Partiram numa nuvem de pó 15.000 mudas de árvores de espécies nativas, com rumo ao estado do Rio de Janeiro.

"Mas oooolha! Nunca mandamos mudas para tão longe!", comenta Vilson com seu sotaque de Atalantense, de dentro de uma de suas incontáveis camisetas de listras. Aliás, cursa um comentário entre seus colegas, de que ele não usa outras que não essas de linhas horizontais, a sua marca registrada.

A Apremavi produz mudas de mais de 100 espécies de árvores no seu viveiro de mudas Jardim das Florestas. É em Atalanta, coração do estado de Santa Catarina, a região é conhecida como "Alto Vale do Itajaí".

Bacia do Rio Itajaí. Fora do estado de SC, é no Rio Itajaí-açú que se pensa ao ouvir a palavra "Itajaí". O rio das enchentes, não por último também ocasionadas pelo desmatamento das últimas décadas. Os rios estão assoreados… a erosão faz com que milhares de toneladas de sedimentos, terra boa, fértil, e areia, pedras, acabem parando no leito dos rios a cada chuva. As florestas protegiam o solo, outrora, impedindo a erosão. O solo da floresta absorvia a água, que aflorava em outros lugares em nascentes e vertentes de córregos, ribeirões, juntando-se uns aos outros davam por fim num rio… dos mirins, pequenos, passavam aos grandes, açús.

Muitas dessas nascentes se foram, secaram. E a Floresta, a Mata Atlântica também se foi, desapareceu em quase todo o estado. A menos de 7% da sua área original reduzido, este bioma de enorme biodiversidade continua sob pressão. Das suas fitofisionomias, é a Floresta Ombrófila Mista, a Floresta de Araucárias, a mais ameaçada. E as poucas áreas remanescentes desta floresta tão característica para o sul do Brasil são cortadas por madeireiros inescrupulosos, ou então colocadas em terceiro plano pelos poderes executivos e judiciários do Brasil, a exemplo da fraude de Barra Grande.

Portanto, repor o que se foi: "cada árvore plantada conta!", uma frase que se ouve com frequência no Jardim das Florestas. Hoje foram contadas um bocado delas, Edegold Schäffer que o diga. Controlando a ficha, assegura-se de que todas as plantinhas encomendadas estejam alinhadas à espera do caminhão, uma carreta que entusiasma alguns pelo tamanho, outros pelo conteúdo… guabirobas, araçás, ingás, perobas, angicos, sibipirunas, ipês, uvaias, são algumas das mais de 30 espécies de árvores, ainda plantinhas, que foram alinhadas nesta 5a feira de pouco sol dentro da carreta.

Quase duas horas para empilhar tudo, todo cuidado é pouco, o motorista puxa e amarra a lona, Sidnei aproveita para dar uma olhada minuciosa na cabine dessa máquina toda, "o volante gira pra esquerda e direita! Não é diferente do que num carro, não!" chisteia, comenta com cara de malandro ao voltar aos demais do grupo (Geraldo, Leandro e Ivo), e juntos se despedem do caminhoneiro, caminhão e carga, que partem por fim pela estrada de chão, levantando uma nuvem de pó, com rumo ao Rio de Janeiro…

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