Carbono: um elemento adicional nos projetos de restauração

29 abr, 2024 | Conservador das Araucárias, Notícias

No auge da Década da Restauração dos Ecossistemas, o carbono tem desempenhado um papel crucial para alavancar a restauração ecológica no mundo, entretanto o caminho para a verdadeira restauração dos ecossistemas ainda é longo.

Mesmo tendo criado um sistema econômico que desencoraja a emissão excessiva de carbono e incentiva a inovação e a adoção de práticas mais sustentáveis, o mercado de carbono ainda não aborda diretamente todos os custos associados à cadeia da restauração e isso é uma lacuna que precisa ser mitigada.

Restaurar um ecossistema engloba, entre outras etapas, o trabalho de coleta de sementes, de produção de mudas, de plantio, de manutenção e monitoramento das áreas, além dos aspectos sociais de engajamento dos parceiros para as ações e formação dos atores executores. Essa cadeia tem o potencial de trazer benefícios para a biodiversidade, para os serviços ecossistêmicos e permitir a sustentabilidade no longo prazo.

O carbono é um elemento adicional, entra como um impulsionador do mercado e das ações para o combate da crise climática, entretanto é urgente que saiamos da lógica de compra de créditos de carbono e passemos a investir verdadeiramente em projetos de restauração de alta qualidade, só assim conseguiremos atingir a escala na restauração que precisamos para mitigar as crises em curso”, comenta Miriam Prochnow, cofundadora, diretora e coordenadora de projetos da Apremavi.

Uma das formas de alcançar essa mudança de paradigma, é investir na capacitação dos atores da cadeia da restauração como implementadores e executores de projetos de restauração que tenham o carbono como componente adicional. Essas formações têm o potencial de transformar o sistema e impulsionar o desenvolvimento de projetos que tenham cada vez mais qualidade e condições de ajudar no enfrentamento do desafio da década, a crise climática.

 

Capacitação em projetos de carbono do Pacto Mata Atlântica

Entre os meses de março e abril a Apremavi participou e ajudou a ministrar a “Capacitação em Projetos de Carbono” idealizada pela força-tarefa de carbono do Grupo de Trabalho Mecanismos Financeiros do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, rede que a Apremavi integra desde que foi fundada, há 15 anos, e onde atua como conselheira e Unidade Regional.

Abertura

Registros da capacitação em projetos de carbono do Pacto Mata Atlântica que ocorreu no Centro de Experimentos Florestais SOS Mata Atlântica em Itu (SP). Fotos: Carolina Schäffer, Weliton Oliveira, Marília Borgo e Pacto pela Restauração da Mata Atlântica

A formação foi desenhada para as Unidades Regionais e membros do Pacto interessados em desenvolver e implementar projetos de carbono na Mata Atlântica. Ela abordou temáticas como serviços ecossistêmicos, metodologias e plataformas de verificação, precificação do carbono, certificação de projetos de carbono de alta qualidade e ainda monitoramento de projetos de carbono.

Dividido em cinco módulos, com dinâmicas virtuais e uma semana de aula presencial, no Centro de Experimentos Florestais SOS Mata Atlântica em Itu (SP), os mais de 40 participantes tiveram também a oportunidade de conhecer projetos de carbono que já estão em desenvolvimento na Mata Atlântica, como o Conservador da Mantiqueira, o Projeto Agrupado de Reflorestamento da APA do Pratigi e o Conservador das Araucárias, fruto da parceria entre a Apremavi e a Tetra Pak.

Apresentar o Conservador das Araucárias para um grupo formado por especialistas em restauração de um dos biomas mais ameaçados de extinção do Brasil, além de trazer a oportunidade conexão com essa rede de multidisciplinar de atores, também nos deu a oportunidade de ouvir sugestões para superarmos os desafios enfrentados no nosso projeto”, comenta Carolina Schaffer, vice-presidente e coordenadora de projetos da Apremavi e uma das ministrantes do curso. 

O propósito do Pacto agora é que este grupo continue engajado e desenvolvendo habilidades práticas para liderar projetos no território e para impulsionar iniciativas de restauração.

Autora: Carolina Schäffer.
Foto de capa: ©️ Weliton Oliveira.

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