Marcos Odorizzi, agrônomo de profissão, mora com sua família num sítio, do qual tiram o sustento, em Ribeirão Varginha, no município de Dona Emma (SC). Adepto da agricultura natural, Marcos explica que em sua propriedade procura o máximo possível evitar a dependência de insumos externos.

Visitando a propriedade é possível observar esse fato, começando pela adubação. O processo é bastante interessante. As galinhas poedeiras são servidas com húmus de minhocas (adoram o petisco) assim, acrescentam esterco nitrogenado ao já decomposto húmus. O resultado disso é um excelente adubo que é aplicado na propriedade. Cabe lembrar que a matéria prima do húmus é o esterco de gado proveniente da produção leiteira, que é a principal fonte de renda da propriedade.

Culturas agrícolas como milho, feijão, batata-doce, abóboras, morangas, mandioca, batatinha, beringelas e tomates, são exemplos de alimentos que servem à mesa da família.

Cerca de 70% da propriedade está coberta com floresta nativa. Uma parte foi restaurada com apoio da Apremavi. Em termos convencionais alguns diriam que ele está “perdendo área agrícola”, mas com uma forte convicção Marcos e sua família sabem que estão conduzindo a propriedade de forma a respeitar os limites da natureza, ganhando em produtividade e na produção saudável de alimentos.

As conversas nas visitas ao Marcos e sua família sempre se alongam. São vários assuntos, muitas coisas a serem vistas, o tempo parece voar. Uma vez, contando histórias sobre caçadas clandestinas feitas das quais o sítio é alvo constantemente, Marcos entrou em um galpão e nos disse: – Venham aqui quero mostrar algo para vocês!

A cena era inacreditável. Enormes armadilhas confeccionadas com ferros de construção soldados para capturar tatus, pacas, cutias e outros animais silvestres. Marcos mostrou uma que pesava uns 25 kg aproximadamente. Sem dúvida o que estava armazenado em seu galpão era um verdadeiro arsenal de captura de animais silvestres. Ele informou que as armadilhas de madeira ele as destrói no mato, como é impossível destruir as de ferro ele as coleciona para que jamais possam ser utilizadas novamente. Segundo ele, ainda existe na região um verdadeiro comércio ilegal de espécies nativas, que se não for banido continuará a estimular a caça e a destruição da fauna.

Além da virtude de ser um protetor isolado da fauna na localidade, Marcos também é um exímio parceiro na restauração da Mata Atlântica. Com sua esposa Ruth, 10 filhos e um netinho contribuem a cada dia no plantio de árvores nativas na propriedade.

Os primeiros plantios foram feitos há 3 anos, hoje já se vêem frutíferas como araçás, pitangas produzindo frutos, e canafístulas e paus-cigarras embelezando a propriedade com lindas florações. Ipês, louros, cedros, perobas, uvaias, guabirobas, canelas, bracatingas, entre outras fazem parte da diversidade da flora restaurada. Algumas árvores já atingem 5 metros de altura.

A família estruturou e mantém um pequeno viveiro de mudas nativas, com cerca de 10.000 mudas, que são doadas para alunos quando escolas visitam a propriedade e também para venda. Outra beleza mantida na propriedade é uma coleção de orquídeas, que recebe o cuidado especial da Dona Ruth. O mais interessante da coleção é que a maior parte dos exemplares foi resgatada de árvores caídas, nos desmatamentos para plantio de exóticas, ainda de certa forma comuns na região do Vale Norte.

Como todo ser humano tem sonhos e planos, a família do Marcos, dentre vários planos, pensa em um futuro próximo poder trabalhar com o turismo rural na propriedade. Os elementos para fazer isso eles já tem: uma propriedade bonita, onde a natureza é bem tratada e uma família hospitaleira e acolhedora e diga-se de passagem, uma grande família Amiga da natureza.

Fotos: Leandro Casanova e Tatiana Arruda Correia

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