, destaca-se a área de Anibo Sieves, que recebeu 1.757 mudas através do projeto e as plantou em sua propriedade rural, na comunidade de Alto Dona Luiza em Atalanta (SC). Em 2019, a Apremavi visitou a área para registrar a evolução da restauração iniciada com o plantio de 1997, veja:
Antes, em1997, e depois, em 2021, de propriedade restaurada pela Apremavi no município de Atalanta (SC). Fotos: Acervo Apremavi.
Bosques de Heidelberg
Iniciado em 1998 através de uma parceria com a ONG alemã Bund Für Umwelt und Naturschutz Deutschland (BUND), organização ambientalista sediada em Heidelberg, já nos primeiros anos começou a colocar em prática os principais objetivos do projeto: restaurar a Mata Atlântica e realizar atividades de educação ambiental. Com o passar dos anos e a parceria gerando cada vez mais resultados, já foram plantadas mais de 110 mil árvores de espécies nativas da Mata Atlântica, formando mais de 90 bosques, em 17 cidades.
Os primeiros bosques foram plantados em 1999. Um deles pode ser avistado pelos visitantes da Krüger Haus, em Trombudo Central (SC). Os proprietários da Krüger Haus desenvolvem atividades relativas à história da imigração alemã na região e também ações de educação ambiental com os visitantes. Confira o “antes e depois”:
Antes, em 1999, e depois, em 2019, de propriedade restaurada pela Apremavi em Trombudo Centra (SC). Fotos: Acervo Apremavi.
Matas Legais SC
Exemplo de sucesso do Programa Matas Legais, a propriedade de Valmor Catafesta recuperou as áreas de preservação permanente (APPs) e espécies nativas como a canela-sassafrás, a aroeira, o araçá, a guabiroba, também foram plantadas próximas à residência, para o embelezamento do local.
Esse “antes e depois”, possibilitado através da parceria entre a Apremavi e Klabin, teve início em 2007. Para diversificar a renda da propriedade, entre o plantio de eucalipto ele apostou no plantio de espécies nativas, são cerca de 5ha, totalizando 9.000 mudas. A Apremavi fez o planejamento da propriedade, orientou sobre o local para o reflorestamento com exóticas e apontou os locais com necessidade de restauração com nativas.
O trabalho de restauração realizado por Valmor, bem como o seu cuidado com a área de silvicultura, lhe valeu o título de fomentado destaque no ano de 2008, bem como, uma matéria no programa Globo Rural.
Antes, em 2007, e depois, em 2019, de propriedade restaurada pela Apremavi em Rio do Oeste (SC). Fotos: Acervo Apremavi.
Matas Legais PR
No Paraná, o Programa Matas Legais também realiza um trabalho intenso junto aos proprietários rurais. Em 2012, a equipe visitou pela primeira vez a área de Renato dos Santos Moreira no assentamento São Luiz II, na cidade de Sapopema (PR). A área a ser restaurada foi fotografada durante a visita e ilustra como a paisagem pode se regenerar rapidamente após o plantio de árvores nativas.
Além da recuperação de uma Área de Preservação Permanente de 0,22 hectares, foi implantada uma área com sistema agroflorestal. São praticamente 2 hectares que rendem à família segurança alimentar e diversificação na fonte de renda.
Renato destaca a importância da restauração: “Sem comer a gente até vive um tempo, mas sem água se dura bem pouquinho, sem a floresta o ser humano logo não vai sobreviver. A gente não tem que pensar hoje, tem que pensar daqui 20, 30 anos. A gente não sabe o que vai vir para a frente, tem que começar reflorestar hoje”.
Os trabalhos realizados no âmbito do Programa Matas Legais têm sido muito importantes na pauta da restauração e podem servir de exemplo para outras parcerias entre ONGs e setor privado, como menciona recente matéria publicada na Página 22: “Questão de Sobrevivência”.
Antes, em 2012, e depois, em 2021, de propriedade restaurada pela Apremavi em Sapopema (PR). Fotos: Acervo Apremavi.
Projeto Araucária
Desenvolvido entre 2013 e 2015 no Alto Vale e Oeste catarinense, o Projeto Araucária promoveu a conservação e recuperação de remanescentes florestais e espécies-chave da Mata Atlântica, através da implantação de sistemas agroflorestais, recuperação de áreas degradadas e enriquecimento de florestas secundárias, possibilitando o uso sustentável dos recursos naturais.
A iniciativa foi responsável pela recuperação e/ou conservação de mais de 250 hectares de áreas degradadas, algumas delas em Unidades de Conservação. Na Estação Ecológica da Mata Preta, em Abelardo Luz (SC), mais de 52.000 mudas foram plantadas em meados de 2015. Em passagem pela região, integrantes da equipe voltaram à ESEC da Mata Preta em 2019, e foi necessário o uso de drone para registrar parte dos resultados da restauração nos 25 hectares de floresta.
Antes, em 2015, e depois, em 2019, de área restaurada pela Apremavi na Estação Ecológica da Mata Preta, em Abelardo Luz (SC). Fotos: Acervo Apremavi.
Programa Matas Sociais
Além da recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e do planejamento das propriedades, o Programa Matas Sociais também colabora com ações de educação ambiental, muitas vezes com resultados visíveis nas paisagens.
Em visita a campo deste ano, a equipe do projeto resgistrou os resultados do plantio de 3.300 mudas nativas realizado em com escolas e comunidade local de Briolândia, em Ortigueira (PR).
Antes, em 2017, e depois, em 2021, de área restaurada pela Apremavi na comunidade de Briolândia, em Ortigueira (PR). Fotos: Acervo Apremavi.
Restaura Alto Vale
Ativo desde 2018, o Restaura Alto Vale pretende restaurar 320 hectares de floresta, e já cumpriu boa parte da meta, graças a parcerias de sucesso com prefeituras, escritórios da Epagri e sobretudo pequenos proprietários rurais. Um grande exemplo vem do casal Maria Hang Popenga e Ederson Resini, residentes em Presidente Nereu, no Alto Vale do Itajaí (SC).
Com as orientações para o plantio e doação das mudas necessárias, plantaram 920 mudas em áreas abertas e também para o enriquecimento ecológico, recuperando a nascente e o riacho da propriedade. O plantio foi realizado em 2018, e caminhando pela propriedade já é possível perceber a diferença que a ação fez. Confira nas fotos:
Antes, em 2018, e depois, em 2021, de propriedade restaurada pela Apremavi em Presidente Nereu (SC). Fotos: Acervo Apremavi.
Autor: Vitor L. Zanelatto.
Revisão: Miriam Prochnow.