Daniel Medeiros, sócio da Apremavi, defende hoje seu trabalho de conclusão do curso de jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Ele escreveu um livro-reportagem sobre a hidrelétrica de Barra Grande. Uma história que continua marcando a vida das pessoas e que não pode ser esquecida.

A Apremavi parabeniza o trabalho realizado e tem certeza de que em breve o Livro “A Tragédia de Barra Grande” estará nas livrarias deste país.

Confira a sinopse.

A TRAGÉDIA DE BARRA GRANDE

A história e as histórias da hidrelétrica que afogou a floresta.

O que torna a hidrelétrica de Barra Grande única dentre outras construídas na bacia do rio Uruguai é o impacto ambiental. Conflito entre empreendedor e comunidade atingida existiu em todas as barragens da região e geração de emprego também foi uma conseqüência de todas elas. Mas a destruição de cerca de seis mil hectares de floresta com araucária é exclusividade de Barra Grande. As matas primárias não foram descritas no Estudo de Impacto Ambiental, o órgão federal responsável pelo licenciamento ambiental autorizou a construção da usina e quando o problema veio à tona um muro de concreto com cento e oitenta e cinco metros de altura, que custou R$ 1,36 bilhão, já havia sido construído no leito do rio Pelotas, entre o município catarinense de Anita Garibaldi e o município gaúcho de Pinhal da Serra.

Foi nesse momento que ONGs ambientalistas entraram com ação na justiça para impedir a derrubada da floresta. Simultaneamente, cerca de mil e cem homens partiram de diferentes estados do país para cortar as árvores que estavam no caminho do reservatório de Barra Grande. Acirrando ainda mais o conflito, pessoas que estavam prestes a ter suas terras inundadas acamparam na beira de estradas próximas ao canteiro de obras para impedir o corte das árvores e, conseqüentemente, o fechamento das comportas da barragem. É neste cenário que se desenrola A tragédia de Barra Grande.

A reportagem mostra, do ponto de vista de três personagens, os impactos ambientais, econômicos e sociais da usina hidrelétrica de Barra Grande, construída na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul. A narrativa começa em setembro de 2004 quando Lorival Tadeu da Silva, um cortador de árvores, parte do interior do Paraná para trabalhar na obra da usina. Para ele, a hidrelétrica trouxe emprego e a esperança de vida melhor. Para Miriam Prochnow, ambientalista, a mesma usina é uma tragédia, pois vai destruir uma floresta ameaçada de extinção. Para Soli Melo da Silva, a terceira personagem, Barra Grande é uma ameaça: suas terras serão inundadas pelo reservatório formado pela barragem do rio Pelotas. A partir daí, é narrada a trajetória destas três pessoas até maio de 2006.

Entre histórias pessoais são colocados os detalhes que fizeram de Barra Grande uma obra polêmica. As falhas no processo de licenciamento ambiental, as decisões judiciais que embargaram a obra, o assassinato de um trabalhador e o impacto nas comunidades atingidas pelo empreendimento são alguns dos aspectos abordados. Os detalhes são contextualizados com informações históricas a respeito do setor elétrico brasileiro, da devastação da floresta com araucária e da indústria de alumínio, grande interessada na energia gerada pela usina. Dados macroeconômicos, políticos e culturais ajudam a entender a importância da obra e as diferentes concepções a respeito de seus custos e benefícios. Como um todo, a história de Barra Grande é um exemplo de como as questões ambientais, econômicas e sociais são tratadas no Brasil de hoje em dia.

Fotos de Káthia Vasconcelos Monteiro e Miriam Prochnow

Pin It on Pinterest