De 20 a 24 de setembro de 2009 foi realizado o VI Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, em Curitiba (PR). Com o tema Conservação de áreas naturais num mundo em transformação, o evento reuniu cerca de 1200 pessoas, em palestras e discussões pautadas principalmente nos temas: aquecimento global, alterações climáticas, ameaça a conservação e pagamento por serviços ambientais. O Congresso é uma realização da Fundação O Boticário de Conservação da Natureza com apoio e parceria de diversas instituições.
Paralelo ao evento ocorreu a III Mostra de Conservação da Natureza, reunindo entidades governamentais, não governamentais, empresas e universidades na apresentação de suas ações em prol da conservação ambiental, em um espaço de integração e socialização de experiências. Simpósios sobre diferentes temas ambientais também tiveram espaço no congresso, destacando-se ainda a apresentação de trabalhos técnicos e o lançamento de livros relacionados às UCs.
A Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi) esteve representada pelo técnico Marcos Alexandre Danieli. Atualmente a Apremavi está desenvolvendo o projeto "Elaboração dos Planos de Manejo do PARNA das Araucárias e da ESEC da Mata Preta", UCs criadas em outubro de 2005 e localizadas no oeste de SC. A elaboração do Plano de Manejo do PARNA das Araucárias está em sua etapa final, e a participação no congresso propiciou o levantamento de informações que auxiliarão no fechamento do plano, servindo ainda para a interação com outras instituições e a divulgação das ações da Apremavi.
O efeito das alterações ambientais sobre a biodiversidade e as alternativas para este problema permearam o evento. A grave situação em que muitos biomas se encontram foi apresentada, os quais sofrem como a redução de seus ambientes e o conseqüente aumento nas concentrações de CO2 na atmosfera. Este fator é um dos responsáveis pelo aumento no processo de aquecimento global, em um ritmo tão acelerado que atropela o tempo necessário para que as espécies se adaptem, resultando em muitos casos de extinção. Neste contexto todos perdem, pois a conservação da biodiversidade é fundamental para que haja um mínimo de equilíbrio ecológico.
Fatos como furações, enchentes, secas e outros eventos climáticos extremos vem causando fortes impactos na vida das pessoas do Brasil e do mundo. Neste sentido, discutir alternativas para minimizar as mudanças climáticas que ameaçam as diversas formas de vida é essencial, em ações como o seminário As negociações internacionais de mudanças de clima e o Brasil, que contou com a participação da Apremavi e buscou junto com outras entidades discutir e apresentar contribuições a serem levadas pelo Governo Federal à 15ª Conferência das Partes da Convenção (COP 15) Quadro das Nações Unidas para Mudanças no Clima, a ser realizada no início de dezembro.
Dentre os simpósios realizados no congresso, um tratou da invasão das espécies exóticas e seu impacto para a conservação da biodiversidade nas Unidades de Conservação, ameaça esta que é a segunda maior causa de perda da biodiversidade do mundo. Representantes de vários estados destacaram as ações que estão sendo realizadas para minimizar este problema, e no caso específico de Santa Catarina, a representante da Fundação Estadual de Meio Ambiente (FATMA) informou que está sendo elaborado um Plano Estadual sobre Espécies Exóticas Invasoras em Unidades Conservação, e que no mês de outubro seguirão com seminários regionais em algumas cidades do estado.
Alternativas para os problemas ambientais existem e foram apresentados no congresso, as quais merecem atenção emergencial face ao contexto de interferência ambiental observado. Destaca-se o pagamento por serviços ambientais (PSA), ainda incipientes no Brasil, mas que auxilia na minimização dos conflitos pela terra e contribui para a conservação da biodiversidade. Segundo José A. Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE, a biodiversidade contribui positivamente com diversos bens e serviços essenciais para a sobrevivência humana. Nesta lista estão incluídas as provisões de comida e água, controle climático e polinização das plantas. No entanto, o papel que a biodiversidade ocupa na proteção contra os impactos climáticos é geralmente subestimado.
Uma das ferramentas para pagamento por serviços ambientais é o ICMS Ecológico, que visa contribuir para a conservação da biodiversidade através de incentivos econômicos aos municípios que possuem Unidades de Conservação em seus territórios.
Em face da importância deste instrumento, paralelo ao Congresso de UCs a Apremavi participou do lançamento do site www.icmsecologico.org.br, promovido pela TNC (The Nature Conservancy). O site divulga a situação do ICMS Ecológico nos estados brasileiros que utilizam esta ferramenta, fundamental para incentivar a criação de novas áreas protegidas tendo em vista os serviços que as florestas prestam a coletividade. O Estado de Santa Catarina ainda não possui o ICMS Ecológico e o projeto de lei que prevê sua criação tramita na assembléia legislativa há longos 14 anos.
As Unidades de Conservação se constituem numa das principais ferramentas para a conservação da biodiversidade, tendo em vista o acelerado processo de fragmentação e exploração ambiental. Estas áreas visam manter o pouco do que ainda resta de nossas áreas naturais, e ações em conjunto devem ser empreendidas para seus objetivos de conservação e disseminação de alternativas de renda sejam efetivadas. Neste aspecto, o conselho gestor das UCs é o espaço chave para a discussão destes temas e disseminação de idéias, já que as ações locais, se somadas, geram um grande impacto global. O velho ditado do pensar globalmente e agir localmente nunca esteve tão presente.