A Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), desde sua criação, sempre teve como missão demonstrar que a recuperação da Mata Atlântica é possível. Uma das primeiras idéias foi a criação de um viveiro de mudas nativas que viesse a atender essa demanda. Isso começou com a produção simbólica de 18 mudinhas em fundo de quintal no município de Ibirama (SC) no ano de 1987.

Por questões de logística o viveiro de mudas nativas da Apremavi foi transferido para Atalanta e, para estruturar todo esse trabalho, houve a necessidade de contratar mão-de-obra. Era necessário encontrar alguém que conhecesse as árvores nativas, épocas de floração e frutificação, que soubesse sobre beneficiamento de sementes nativas, como fazer sementeiras, enfim, tudo o que é necessário para produzir mudas nativas. Até aí tudo certo, mas a questão era encontrar uma pessoa. Quem teria sensibilidade e algum conhecimento prático para começar tal trabalho? Haveria alguém com essas aptidões? É aí que entra em cena o nosso personagem desse mês: Mauri da Luz.

Mauri foi contratado em 1991 pelo casal Wigold Schaffer e Miriam Prochnow, para cuidar da sua propriedade, em Atalanta. Antes disso, ele já havia trabalhado na agricultura e também como auxiliar de mateiro. Ele conta que sempre que tinha tempo vago, aproveitava para andar pela floresta. Começou aí um laço de amor e respeito com a natureza. Em suas caminhadas pelos remanescentes de mata nativa da região sempre trazia sacolas cheias de sementes de cedro, peroba, sassafrás, pitanga, ipê, canela, enfim, sementes das mais diversas espécies. Estas sementes, a partir de 1992, ele próprio ajudava a semear no Viveiro Jardim das Florestas que a Apremavi acabara de implantar em Atalanta.

Mauri fala que no início não tinha conhecimento sobre a atividade de coletar sementes e produzir mudas nativas, “o meu trabalho era cuidar da propriedade, mas quando sobrava um tempinho eu saía pelos matos atrás de sementes”.

Mais forte que o conhecimento, ainda então pouco, considerando a falta de experiência nessa atividade, foi a dedicação e persistência demonstrados por ele no singelo trabalho de reproduzir as árvores nativas da Mata Atlântica.

Desde logo, entusiasta com o trabalho, envolvia também a sua família nas tarefas de coleta de sementes, enchimento de saquinhos, construção de sementeiras, canteiros e nos cuidados com as mudinhas plantadas.

Leandro, técnico da Apremavi, lembra que certa vez quando foi acompanhar o Mauri em uma de suas coletas de sementes ficou impressionado com o olho clínico dele para enxergar as sementes de canela-preta, “eu olhava, olhava e não conseguia achar as sementes”, em pouco tempo no semblante do Mauri um sorriso largo, mostrando que já estava com seu baldinho cheio de sementes.

Sem sombra de dúvida o Mauri é um pioneiro na produção de mudas nativas. A sua dedicação e obstinação por esse trabalho fez dele um profundo conhecedor e profissional experiente na arte de promover o ressurgimento das florestas.

Perdeu-se as conta de quantas vezes o Mauri pediu para sair da Apremavi, sem exagero umas seis vezes. Seis vezes saiu, mas seis vezes retornou. Não adianta, está no sangue das veias o amor por essa arte singela: coletar sementes e produzir mudas nativas, o que intuitivamente significa “promover a vida” e perpetuar a biodiversidade da Mata Atlântica.

Profissionalismo a parte, o Mauri é uma “figura” dessas televisivas. Tristeza é uma palavra que não existe em seu vocabulário, que o digam seus colegas de trabalho. Trabalhar com Mauri garante uma rotina sem estresse. É claro que é difícil algum colega escapar de suas piadas.

Para a Apremavi é importante contar com uma pessoa que há tantos anos tem colaborado para preservação e recuperação da natureza. A Mata Atlântica e as futuras gerações agradecem….

Por isso tudo, Mauri da Luz é um Amigo da Natureza.

Fotos: Miriam Prochnow e arquivo da Apremavi.

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