35 anos semeando ativismo pela vida de todas as espécies
Hoje completamos 35 anos de luta pela vida de todas as espécies. Celebramos a data relembrando nossas raízes, tronco, galhos, flores, frutos e sementes.
Nossas raízes
A história da Apremavi começou na virada de 1980 para 1981 quando Miriam Prochnow e Wigold B. Schaffer se conheceram em um baile de ano novo no interior de Santa Catarina. Nessa mesma década, na região da Serra da Abelha, a Terra Indígena La Klãnõ, em Ibirama (SC), que estava sendo devastada por madeireiros que atuavam sem restrições, situação que deixou o casal indignado. Na ocasião, o amigo Philipp Stumpe apresentou diversas literaturas sobre a luta ambientalista e dos povos indígenas, como o livro Não Verás País Nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão, Índios e Brancos no Sul do Brasil, de Sílvio Coelho dos Santos.
O interesse na área ambiental ficou ainda mais evidente o que os levou à procura de Lauro Bacca e Lucia Sevegnani, representantes da Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena), que sugeriram que o casal criasse uma ONG para atuar no Vale do Itajaí. Miriam e Wigold mobilizaram colegas que poderiam colaborar na nova empreitada e assim a Apremavi foi oficialmente fundada. 21 pessoas estiveram presentes na reunião de fundação, realizada em 09 de julho de 1987 em Ibirama (SC), exatamente há 35 anos.
O tronco que nos sustenta
Para cumprir nossa missão de “defender, preservar e recuperar o meio ambiente e os valores culturais, buscando a sustentabilidade em todas as dimensões e a melhoria da qualidade de vida na Mata Atlântica e outros biomas”, contamos hoje com uma equipe de quase 40 colaboradores, entre funcionários, estagiários, aprendizes, consultores e voluntários. Esses profissionais atuam em projetos para a restauração e conservação da Mata Atlântica; todos eles começam no Viveiro Jardim das Florestas, com a produção de novas árvores nativas da Mata Atlântica.
A história do viveiro começou em 1985, dois anos antes da fundação da Apremavi, com a produção das 18 primeiras mudas. Hoje o viveiro é um dos maiores viveiros do sul do Brasil, produzindo mudas de 200 diferentes espécies nativas da Mata Atlântica. Localizado na comunidade de Alto Dona Luiza, em Atalanta (SC), o viveiro é mantido com apoio de vários projetos através da demanda de mudas desses projetos para plantios de restauração ecológica, enriquecimento de florestas e recuperação de áreas degradadas.
O viveiro está equipado com estufas e galpões que dão suporte para todo o processo de produção das mudas. O viveiro é um polo tecnológico por conta de suas pesquisas, sobretudo na produção de espécies nativas da Mata Atlântica, e por conta do sistema Ellepot, implantado em 2019, ocasião em que as instalações foram ampliadas e modernizadas.
Junto ao viveiro, a Apremavi mantém um Centro Ambiental que abriga sua sede e ecoloja. Construído em 2013 com o apoio de inúmeros parceiros da região, foi idealizado para que a Apremavi pudesse desenvolver uma parte importante de sua missão institucional, que é a de compartilhar conhecimentos para a conservação da biodiversidade. Desde a sua inauguração, o Centro Ambiental já foi palco de inúmeras atividades de educação ambiental que aliam teoria e prática e diversas ações diretamente vinculadas aos projetos desenvolvidos pela Apremavi, tornando-o uma referência para outras organizações do Brasil e do exterior.
Uma rede com muitos galhos e folhas
A Apremavi acredita no intercâmbio e nas parcerias como melhor forma de enfrentar os problemas socioambientais. Esteve presente na Rio 92, onde ampliou redes, parcerias e mobilizações em prol das políticas públicas socioambientais. Ajudou a criar a Federação de Entidades Ecologistas Catarinense (FEEC) e faz parte da Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA).
Tem parcerias de sucesso com empresas, poder público, Organizações Não-Governamentais, instituições de ensino e universidades, cooperativas e associações, sempre procurando amplificar o impacto das atividades, compartilhar conhecimentos e co-construir soluções inovadoras para a proteção da Natureza. Faz parte e ajudou a criar coletivos e redes locais, nacionais e internacionais que buscam a implementação de leis ambientais e o desenvolvimento sustentável.
Integra a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais pelo Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS), o Observatório do Código Florestal, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. Também é membro e compõe o conselho do Observatório do Clima, tem assento no Conselho Brasileiro e Internacional do FSC e atua no Diálogo Florestal.
Frutos para colher
Ao longo de sua trajetória, a Apremavi mobilizou grande esforço pelo aprimoramento das políticas públicas ambientais, pela criação de unidades de conservação públicas e particulares, em ações de capacitação e educação ambiental, além de atuar diariamente na restauração e recuperação de áreas degradadas.
Atualmente desenvolve sete projetos, além de diversas iniciativas para a defesa da legislação ambiental e dos territórios, educação ambiental e desenvolvimento de saberes e tecnologias para a restauração e conservação da Mata Atlântica. Conheça os projetos que germinaram na Apremavi e estão sendo promovidos atualmente:
Clima legal: realiza plantios de árvores nativas visando a neutralização das emissões de CO2, amenizando os efeitos da crise climática e contribuindo com a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica.
Bosques de Heidelberg: desenvolvido com a ONG alemã Bund für Umwelt und Naturschutz Deutschland – BUND, promove a restauração da Mata Atlântica e a realização de ações de educação ambiental.
Matas Legais: criado em parceria com a Klabin, desenvolve ações de conservação, educação ambiental e fomento florestal, tendo como base o planejamento de propriedades e paisagens.
Matas Sociais: desenvolvido em parceria com a Klabin e o Sebrae, atua no fortalecimento econômico, ambiental e social das pequenas e médias propriedades rurais do Paraná e Santa Catarina.
Implantando o Código Florestal: atua no fomento de políticas, práticas, transparência e governança para a implantação do Código Florestal. É executado através de um consórcio liderado pelo Observatório do Código Florestal e é apoiado pela Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento – NORAD.
Conservador das Araucárias: visa a restauração florestal com espécies nativas, atrelada à captura de carbono para mitigação das mudanças climáticas, a adequação de propriedades rurais à legislação ambiental e a conservação de mananciais hídricos, do solo e da biodiversidade, bem como a melhoria da qualidade de vida da população inserida no território. É fruto da parceria entre a Tetra Pak e a Apremavi.
+Floresta: Tem como objetivo contribuir com a restauração da vegetação nativa em Abelardo Luz (SC), área de domínio de Floresta Ombrófila Mista, no Oeste do Estado de Santa Catarina, voltadas ao incremento das populações de araucária (Araucaria angustifolia), imbuia (Ocotea porosa) e xaxim (Dicksonia sellowiana), espécies vegetais ameaçadas de extinção com histórico de intensa exploração no estado.
Flores do reconhecimento
Com raízes de propósito, troncos e galhos fortes, muitas sementes germinadas, as flores vêm em forma do reconhecimento. As homenagens e os prêmios simbolizam o sucesso dos inúmeros projetos que beneficiaram a Natureza e a sociedade. Entre eles dois Prêmios Fritz Müller de Ecologia (1996 e 2021), doze Prêmios Expressão de Ecologia (1998, 2002, 2007, 2008, 2012, 2015, 2016, 2018, 2019, 2021 [2 categorias] e 2022), o Prêmio Muriqui (2010), além de estar na lista dos 500 melhores projetos ambientais do ‘Prêmios Latinoamérica Verde’ (2020).
A Apremavi também é reconhecida como uma organização que colabora com a implantação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, através do Movimento ODS SC. Também foi reconhecida como uma iniciativa de impacto e passou a integrar a plataforma Para Quem Doar, iniciativa da Rede Globo para a cultura da doação no Brasil.
Compartilhando sementes de ativismo
Com 35 anos de existência, a Apremavi aprendeu a transformar sementes em novas florestas. Esse, que um dia foi apenas ideal, hoje é realidade nos milhares de hectares restaurados na Mata Atlântica, que seguem crescendo.
Para o plantio de cada mudinha, a colaboração de muitas pessoas foi necessária. O maior ativo da organização hoje é, sem dúvidas, a poderosa rede diversa, dispersa em vários territórios e com múltiplas habilidades, mas que se unem em doação para contribuir com os projetos e praticar o constante ativismo necessário no presente. Obrigada a cada um que faz ou já fez parte dessa história, que possamos espalhar sementes, germinar e florescer juntos!
Autores: Thamara Santos de Almeida, Carolina Schäffer e Vitor L. Zanelatto