A maioria da população do Paraná e Santa Catarina (97% e 98% respectivamente) considera importante a criação de reservas ecológicas para a imediata proteção das Florestas com Araucárias. Esse é o resultado de uma pesquisa realizada pela MQI (Marketing Quality Information), empresa do Grupo IBOPE, a pedido de um consórcio de 7 organizações não governamentais, coordenado pela The Nature Conservancy, para implementar o PICUS Araucária – (Programa Integrado de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade).

Os números do estudo são alarmantes, tanto quanto a situação de emergência que se encontra o símbolo do Paraná e todo o ecossistema da Floresta com Araucárias. A pesquisa revelou que 82% dos entrevistados do Paraná e 78% de Santa Catarina têm consciência de que as Florestas com Araucárias estão em extinção.

O estudo mostrou que a sociedade dos dois estados da região sul do Brasil não pretende ficar de braços cruzados. Do universo de entrevistados no Paraná, 81% estão dispostos a fazer algo para ajudar na conservação das Florestas. Entre os catarinenses, o sentimento é o mesmo e 77% estão propensos a ajudar a causa.

A pesquisa também apontou que parcela expressiva das populações paranaense (46%) e catarinense (51%) conhecem os benefícios ambientais gerados pela floresta com Araucárias como o equilíbrio do clima e a purificação do ar, a proteção das nascentes dos rios e da qualidade da água e a proteção de bichos e plantas.

“Conservação de Florestas significa garantia de qualidade de vida. As florestas prestam, de forma gratuita, uma série de serviços ambientais às sociedades, entre eles a manutenção da qualidade do ar e da água. Se os ecossistemas florestais nativos não forem conservados, a sociedade pagará uma conta cada vez mais alta, para sanar os danos decorrentes da redução destes serviços”, afirmou Fernando Veiga, coordenador de serviços ambientais da TNC.

A pesquisa ouviu 800 pessoas, 400 em cada estado, todas maiores de 16 anos, residentes em domicílios com telefone, entre os dias 7 a 14 de março de 2005. O intervalo de confiança estimado é de 95% e a margem de erro máxima estimada é de 4,9 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra de cada estado.

Novas áreas de conservação

O trabalho para preservar o que restou da Floresta com Araucárias já está em andamento. Em novembro de 2003, uma Força Tarefa, sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente e do IBAMA, formada por instituições públicas de pesquisa e por representantes da sociedade civil, com especialistas de formação multidisciplinar, percorreu 41 mil quilômetros dos dois estados. Em março deste ano, o diagnóstico da situação foi apresentado.

O resultado é preocupante e a situação de emergência absoluta. No Paraná, não existem mais formações originais. Restam menos de 0,8% de floresta em estágio avançado de regeneração. Em Santa Catarina, o quadro é semelhante.

Assim, com base no levantamento da Força Tarefa e com respaldo de um grupo de organizações não governamentais e pesquisadores, foi proposto ao Ministério do Meio Ambiente a criação de cinco unidades de conservação no Paraná e três em Santa Catarina. No Paraná, as novas UCs serão o Parque Nacional dos Campos Gerais (municípios de Ponta Grossa, Castro e Carambeí), Reserva Biológica das Araucárias (municípios de Imbituva, Teixeira Soares e Ipiranga), Refúgio de Vida Silvestre do Rio Tibagi (municípios de Imbituva, Teixeira Soares, Ipiranga, Ponta Grossa e Palmeira), Reserva Biológica das Perobas, (municípios de Tuneiras do Oeste e Cianorte) e Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas (município de Palmas).

Em Santa Catarina, estão propostas a criação das UCs da Estação Ecológica da Mata Preta (município de Abelardo Luz), Parque Nacional das Araucárias (município de Ponte Serrada e Passos Maia) e APA das Araucárias (mesma região).

“A nossa intenção é evitar o que aconteceu em Candói. Em 2003, um vôo mostrou que havia uma grande área com fragmentos de araucárias. Um ano depois, tudo havia sido cortado. A criação das Unidades de Conservação é a única forma de preservar as Florestas com Araucária”, afirmou Teresa Urban, integrante da Força-tarefa e presidente da ONG Rede Verde.

Outras organizações têm dedicado tempo na busca de soluções para reverter o atual quadro da Floresta com Araucárias. O PICUS Araucária, um exemplo bastante inovador e ambicioso, tem o objetivo de implementar um Programa Integrado de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade através de um modelo de planejamento de paisagem ancorado em áreas núcleo (unidades de conservação públicas e privadas) e entremeadas por atividades econômicas de uso sustentável dos recursos naturais. O objetivo é compor um mosaico de opções de uso da terra, de forma tal que permita a viabilidade ecológica e a sustentabilidade social e econômica da região.

As organizações que compõem o PICUS nesse momento são: Associação Paranaense de Proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN-PR; Associação para Preservação do Vale do Itajaí – APREMAVI; Instituto Agro-florestal – IAF; Instituto Guardiões da Natureza – ING; Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais; Sociedade Brasileira de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS, e pela The Nature Conservancy do Brasil – TNC. O programa será financiado pelo Funbio, Fundo para a Biodiversidade, e outros financiadores privados e públicos por um período estimado de 12 anos de atividades.

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