A graciosidade da Lontra

5 mar, 2014 | Bichos de Atalanta, Notícias

Não é qualquer bicho que além de ágil em terra é maravilhosamente confortável bailando na água, por isso, sem dúvida, a palavra-chave para definir a lontra (Lontra longicaudis) é graciosidade. Apropriadamente, na tradição Celta, também é conhecida como o principal símbolo de alegria e de energia feminina.

Tímida, só o que a lontra nos permite ver aqui em Atalanta são suas pegadas. Pegadas fortes que registram a volta desse animal para o frescor das corredeiras que brotam por entre a Mata Atlântica preservada da Serra do Pitoco.

Na Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), a lontra Mia, virou personagem para ilustrar materiais de Educação Ambiental. Um deles, o folder sobre a importância dos animais nativos, pode ser acessado aqui.

São encontradas por toda América Central e do Sul, desde o México até o norte da Argentina. No Brasil, estão distribuídas ao longo de todo o território, ocupando principalmente regiões próximas a ambientes aquáticos, quer seja de água doce como rios, lagos e lagoas, ou de água salobra, como estuários. Abrigam-se em cavidades rochosas e entre troncos velhos e raízes das grandes árvores localizadas nas margens dos cursos d’água.

São animais de hábitos noturnos e muitos comunicativos, capazes de assoviar, chiar e guinchar. Seus grupos sociais são constituídos pela fêmea adulta e filhotes jovens. O macho não vive em grupos e se junta à fêmea somente em épocas reprodutivas, sobretudo na Primavera e no final do Inverno. A gestação é de 2 meses com o nascimento de até 5 filhotes.

Quando adulta a lontra chega a medir entre 55 e 120 cm de comprimento e pode pesar até 20 kg. São predadores e sua dieta é composta principalmente de peixes, crustáceos, moluscos e répteis, embora também consumam pequenos mamíferos, anfíbios e aves.

É um animal de coloração castanha à exceção da região do ventre, que é mais clara. Sua pelagem espessa e sedosa é constituída por duas camadas, uma externa e impermeável e outra interna usada para o isolamento térmico. O corpo, por sua vez, é hidrodinâmico, preparado para nadar em alta velocidade chegando a alcançar 12 km/h.

Para bailar com graciosidade na água, a lontra tem patas curtas e vigorosas, com cinco dedos unidos por uma membrana interdigital o que propicia uma natação rápida. Além disso, sua cauda  longa e levemente achatada na extremidade é musculosa e flexível e constitui o principal órgão propulsor quando se movimenta dentro de água, servindo simultaneamente de leme.

Quando mergulha a lontra fecha seus ouvidos e narinas simultaneamente, podendo ficar submersa por até 6 minutos. Já para se manter à superfície sem ser notada seus pequenos olhos são localizados numa posição mais elevada da cabeça. O focinho apresenta longos pelos sensoriais – as vibrissas, que ajudam a detectar a presença da presa e de seus predadores.

Cruelmente caçada pelo alto valor da sua pele, a lontra também sofre com os efeitos negativos decorrentes da poluição dos recursos hídricos e da destruição de seu habitat. Estes fatores, além de causarem doenças, limitam a disponibilidade de itens alimentares e restringem as áreas de abrigo para o animal. Fatos estes que levam o animal a compor a lista da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) de espécies criticamente ameaçadas de extinção.

Se você é amigo dos animais e respeita o meio ambiente a Apremavi convida para participar da Campanha “Eu respeito os animais da natureza e digo não à caça”.

E se você quiser conhecer e ver de perto as peripécias desse animal gracioso que é a Lontra, a Apremavi convida todos para conhecerem o Projeto Lontra, desenvolvido pelo Instituto Ekko Brasil desde 1986. O projeto tem como objetivo principal a recuperação e a conservação de espécies e ambientes costeiros, marinhos e de água doce com foco no desenvolvimento de estudos científicos sobre a espécie Lontra longicaudis. Para saber mais, acesse.

Lontra

Nome científico: Lontra longicaudis
Ordem: Carnívora
Família: Mustelidae
Habitat: Mata Atlântica
Alimentação: peixes, crustáceos, répteis e ocasionalmente aves e mamíferos
Altura: varia de 55 a 120 cm
Peso: até 20 quilos
Fatores de ameaça: perda do habitat, poluição da água e caça predatória

Fontes consultadas

ALCALAY, N.; DIAS, L.L.; AMARAL, D.M.I.; ANTONIO,M.G.; SAGRILLO, M.; MELLO, S.C.; RAGAGNIN, L.F.M.;SILVA,N.A. da. Informações sobre tecnologia de sementes e viveiro florestal. Porto Alegre: Instituto de Pesquisas de Recursos Naturais Renováveis “AP”, 1988.
9p. (Publicação IPRNR, 22).

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 352p.

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