Desta vez não foi apenas em meio a uma núvem de pó que partiram 10.000 mudas de cerca de 30 espécies de árvores nativas. "E se foram numa nuvem de buzinada", observa Vilson enquanto o caminhão faz a curva, passando junto às estufas, buzinando como que dando com isso início à viagem. Na verdade é apenas a lona por cima da carga que está faltando, já que é para longe que vão essas plantinhas todas.

O Viveiro Jardim das Florestas da Apremavi produz no interior de Santa Catarina, na cidade de Atalanta, mudas de 100 espécies de árvores nativas. E isso há mais de 10 anos, mas é agora que se está tornando um hábito enviar tantas mudas seguidas, e para tão longe. Semana passada, foram 15.000 ao Rio de Janeiro, as de hoje seguem a Maringá (PR).

Estado que precisa com urgência dessas árvores, uma vez que a cobertura vegetal do Paraná foi tão reduzida que parece ser quase inexistente, olhando-se para o mapa de 2002 da SEMA (Secretari de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná).

Mapa da cobertura florestal
do Paraná
"Não há mais nem 1% de nossa floresta de araucária em pé. Em outras palavras, aniquilamos 99% daquelas a quem, hipocritamente, chamamos árvore-símbolo", diz o Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado Paraná Luiz Eduardo Cheida, citando o exemplo do Pinheiro-do-Paraná, a Araucaria angustifolia.

E é por isso mesmo, que araucárias não poderiam deixar de serem enviadas junto com as demais espécies, nessa manhã de 4a feira, dia 01 de dezembro. Uma viagem longa, são lá seus 1.000 km até o oeste do Paraná.

Na manhã do dia seguinte, chegaram provavelmente um pouco sonolentas ainda, essas mais de 10.000 plantas que se encontram agora sob um sombrite de 15%. Mais do que bem-vindas e bem acolhidas, hospedadas estão as plantas lá, até que sejam plantadas na região, dando mais uma contribuição à reposição de uma das florestas de maior biodiversidade do planeta: a Mata Atlântica.

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